SÍNTESE ECONÔMICA DE MARÇO

SÍNTESE ECONÔMICA DE MARÇO

Brasil: Copom eleva Selic em 75 pontos-base e indica início de normalização parcial

Mundo:  Ata do FOMC reforça perspectiva de manutenção de estímulos

O Banco Central surpreendeu as expectativas do mercado ao elevar a  taxa básica de juros em 75 pontos-base. Em decisão unânime, a autoridade monetária decidiu por aumentar a taxa Selic de 2,00% para 2,75% ao ano. O Banco Central avaliou que o cenário já não prescreve um grau de estímulo extraordinário e decidiu, assim, iniciar um processo de normalização parcial. Os principais motivos para a reavaliação foram o forte crescimento do PIB no quarto trimestre de 2020 e a elevação de expectativas e de projeções de inflação, que atualmente se situam acima da meta estabelecida para o ano de 2021. Para a próxima reunião, o Banco Central indicou um aperto monetário de mesma magnitude. Segundo o comitê, “uma estratégia de ajuste mais célere do grau de estímulo tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta de inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos”. O documento reforça que a incerteza a respeito do cenário econômico segue acima da usual, principalmente em relação aos efeitos sobre a atividade do aumento de restrições de mobilidade em resposta ao crescimento do número de casos de Covid-19 no país. Esperamos que o ciclo de elevação da taxa de juros continue nas próximas reuniões, com a Selic alcançando 5,25% ao final deste ano.

A prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) variou 0,93% na comparação mensal em março. O principal fator para a inflação atual mais pressionada – nos últimos quatro anos, por exemplo, a média desse indicador para março ficou em 0,37% – foi a alta de combustíveis. Itens como gasolina e óleo diesel tiveram forte aceleração nesta leitura, refletindo os recentes reajustes dos preços na refinaria. O etanol, por ser, em geral, um produto substituto aos demais combustíveis, também se elevou. Por outro lado, tivemos alívio modesto na inflação de alimentos, com quedas em produtos in natura e leite. Em termos de núcleos, que são métricas que excluem ou suavizam itens com inflação volátil, a leitura de março mostrou variações em linha com o esperado. De toda forma, a média dos núcleos segue acelerando no acumulado em doze meses, subindo de 3,0% para 3,3% na passagem do mês.

O Índice do Banco Central de atividade (IBC-Br) avançou 1,0% na margem em janeiro. O indicador prévio do PIB registrou alta em linha com a nossa projeção (1,1%), mas acima da mediana do mercado (0,5%). O resultado refletiu a alta da indústria (0,4%) e do volume de serviços (0,6%) no mês, contrabalançada pela queda das vendas no varejo ampliado (-2,1%). Na comparação interanual, o índice teve recuo de 0,5%. O IBC-Br já se situa 0,7% acima do patamar pré-pandemia (média de janeiro e fevereiro de 2020) e o dado de janeiro aponta para crescimento de 1,8% em relação ao último trimestre de 2020. No entanto, os dados de fevereiro e março deverão sofrer o impacto das novas restrições de mobilidade  decorrentes da piora da pandemia.

Nos EUA, o Fed manteve a taxa de juros entre 0% e 0,25% e indicou que a maior parte do comitê enxerga a manutenção da taxa de juros nesse patamar até o final de 2023. Sobre a atividade econômica, o banco central americano reconheceu que, após uma moderação na recuperação no final de 2020, os indicadores mais recentes apresentaram recuperação. Também houve elevação das projeções dos membros do comitê para o crescimento econômico deste ano, o que deve incorporar o novo pacote fiscal recentemente aprovado. Apesar disso, o comitê afirma que ainda há uma grande disparidade de crescimento entre os setores, tendo em vista o impacto adverso assimétrico causado pela pandemia. Sobre a política monetária, o plano segue sendo de manter o patamar atual da taxa de juros e o programa de compra de ativos de US$120 bilhões mensais até que haja um avanço substancial em direção ao alcance das metas de pleno emprego e do objetivo para a inflação. Mas, de acordo com a distribuição de projeções dos membros do comitê, a maioria prevê que esse avanço não se dará antes de 2023, colocando uma perspectiva de postura acomodatícia por um tempo prolongado.

O Banco Central Europeu (BCE) manteve a política de juros e de compra de ativos. O BCE manteve o patamar da taxa de depósito em -0,5%, da taxa de refinanciamento em 0,0% e da taxa de empréstimo em 0,25%. O Programa Pandêmico de Compras Emergenciais (PEPP na sigla em inglês) foi mantido em € 1,85 trilhão em compra de ativos, com horizonte de compras até março de 2022 ou até o BCE julgar que a crise atual tenha se encerrado. Os demais programas de estímulos também não sofreram alteração. A novidade ficou por conta do comprometimento em aumentar as compras de ativos nos próximos meses e favorecer as condições financeiras. Avaliamos que as medidas de restrição terão impacto menor sobre a atividade em relação ao que foi observado na primeira onda. Ainda assim, os estímulos serão mantidos por período prolongado.

A prévia dos índices de confiança (PMI) de março revelou melhora da percepção na Zona do Euro, mas não nos EUA. O PMI Composto prévio da Zona do Euro, que incorpora as expectativas da indústria e dos serviços, atingiu 52,5 pontos em março ante 48,8 em fevereiro, sinalizando uma reversão do sentimento na região (nível acima de 50 pontos indica expansão). A melhora da atividade na região ficou concentrado na indústria, enquanto o setor de serviços segue em contração. Nos EUA, o PMI Composto cedeu de 59,5 pontos em fevereiro para 59,1 pontos em março. Ao contrário da Zona do Euro, o setor de serviços na economia americana aponta expansão, em linha com a melhora da perspectiva de mobilidade com o avanço da vacinação.

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