SÍNTESE ECONÔMICA DE FEVEREIRO

SÍNTESE ECONÔMICA DE FEVEREIRO

BRASIL: Prévia da inflação cede em fevereiro, mas riscos à frente seguem elevados

MUNDO: Ata do FOMC reforça perspectiva de manutenção de estímulos

No Brasil, o Índice do Banco Central de atividade (IBC-Br) avançou 0,6% na margem em dezembro. O indicador prévio do PIB apresentou crescimento um pouco abaixo da nossa projeção (0,7%) e acima da mediana do mercado (0,4%). O resultado refletiu a alta da indústria (0,9%) e as quedas do comércio (-3,7%) e do setor de serviços (-0,2%) no mês. Na comparação interanual, o índice teve alta de 1,3%. No último trimestre, o índice avançou 3,1% na margem. No ano, o IBC-Br recuou 4,1% e se situa 0,9% abaixo do patamar pré-pandemia (média de janeiro e fevereiro). Com os últimos dados de atividade divulgados, nosso tracking do PIB do 4º trimestre passou para 2,6% na margem. Para 2020, esperamos queda do PIB de 4,2%.

Em termos de inflação, em fevereiro a prévia do índice de preços ao consumidor (IPCA-15) ficou ligeiramente abaixo do esperado. Nessa divulgação, o índice subiu 0,48% na comparação mensal, resultado um pouco aquém da nossa expectativa (0,51%) e da mediana do mercado (0,50%). A abertura entre os grupos mostrou, por um lado, uma inflação de alimentos mais pressionada, com destaque para itens como tomate, leite e frutas. No sentido contrário, a alta do grupo Educação, dada a perspectiva de reajuste de matrículas escolares após a retomada das aulas, foi menor que a prevista. Em termos de núcleos, que são métricas que excluem ou suavizam itens com inflação volátil, a leitura de fevereiro mostrou alguma melhora, em especial das medidas de inflação subjacente acompanhadas pelo Banco Central. Nos últimos 12 meses, a média dos núcleos acumula alta de 3,0%, um nível ainda confortável.

O cenário de médio prazo, contudo, evoluiu desfavoravelmente. Os recentes movimentos de depreciação do câmbio e de alta de preços de commodities impõem uma trajetória menos benéfica para a inflação nos próximos meses. Além disso, há uma incerteza sobre a capacidade da indústria de suprir a demanda aquecida por bens, em um cenário de baixos estoques, elevação de custos de produção e perspectiva de novos incentivos ao consumo por parte do governo. Tendo em vista esses fatores, elevamos nossa projeção do IPCA de 2021 de 3,6% para 4,0%.

 Nos EUA, o Fed divulgou a ata da reunião de janeiro, que reforçou a necessidade de manutenção dos estímulos. Em sua última reunião, o Fed manteve a taxa de juros no intervalo de 0% a 0,25% e o pacote mensal de US$ 120 bilhões em compra de ativos. Os membros reforçaram que o cenário ainda depende da evolução da pandemia, enquanto as metas de inflação e emprego estão distantes de serem atingidas. Para o FOMC, a perspectiva de novo impulso fiscal reforça o cenário de recuperação. Os membros ressaltam, no entanto, que o avanço da vacinação é essencial para a materialização do aumento da demanda. Sobre o mercado de trabalho, apesar da desaceleração recente da criação de vagas, a expectativa é de continuidade da retomada do emprego. A respeito da inflação, o FOMC reconhece que nos próximos meses as leituras serão pressionadas por efeitos pontuais, afastando qualquer necessidade de reação da política monetária. Sobre possíveis próximos passos, os membros reafirmaram a necessidade de manutenção dos estímulos, devendo levar “algum tempo” para a discussão da possibilidade de redução dos estímulos ser introduzida no comitê. Diante de toda a incerteza oriunda da dinâmica do vírus, da vacina e do impacto sobre o mercado de trabalho, avaliamos que os estímulos permanecerão por um período prolongado.

A prévia dos índices de confiança (PMI) de fevereiro revela continuidade da contração na Zona do Euro e manutenção da expansão nos EUA. O PMI Composto prévio da Zona do Euro, que incorpora as expectativas da indústria e dos serviços atingiu 48,1 pontos em fevereiro ante 47,8 em janeiro, sinalizando continuidade da contração da economia (nível abaixo de 50 pontos indica contração). A piora da atividade na região tem se concentrado no setor de serviços, afetado por novas medidas de restrição. O setor teve nova queda no período, de 45,4 para 44,7 pontos. Já nos EUA, o PMI Composto avançou de 58,7 pontos em janeiro para 58,8 pontos em fevereiro, com destaque para a melhora do setor de serviços. Ainda com incerteza quanto à contenção da pandemia e a velocidade de recuperação do mercado de trabalho, os estímulos fiscais e monetários deverão permanecer em ambas as regiões.

Na China, destaque para a inflação ao consumidor (CPI) que apresentou deflação em janeiro. No mês, a taxa acumulada em doze meses foi de -0,3%, ante 0,2% em dezembro. Na mesma direção, a núcleo da inflação (exclui itens voláteis) recuou de 0,4% para -0,3% em termos anuais, com destaque para o enfraquecimento mais intenso da inflação de serviços, cuja variação foi de -0,7%. Os números ficaram abaixo da expectativa do mercado. Além da dissipação de choques e normalização de preços dos produtos in natura, a leitura do mês também contou com o efeito de algumas medidas de restrição à mobilidade, que afetam a dinâmica da atividade no setor de serviços. A inflação ao produtor (PPI), por sua vez, acelerou de -0,4% em dezembro para 0,3% em janeiro, pressionada pela alta nos preços das commodities. O cenário benigno de inflação prescreve uma retirada gradual das medidas expansionistas adotadas desde o início do ano passado no país.

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