NOSSA VISÃO CREDITO E MERCADO

NOSSA VISÃO 31/08/2020

RETROSPECTIVA
Continua-se em destaque toda a discussão em relação as diretrizes fiscais do governo, a atual equipe econômica tinha a pretensão de encaminhar um pacote abrangente e ambicioso de medidas e reformas, incluindo o programa renda mínima, mas logo foi rejeitado pelo presidente, que não quer que haja remanejamentos que afetem outros programas já em execução.
Agora a equipe econômica precisa remodelar o programa, que será conhecido como Renda Brasil, e adequar a sua proposta, respeitando assuntos importantes que ainda estão em pauta, como o teto de gastos para 2021, o valor para o auxilio e o mais importante, encontrar outras fontes para redirecionar ao programa, contanto que não afete os programas de auxílios já ativos.
Dentro das definições do governo, o mercado segue volátil, sem uma tendência definida, esperando por definições governamentais, aguardando um horizonte mais claro para se impor com postura mais ofensiva.
Nos Estados Unidos, cria-se um otimismo maior após declarações do presidente do Federal Reserve (Banco Central americano), Jerome Powell, sobre as medidas que serão adotadas para a recuperação da economia americana.
Tocando no ponto mais vigiado pelos bancos centrais globais, a inflação, o Fed alterou a regra e se comprometeu a deixar as taxas de juros congeladas no longo prazo, trabalhando de agora em diante com um objetivo de inflação média, ou seja, ao invés de trabalhar com um ponto único como meta, o Fed quer poder compensar a inflação em períodos.
Ainda por lá, os dados econômicos, como a renda pessoal dos americanos e as vendas externas, também pesaram. Por fim, o ouro sustentou a alta e o índice de dólar recuou. O preço do petróleo ficou em linha, com as petroleiras do Texas voltando para as atividades depois da passagem do furacão Laura.
Com isso, os investidores partiram para as compras e os índices S&P e Nasdaq se destacaram mais uma semana. O Dow Jones se recuperou apenas ao final da semana.
No fechamento da semana, O Dow Jones ficou em alta de 0,57% aos 28.653 pontos. O S&P ficou em alta de 0,67% a 3.508 pontos. O Nasdaq ficou em alta de 0,60% aos 11.695 pontos. Na semana, o Dow subiu 2,6%; o S&P 500 subiu 3,3%; e o Nasdaq subiu 3,4%.
Na Europa, os investidores seguem com o que pode ser considerado o título para esse ano de 2020 nos mercados, aversão ao risco, a bolsa de valores por lá esfriou bastante e os olhares se apontaram para as declarações do Federal Reserve, e a sua nova metodologia com a inflação.
Ao final da semana o índice Stoxx Europe 600 ficou em queda de 0,52% aos 368.80 pontos em Londres; o FTSE-100 (Londres) ficou em queda de 0,61% aos 5.963 pontos; o DAX -30 (Frankfurt) ficou em queda de 0,48% aos 13.033 pontos; o CAC 40 (Paris) ficou em queda de 0,26% a 5.002 pontos; o FTSE-MIB (Milão) ficou estável aos 19.841 pontos; o Ibex 35 (Madri) ficou em alta de 0,60% a 7.133 pontos; e o PSI-20 (Lisboa) ficou em queda de 0,65% a 4.342 pontos.

Na Ásia, onde a recuperação se iniciou antes do resto do mundo, as bolsas continuam registrando altas, mostrando a acelerada recuperação por lá, exceto o Japão, onde o ministro primeiro-ministro Shinzo Abe, renunciou ao cargo por motivos de saúde. Abe estava no poder desde 2012 e deveria seguir até 2021, sendo o principal motivo pela forte queda dos mercados por lá.
Ao final da semana, O índice Hang Seng, bolsa de Hong Kong, ficou em alta de 0,56% aos 25.422. O índice Xangai, China, ficou em alta de 1,60% aos 3.403. O índice Shenzhen Composite ficou em alta de 1,97% a 2.350 e o ChiNext ficou em alta de 2,46%. O índice Nikkei 225, bolsa de Tóquio, ficou em queda de 1,41% aos 22.882.
Por aqui, o Ibovespa recuperou as perdas da semana em 0,61% e sustentou a alta na sessão. O foco ficou no Federal Reserve e no cenário político, com as expectativas elevadas para o anúncio do valor do auxílio emergencial, bem como para os rumos do Renda Brasil.
O Ibovespa fechou semana em alta, o ganho foi de 0,61%. O volume financeiro, em leilão encerrado há pouco, ficou em R$23,41 bilhões.

RELATÓRIO FOCUS

Entre as projeções do mercado financeiro, as expectativas para o desempenho da economia brasileira foram revisadas para cima, pela nona semana consecutiva, e agora é esperada uma queda de 5,28% para o PIB este ano, ante estimativa anterior de queda de 5,46%.
De acordo com o último relatório Focus divulgado pelo Banco Central do Brasil, a expectativa é de que, após a grave crise provocado pela pandemia de coronavírus, a atividade brasileira cresça 3,50% em 2021.
Com relação à taxa básica de juros (Selic), as projeções referentes a dezembro de 2021 foram cortadas, de 3,00% para 2,88% ao ano, mas mantida em 2,00% ao ano ao fim deste ano.
A Selic, que serve de referência para os demais juros da economia, é a taxa média cobrada nas negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).
Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e principalmente o consumo. Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é desacelerar e conter a demanda, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Houve ainda alteração na projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano, com elevação de 1,71% para 1,77%, porem ainda se mantem a expectativa em 3,00% para 2021.
Por fim, no câmbio, o mercado financeiro vê o dólar a R$ 5,25 este ano (ante R$ 5,20 no Focus anterior), com a moeda americana encerrando o próximo ano cotada a R$ 5,00, sem alterações.

PERSPECTIVA

Nesta segunda feira (31) o Ibovespa apresenta queda, podendo testar novamente a barreira dos 100 mil pontos. Até aqui, mostrando perda de 0,75% no acumulado do mês. Na semana passada, o Ibovespa encerrou com valorização de 0,61% e índice em 102.142 pontos, com o dólar em contração de 3,42% e cotado a R$ 5,415, enquanto o Dow Jones observou alta de 2,58% e o Nasdaq com +3,39, e junto do S&P estabelecendo novos recordes históricos de pontuação.
O Boletim Focus veio com poucas mudanças em relação ao relatório anterior, revisões pequenas em relação a expectativa de juros e sobre a inflação. Entretanto, o foco ainda fica por conta dos aspectos políticos.
As atenções recaem sobre a entrega do Orçamento de 2021. Em meio a divergências sobre o programa de auxílio, o Renda Brasil, que provavelmente substituir o Bolsa Família, porem existe uma expectativa de que o programa fique de fora da proposta.
Isso porque o ministro da Economia, Paulo Guedes, precisa de mais tempo para encontrar espaço para acomodar o novo gasto dentro do teto, que limita o avanço das despesas à inflação.
Nos Estados Unidos, vemos que a medida tomada pelo Fed, tem tido efeito sobre todos os mercados em âmbito global, gerando um otimismo aos agentes, esperamos que a medida seja um sucesso e possa desencadear uma tendência com reflexos no Brasil.
No mercado asiático, o assunto gira em torno do sucessor de Shinzo Abe, o ex-primeiro-ministro do Japão, a sua saída abre um vácuo de poder no Japão, pois ainda não se sabe quem será o seu sucessor e se ele poderá manter a estabilidade no país.
Europa operando em hoje ainda sob os efeitos da decisão do FED americano de trabalhar com inflação média, o que pode significar juros baixos por um bom tempo, estimulando assim o investimento por parte dos agentes de mercado, podendo proporcionar um horizonte mais claro e seguro.
A agenda da semana está lotada de eventos que vão mexer com os mercados, incluindo a divulgação do Payroll na próxima sexta-feira. Hoje as expectativas recaem sobre a nova pesquisa semanal Focus e a nota de política monetária de julho, e nos EUA, discursos de Bostic e Clarida, membros do Fed.
A preocupação com o limite dos gastos públicos ainda é pauta, porem a divulgação sairá em breve e já poderemos finalizar essa discussão e iniciar novas sobre os efeitos da medida tomada.
Um possível afrouxamento dos gastos, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento na taxa de juros e isso não seria bom para o estado da economia atual.
O mais recomendado para o atual momento é a cautela ao assumir posições mais arriscadas no curto prazo, a volatilidade nos mercados deve se mantem sem ainda a desenhar um horizonte claro, em razão principalmente pelo nosso cenário político.
Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Os demais recursos mantenham-nos em “quarentena” esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui