SÍNTESE ECONÔMICA DE AGOSTO

Brasil: Copom reduz Selic e sinaliza mantê-la em 2% a.a por período prolongado

Mundo: Fed anuncia alterações na condução da política monetária

 O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic em 0,25 p.p, com a indicação que a taxa de juros deve ser mantida próxima do patamar atual por período prolongado. Em decisão unânime, a Selic passou de 2,25% para 2,00% a.a., corte em linha com a expectativa de mercado e a nossa projeção. No comunicado, o Comitê ressalta que a pandemia causada pelo Covid-19 continua provocando a maior retração global desde a Grande Depressão. O Copom também destacou que a economia brasileira demonstra sinais de recuperação parcial, porém não de forma homogênea entre os setores.

A respeito do balanço de riscos para a inflação, o BC ressalta que permanecem riscos em ambas as direções. De um lado, a pandemia acarreta aumento de incerteza e maior poupança precaucional, e com isso, potencial redução da demanda ainda maior e mais prolongada do que a estimada. Por outro lado, medidas fiscais em resposta à pandemia que gerem deterioração da trajetória fiscal de forma prolongada, aliadas à incerteza sobre a continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco. Além disso, as políticas de recomposição da renda e estímulo creditício podem fazer com que a queda da demanda agregada seja menor que a esperada.

Para o Banco Central, esse cenário continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que o espaço remanescente de política monetária, se houver, deve ser pequeno. Com isso em consideração o Copom introduziu a “forward guidance” de que a Selic deve permanecer onde está até a expectativa de inflação estar próxima da meta no horizonte relevante da política monetária (2021 e, em menor grau, 2022). Avaliamos que a Selic deve permanecer nesse patamar até pelo menos o 2° semestre de 2021.

Em termos de dados econômicos, a inflação segue em patamar baixo e a atividade em trajetória de recuperação. A prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) de agosto avançou 0,23%, acumulando alta de 2,3% em 12 meses. A média dos núcleos de inflação (exclui itens voláteis) registrou alta de 0,14% no mês e de 2,0% em 12 meses. Em linhas gerais, o cenário de preços segue benigno. Nossa projeção para 2020 segue em 1,7%, abaixo do piso da meta do Banco Central (2,5%). O Índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 4,9% em junho. O indicador prévio do PIB apresentou crescimento, refletindo as altas da indústria (8,9%), do comércio (12,6%) e do setor de serviços (5,0%) no mês. Na comparação interanual, o índice recuou 7,1%.  Os números são compatíveis com a nossa expectativa de queda de 5,2% do PIB nesse ano.

Powell anuncia a revisão do arcabouço de política monetária, permitindo que a inflação supere 2% por algum tempo, sem a necessidade de reação pelo Fed. Durante o simpósio anual de Jackson Hole, o presidente do Fed, Jerome Powell, anunciou alterações na condução da política monetária, em especial no que diz ao alcance das metas de inflação e emprego. No caso da inflação, o Fed adotará a média da variação dos preços como métrica de alcance da meta de 2%. Na prática, o Fed permitirá que a inflação supere 2% em alguns períodos, de modo a compensar os períodos abaixo da meta, como o atual. No que concerne ao emprego, o Fed perseguirá a maximização da criação de empregos, ao invés de se guiar exclusivamente pelo desvio da taxa de desemprego em relação à taxa de equilíbrio. Com essas mudanças, o Fed pretende potencializar a política monetária expansionista, sinalizando que a taxa de juros permanecerá próxima de zero por um período prolongado.

Índices de confiança da Zona do Euro e EUA avançam em julho e já superam patamar pré-crise. O PMI composto (serviços e indústria) da Zona do Euro atingiu 54,9 pontos em julho ante 48,5 em junho (abaixo de 50 pontos indica contração). Enquanto isso, o PMI composto dos EUA aumentou para 50,3 pontos em julho, ante 47,9 em junho. O índice dos EUA foi o melhor desde janeiro e o indicador da Zona do Euro chegou ao seu maior valor desde julho de 2018. A continuidade na melhora da confiança segue dependendo da evolução da pandemia e da reabertura nos países, e especialmente da recuperação do mercado de trabalho. Os índices são compatíveis com uma recuperação da atividade no 2° semestre, porém ainda condizente com queda de 3% do PIB Global em 2020.  

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