SÍNTESE ECONÔMICA DE JUNHO

SÍNTESE ECONÔMICA DE JUNHO

BRASIL: PIB cresceu 1,0% no primeiro trimestre do ano, com destaque para serviços

MUNDO: Fed aumenta a taxa de juros básica em 75 pb para 1,75%

 

O PIB do 1º trimestre registrou alta de 1% na comparação com o trimestre anterior. O resultado veio abaixo da nossa projeção (1,5%) e da mediana do mercado (1,2%). Na comparação trimestral, pela ótica da oferta, houve crescimento dos setores de serviços (1,0% em comparação com o trimestre anterior) e da indústria (0,1%). Por sua vez, a agropecuária teve recuo de 0,9% na margem, refletindo os problemas climáticos do trimestre. Pela ótica da demanda, houve crescimento do consumo das famílias (0,7%) e do governo (0,1%). A formação bruta de capital fixo, no entanto, teve recuo expressivo, de 3,5%, impactada pela menor produção e importação de máquinas e equipamentos. O desempenho líquido do setor externo foi positivo, com alta de exportações (5,0%) e queda de importações (-4,6%). Apesar do resultado abaixo do esperado, a abertura do PIB confirmou o maior consumo de bens e serviços pelas famílias. Esse movimento foi beneficiado pela reabertura da economia e sancionado por uma renda disponível maior, mesmo em ambiente de crédito mais moderado (reflexo da política monetária). Além dos reajustes salarias do período, houve utilização de parte da poupança acumulada pelas famílias durante a pandemia. O segundo trimestre deve contar com a liberação de recursos do FGTS e antecipação do 13º de aposentados e pensionistas do INSS, bem como com a normalização completa do setor de serviços, sobretudo administração pública. Nossa projeção para o PIB de 2022 é de 1,9%.

O Banco Central elevou a taxa básica de juros em 50 pb, de 12,75% para 13,25%. O Copom entendeu que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para ao redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano calendário de 2023.  Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os membros reforçaram que o ciclo de aperto da taxa de juros deve contar com mais um aumento de igual ou de menor magnitude na próxima reunião. A ata manteve a preocupação com o ambiente externo, em especial com a inflação elevada e persistente, mas adicionou como preocupação o risco de uma desaceleração da atividade global mais acentuada em função das tensões geopolíticas, aperto da política monetária e piora das condições financeiras. Destacou inclusive as recentes revisões baixistas para o crescimento nesse e no próximo ano. A respeito da inflação, os membros reconheceram que o quadro inflacionário segue mais persistente que o esperado. Acerca da implementação da política monetária, a ata revelou que para desacelerar a inflação para o redor da meta no horizonte relevante, a taxa de juros terminal deverá se encontrar acima do cenário de referência e ser mantida em território significativamente contracionista por um período mais prolongado. Sobre os próximos passos, o Copom antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de igual ou menor magnitude, ressaltando que o atual estágio do ciclo de ajuste e os impactos defasados da política monetária demandam cautela na atuação do Banco Central. Na nossa avaliação, o Banco Central deverá promover altas adicionais de 50 pb da taxa Selic em agosto e 25 pb em setembro, levando a Selic para 14% ao ano no final do ciclo.

Nos EUA, o Fed elevou a taxa de juros básica para o intervalo entre 1,50% e 1,75% ao ano. A respeito do cenário, prevalece a leitura de inflação elevada e com pressão disseminada, refletindo choques de oferta e demanda relacionados à pandemia. Nesse sentido, o Fed menciona que as restrições na China exacerbam o risco de desorganização das cadeias industriais. Os membros também mantiveram a preocupação com a repercussão inflacionária da invasão da Ucrânia pela Rússia. O mercado de trabalho permanece robusto na avaliação dos membros. O comitê adicionou que está “fortemente comprometido” com a meta de inflação de 2% e manteve a sinalização que novos ajustes serão necessários.  Nesse sentido, a perspectiva sobre a trajetória de juros dos membros do Fed sofreu alterações relevantes e indicou que o comitê considera um patamar para a taxa de juros para os anos de 2022, 2023 e 2024 acima da taxa neutra (2,5%). Na entrevista após a reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, corroborou a visão de continuidade do aperto de juros mas afirmou que o ritmo de aumento de 75 pb é anormal, deixando espaço aberto para uma possível redução da alta na próxima reunião para 50 pb. Em linhas gerais, o cenário do Fed é compatível com uma desaceleração da economia para o retorno da inflação para a meta. Diante do quadro de inflação pressionado e mercado de trabalho apertado, sem sinais de arrefecimento no curto prazo, contemplamos nova alta de 75 pb na reunião de julho. Para a taxa terminal, nosso cenário base foi revisado de 4% para 4,5%.

Em linha com a preocupação acerca da trajetória altista da inflação global, a avaliação de vários membros no Banco Central Europeu (BCE) sugere início do aperto monetário para a próxima reunião em julho. O BCE manteve suas principais taxas de juros de referência inalterada, mas sinalizou unanimidade do comitê em aumentar sua taxa de juros em julho e setembro. Hoje as taxas de juros de refinanciamento, liquidez e depósito se encontram em 0%, 0,25% e -0,50%, respectivamente. Além disso, o comunicado anunciou o fim do Programa de Compras de Ativos (APP, na sigla em inglês) ainda em junho. Em paralelo, o Programa Pandêmico de Compras Emergenciais (PEPP, na sigla em inglês) não sofreu nenhuma alteração. Após a divulgação da decisão, a presidente do BCE, Chirstine Lagarde, reforçou a indicação do comunicado de que na reunião de julho a decisão deve ser de uma alta de 25 pb e que, caso ocorra deterioração das expectativas de inflação, seria adequado um ajuste maior na reunião de setembro.

Na China, os dados de atividade de maio ainda refletiram as medidas de restrição. Na comparação interanual, a produção industrial teve avanço de 0,7%, contrariando as expectativas de mercado de recuo de 0,9%. O resultado foi beneficiado pelo menor grau de restrições no mês e teve as maiores contribuições positivas vindas de automóveis e máquinas elétricas. As vendas no varejo tiveram queda de 6,7% na mesma base de comparação, resultado superior ao esperado pelo mercado (-7,1%) e que representa alta na margem, puxada por vendas de veículos e comércio eletrônico. O investimento em ativos fixos (FAI) se expandiu 6,2% no acumulado do ano, ante expectativa de 6,1%. No entanto, os dados do setor imobiliário residencial seguem indicando forte retração de vendas e novas construções na comparação interanual. A taxa de desemprego apresentou melhora na margem, ficando em 5,9% ante 6,1% em abril. De maneira geral, os dados têm refletido o afrouxamento parcial de medidas de restrição nos principais distritos industriais. Os impactos negativos dessas medias sobre a atividade devem ser apenas parcialmente contrabalançados por estímulos governamentais direcionados para o consumo e setor imobiliário, bem como por investimentos em infraestrutura.  

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