ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL:   Prévia da inflação ao consumidor de agosto mostra cenário benigno de preços

MUNDO:  Fed sinaliza que taxa de juros permanecerá baixa por período prolongado

A prévia da inflação ao consumidor  (IPCA-15) de agosto apresentou resultado em linha com o esperado.  No mês, o índice variou 0,23%, vindo de 0,3% na leitura de julho.  Entre os grupos, as maiores surpresas altistas foram em comunicação (+ 0,86%), e saúde e cuidados pessoais (+0,62%). Por sua vez, o grupo alimentação contou com inflação abaixo da esperada (0,34%), puxada principalmente por carnes (3,06%). A desaceleração do índice na margem decorreu do grupo educação (-3,27%), que incorporou os descontos concedidos pelas escolas nas mensalidades durante a pandemia, e transportes (0,75%), com recuo do item combustíveis. A média dos núcleos de inflação (exclui itens voláteis) registrou alta de 0,14% no mês e de 2,0% em 12 meses. Em linhas gerais, o cenário de preços segue benigno, ainda que a alta de preços no atacado deva seguir pressionando o grupo alimentação nos próximos meses. Da mesma forma, a retomada da demanda de forma mais robusta pode trazer alguma pressão adicional, porém os repasses devem continuar limitados. Nossa projeção para 2020 segue em 1,7%, abaixo do piso da meta do Banco Central (2,5%).

O governo central registrou déficit primário de R$ 87,8 bilhões em julho. O resultado foi superior às expectativas de mercado (R$ 97,6 bilhões) e próximo a nossa projeção (R$ 89,0 bilhões). Houve melhora em relação ao déficit de R$ 194,9 bilhões de junho. O menor déficit refletiu a redução de despesas para conter os impactos da pandemia, a queda dos diferimentos e o melhor resultado da atividade econômica do mês de junho. Para o  resultado primário consolidado de julho (inclui governos regionais e empresas estatais), que será divulgado na próxima segunda-feira, esperamos déficit de R$ 84,7 bilhões.

O saldo em conta corrente registrou superávit de US$ 1,7 bilhão em julho. O resultado foi superior ao déficit de R$ 9,8 bilhões registrado em igual mês de 2019 e representa o quarto superávit consecutivo. A melhora se deu tanto pelo maior saldo comercial como pela redução do déficit de renda (principalmente remessas de lucros e dividendos) e serviços (viagens). O saldo comercial no mês alcançou US$ 7,4 bilhões, ante US$1,7 bi em julho de 2019, com queda de 2,6% das exportações e de 33,7% do total de importações. Com esses resultados, o déficit somou 2,0% do PIB em doze meses. Quanto ao fluxo financeiro, os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 2,7 bilhões, acumulando entrada de US$ 62,6 bilhões em 12 meses. O fluxo de investimento em portfólio no mercado doméstico foi positivo em US$ 0,9 bilhão, ante US$ 5,0 bilhões em julho de 2019. Avaliamos que, com o aumento das exportações e a redução dos efeitos da pandemia, o déficit acumulado em conta corrente deverá continuar em trajetória de queda nos próximos meses.

Crédito acelera em julho e chega a 51,1% do PIB. Segundo nota do Banco Central, o  saldo de crédito acelerou de 9,9% em junho para 11,3% em julho, na comparação anual. O crescimento do volume total  é agora dominado pelo crédito às empresas, que acelerou de 11,8% para 15,0%, puxado pelo crédito livre (26,1%), com destaque para capital de giro. O crescimento do crédito à pessoa física se manteve em 8,5% na mesma métrica, com destaque para crédito pessoal. A concessão de crédito no mês, já considerado o ajuste sazonal, teve elevação tanto para famílias, por conta do crédito consignado e de cartão de crédito, como para as empresas. Ainda assim, o patamar de concessões segue 13,2% abaixo do pré-crise para famílias e 4,4% para empresas.  Por fim, a inadimplência recuou de 2,9% para 2,7%. Os dados de julho são positivos, sem sinais de elevação da inadimplência, aumento de concessões de crédito emergencial ou renegociação de dívidas.

Dados da Pnad Covid apontam deterioração do mercado de trabalho na primeira semana de agosto. De acordo com a pesquisa, apesar do pequeno crescimento da população ocupada em relação a julho (0,1%), a taxa de desemprego se elevou 0,3 p.p. na mesma base de comparação (para 13,3%), devido à elevação das pessoas buscando emprego. A taxa de desemprego ajustada, que considera aqueles que deixaram de buscar emprego por causa da pandemia, atingiu 24,2% na semana. O percentual de pessoas afastadas de seu trabalho devido ao distanciamento social recuou de 8,3% na média de julho para 5,7% no início de agosto.  Por fim, o percentual de trabalhadores na informalidade atingiu 34,2%, ante 33,6% na média de julho.

Powell anuncia a revisão do arcabouço de política monetária, permitindo que a inflação supere 2% por algum tempo, sem a necessidade de reação pelo Fed. Durante o simpósio anual de Jackson Hole, o presidente do Fed, Jerome Powell, anunciou alterações na condução da política monetária, em especial no que diz ao alcance das metas de inflação e emprego. No caso da inflação, o Fed adotará a média da variação dos preços como métrica de alcance da meta de 2%. Na prática, o Fed permitirá que a inflação supere 2% em alguns períodos, de modo a compensar os períodos abaixo da meta, como o atual. No que concerne ao emprego, o Fed perseguirá a maximização da criação de empregos, ao invés de se guiar exclusivamente pelo desvio da taxa de desemprego em relação à taxa de equilíbrio. Com essas mudanças, o Fed pretende potencializar a política monetária expansionista, sinalizando que a taxa de juros permanecerá próxima de zero por um período prolongado.

Na Alemanha, o Índice de confiança (Ifo) das empresas superou a expectativa em agosto. O indicador composto avançou de 90,4 pontos em julho para 92,6 pontos em agosto, o que representou o quarto mês consecutivo de alta, superando as expectativas do mercado. A composição do indicador contou tanto com a melhora da avaliação da situação corrente e futura, com também a recuperação se mostrou difusa entre os setores da indústria, serviços e construção. O PIB da Alemanha deverá contrair em torno de 6% nesse ano.

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