NOSSA VISÃO CREDITO E MERCADO

NOSSA VISÃO 17/08

RETROSPECTIVA

A semana foi marcada pelo setor de construção civil, que pressiona o Congresso para derrubar o veto à desoneração da folha de pagamentos, a debandada no Ministério da Economia, e os resultados dos indicadores de varejo.
Ainda sobre as situações atípicas de mercado, advindas da pandemia do novo corona vírus, a esperança está no desenvolvimento de uma vacina que seja segura e eficaz. Há mais de 150 vacinas em desenvolvimento, sendo que 24 delas estão em fase de testes clínicos. No Brasil está sendo testada aquela considerada pela Organização Mundial da Saúde – OMS como a mais avançada, desenvolvida pela Universidade Oxford, no Reino Unido.
Em âmbito global, Estados Unidos e China remarcaram uma reunião que teria como principal propósito, a discussão da primeira fase de um acordo comercial, mostrando que a tensão entre as duas maiores economias do mundo deve continuar.
Nos Estados Unidos, os consumidores gastaram menos do que as projeções indicavam, podendo ser explicada pela esfriada do setor de varejo após a bom desempenho no mês anterior, enquanto os esforços para reabrir a economia se estagnam.
Considerado um termômetro para uma economia que obtém dois terços de sua atividade dos consumidores, as vendas no varejo registraram um aumento de 8,4% em junho que incluiu grandes ganhos nas vendas de móveis e eletrodomésticos.
Uma nova pesquisa realizada na Universidade de Michigan, mostrou que os americanos não estão se sentindo melhor nesse mês de agosto, comparado ao mês passado, em relação a economia do país e sobre a própria situação financeira em que se encontram, refletindo grandes preocupações sobre a Covid-19 ainda em propagação e a probabilidade de uma recuperação mais lenta da economia.
Na Europa, a Eurostat, organização estatística da Comissão Europeia, indicou que ainda marcado por medidas de contenção COVID-19 na maioria dos Estados-Membros, o PIB corrigido pela sazonalidade diminuiu 12,1% na Zona do Euro e 11,7% na União Europeia, isso em comparação com o trimestre anterior, caracterizando o pior resultado desde o início da série cronológica, iniciada em 1995.
O avanço de casos da Covid-19 em alguns países da Europa, ocasionando restrições de viagens, também está no radar dos investidores, que avaliam o impacto dessas medidas na retomada da economia.
Na Ásia, as bolsas da região fecharam sem direção. O Japão e a China apresentaram dados econômicos positivos, mas o radar do investidor asiático ficou mesmo nos Estados Unidos e na China, com a retomada das negociações comerciais.
Na China, a economia segue dando sinais de recuperação, porém, de forma mais lenta que o esperado. Os dados divulgados pelo Departamento Nacional de Estatísticas revelaram que as vendas no varejo caíram 1,1% em julho em relação ao ano anterior. Em junho, a queda foi de 1,8% e 2,8% em maio.
Por aqui, o investidor doméstico ficou atento aos ruídos políticos e também na debandada no Ministério da Economia, a discussão entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e ministros que querem flexibilizar a regra do teto de gastos, segue sem vencedores. A discussão gira em torno do respeito ao teto de gastos, regra que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior. Parte dos ministros do governo querem incluir obras públicas no chamado “Orçamento de Guerra”. Esse orçamento foi criado com recursos extraordinários para garantir ações de combate à Covid-19.

RELATÓRIO FOCUS

Com a economia extremamente impactada pelo coronavírus, o mercado financeiro vê um menor espaço para a alta da taxa básica de juros em 2021, a nova revisão, prevê a taxa de 3,00% para 2,75% ao ano em dezembro do ano que vem. Demonstrado no relatório Focus publicado nessa segunda feira (17).
Para 2022, a estimativa para a taxa Selic também foi reduzida, de 4,90% para 4,75% ao ano. Já para este ano, os economistas consultados pelo BC estimam que os juros permaneçam no atual patamar, de 2,00% ao ano.
Em relação ao desempenho da economia brasileira, as projeções também foram revisadas para cima, pela sétima semana consecutiva, e agora a expectativa é de uma queda de 5,52% do PIB este ano.
Na semana anterior, a estimativa era de retração de 5,62%, já menor que a retração de 6,54% esperada em junho.
De acordo com o Focus, passados os fortes impactos da pandemia de coronavírus, a atividade brasileira deverá crescer 3,50% em 2021, a projeção segue sem alterações em relação ao relatório anterior.
Houve alta na projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2020, de 1,63% para 1,67%. As projeções para o indicador em 2021, contudo, foram mantidas em 3,00%.
No câmbio, não houve alterações no levantamento desta semana: a expectativa é de que o dólar encerre este ano a R$ 5,20 e o próximo, em R$ 5,00.

PERSPECTIVA
A bolsa de valores de São Paulo opera em queda nesta segunda-feira, com o investidor monitorando o aumento de novos casos da COVID-19 pelo mundo, bem como o impasse na liberação do pacote de estímulo nos Estados Unidos e a ultrapassagem do teto dos gastos públicos.
O Boletim Focus veio com poucas mudanças em relação ao relatório anterior. Entretanto, os ruídos de uma possível saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, do governo seguem no radar. Porém, o ministro reafirmou neste domingo que só deixará o cargo se for demitido pelo presidente Bolsonaro.
A preocupação com o limite dos gastos públicos hoje é um fato, caso isso aconteça, além de gerar desconfiança dos investidores estrangeiros, geraria um aumento na taxa de juros e isso não seria bom para o estado da economia atual.
Situação que o Brasil vem tentando evitar ao longo dos últimos anos, reconquistar os investidores estrangeiros, a partir de um quadro fiscal melhor elaborado, uma agenda de reformas estruturais, que ocasionalmente levaria o Brasil a um controle maior sobre as receitas e gastos governamentais.

Na semana passada o Ibovespa ficou em queda de 1,38%. O volume financeiro ficou em R$28,83 bilhões, e segue nessa semana sem um horizonte claro, temendo atitudes do governo que são contrarias as ambições do mercado, e de olho no cenário externo, puxado pelas tensões criadas pelo EUA e CHINA.

Nos EUA, o Dow Jones segue em queda nessa segunda feira, de 0,16% aos 27.886 pontos; o S&P segue em alta de 0,40% aos 3.385 pontos; e o Nasdaq segue em alta de 1% aos 11.277 pontos.
A bolsa de Nova York segue operando com cautela, com o Dow Jones ainda sem força para voltar. Os congressistas ainda não se decidiram sobre os estímulos para ajudar os americanos desempregados e as empresas afetadas pela pandemia. Os Estados Unidos relataram pouco mais de 42 mil novos casos da COVID-19 neste domingo (16), uma queda acentuada em relação ao total de sexta-feira de mais de 64 mil, de acordo com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.
As bolsas de ações europeias dão sinais instáveis com os investidores atentos ao aumento de casos de coronavírus no continente e em todo o mundo. Vale lembrar que na sexta-feira (14), o Reino Unido incluiu a França e a Holanda na lista de países que devem cumprir quarentena antes da permissão para a entrada de cidadãos.
A França e a Espanha estão enfrentando nova onda de infecções pelo vírus à medida que o verão avança. A Espanha impôs novas restrições no fim de semana, fechando boates e limitando o fumo em público em uma tentativa de reverter os aumentos de casos. A agenda da região está vazia e as moedas operam com ganhos. O euro estava em alta de 0,24% a US$1.1870 e a libra em 0,09% a US$1.3095.

As bolsas asiáticas ficaram sem um claro direcionamento nesta segunda-feira, com os investidores atentos aos números da economia japonesa, embora em outros mercados da região os índices subiram com expectativas para as decisões dos bancos centrais da China, Indonésia e Filipinas. A queda trimestral do PIB foi de 7,8%, considerando que a economia do Japão já estava com crescimentos decrescentes quando entrou em recessão no ano passado.
No ano, o PIB contraiu na máxima em 40 anos, menos 27,8%, em relação ao trimestre anterior em termos reais. Os dados são do Gabinete do Governo. Na China, o Banco do Povo injetou US$101 bilhões na economia para aumentar a liquidez, que deve provocar um otimismo no mercado de commodities.

Mantemos nossa recomendação de adotar cautela nos investimentos e acompanhamento diário dos mercados e estratégias. Mantemos a sugestão para que os recursos necessários para fazer frente às despesas correntes sejam resgatados dos investimentos menos voláteis (CDI, IRF-M1, IDkA IPCA 2A). Os demais recursos mantenham-nos em “quarentena” esperando um melhor momento para realocar. Tomar decisões precipitadas enseja realizar uma perda decorrente da desvalorização dos investimentos sem possibilidades de recuperação na retomada dos mercados. Para aqueles que enxergam uma oportunidade de investir recursos a preços mais baratos, municie-se das informações necessárias para subsidiar a tomada da decisão.

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