ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: Copom elevou a taxa de juros para 13,25%, indicando nova alta em agosto

MUNDO: Fed aumenta a taxa de juros básica em 75 pb para 1,75%

 

A semana foi marcada pelas decisões de política monetária por vários bancos centrais. O Fed voltou a acelerar o passo de ajuste e elevou a taxa básica em 75 pb. A decisão representou um desvio da indicação anterior do banco central norte-americano de prováveis passos de 50 pb, motivada pela divulgação dos últimos dados de inflação e pela deterioração das expectativas de inflação. Ainda no ambiente internacional, outros importantes banco centrais também realizaram ajustes de política monetária, como foram os casos do Banco Central da Inglaterra, com aumento de 25 pb e indicação de novas altas, e da Suíça, que fez o primeiro aumento de juros desde 2007, elevando a taxa de juros básicas em 50 pb. O Banco Central do Japão, permaneceu como uma exceção ao movimento global ao decidir manter inalterada a política monetária em posição ultra expansionista. No Brasil, a decisão do Copom seguiu as expectativas de mercado com aumento de 50 pb, elevando a Selic para 13,25%. A sinalização para a próxima reunião é de novo aumento, de 50 ou 25 pb, o que aponta para a proximidade do encerramento do ciclo de ajuste da taxa de juros.

O Banco Central elevou a taxa básica de juros em 50 pb, de 12,75% para 13,25%. O Copom entendeu que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para ao redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano calendário de 2023. De acordo com o comunicado, o Banco Central avalia que o ambiente externo seguiu se deteriorando, com revisões negativas para o crescimento global e pressões inflacionárias persistentes. No quadro doméstico, a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente, ao passo que os indicadores de atividade econômica indicam crescimento acima da expectativa do Comitê. No balanço de riscos, o Copom manteve seus fatores de risco em ambas as direções. Ainda, o Comitê incluiu uma avaliação sobre as medidas tributárias em tramitação, as quais reduziriam sensivelmente a inflação no ano corrente, mas elevariam, em menor magnitude, a inflação para o próximo ano.

As projeções do Copom situam-se acima das metas em 2022 (3,5%) e 2023 (3,25%). Considerando o cenário de referência extraído da pesquisa Focus, além das premissas de preço do petróleo seguindo a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e de bandeira tarifária amarela para dezembro em 2022, 2023 e 2024, as projeções do Copom subiram para 8,8% (ante 7,3% na reunião anterior) e 4,0% (ante 3,4% anteriormente) para 2022 e 2023, respectivamente. Cabe destacar que as projeções do cenário de referência ainda não incorporam o impacto das medidas tributárias em tramitação. O comunicado também destaca que a incerteza em torno de suas premissas e projeções está acima do usual. Outra novidade no comunicado foi a inclusão da projeção para 2024, que se encontra em 2,7%, abaixo da meta de 3%. Tradicionalmente, o Banco Central apresentava projeção para dois anos à frente apenas a partir do terceiro trimestre do ano corrente. Com isso, ao antecipar a inclusão da projeção que está abaixo da meta, junto ao diagnóstico de convergência para ao redor da meta de 2023, o Copom parece sinalizar que está próximo do final do ciclo de ajuste.

Sobre os próximos passos, o Copom antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de igual ou menor magnitude, ressaltando que o atual estágio do ciclo de ajuste e os impactos defasados da política monetária demandam cautela na atuação do Banco Central. Na nossa avaliação, o Banco Central deverá promover uma alta adicional de 50 pb da taxa Selic em agosto, levando a Selic para 13,75% no final do ciclo.

O volume total de serviços teve avanço de 0,2% na margem em abril. Na comparação anual, a variação foi de 9,4%, abaixo de nossa projeção (10,1%) e da mediana das expectativas de mercado (10,5%). Com isso, o volume total de serviços passou a se situar 7,1% acima do nível pré-crise. O dado de abril representa alta de 1,1% em relação à média do primeiro trimestre de 2022. Apenas dois setores tiveram crescimento. A maior contribuição positiva foi proveniente de serviços de informação e comunicação (0,7% na margem), que passaram a se situar 10,1% acima do nível pré-crise. A seguir, serviços prestados às famílias tiveram alta de 1,9% no mês. O setor, que abrange alojamento e alimentação, foi beneficiado pela maior mobilidade e maior massa de renda no mês, embora ainda se situe 9,5% abaixo do nível pré-crise. Surpreenderam negativamente os serviços de transporte (-1,7%), puxados por transporte aéreo e armazenagem e correios. Este último, assim como serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,6%), foi influenciado pelo fraco desempenho da indústria no mês. Por fim, outros serviços, setor que contempla entre outros serviços financeiros e seguros, teve recuo de 1,6%. Em linhas gerais, o resultado reflete desempenho moderado do setor e foi puxado pelas modalidades relacionadas às famílias. Esses devem continuar beneficiados nos próximos meses pelo rebalanceamento do consumo de bens e serviços (alojamento e alimentação permanecem bem abaixo do pré-crise), mas serviços às empresas já mostram sinais de fraqueza.

Nos EUA, o Fed elevou a taxa de juros básica para o intervalo entre 1,50% e 1,75% ao ano. A respeito do cenário, prevalece a leitura de inflação elevada e com pressão disseminada, refletindo choques de oferta e demanda relacionados à pandemia. Nesse sentido, o Fed menciona que as restrições na China exacerbam o risco de desorganização das cadeias industriais. Os membros também mantiveram a preocupação com a repercussão inflacionária da invasão da Ucrânia pela Rússia. O mercado de trabalho permanece robusto na avaliação dos membros. O comitê adicionou que está “fortemente comprometido” com a meta de inflação de 2% e manteve a sinalização que novos ajustes serão necessários.

Em relação às projeções, houve elevação da trajetória para a inflação e taxa de juros e piora das expectativas para a taxa de desemprego. Para 2022, a projeção para o núcleo de inflação subiu de 4,1% em março para 4,3%, enquanto para 2023 a projeção subiu de 2,6% para 2,7%. No mercado de trabalho, a projeção para a taxa de desemprego foi elevada de 3,5% para 3,7% em 2022, e de 3,5% para 3,9% em 2023, acompanhando a piora nas expectativas de crescimento do PIB.  Por fim, a perspectiva sobre a trajetória de juros dos membros do Fed sofreu alterações relevantes. A mediana dos votos indicou taxa de juros básica em 3,4% ao final de 2022 e 3,8% em 2023, recuando para 3,4% em 2024. Vale destacar que isso sinaliza que o Fed considera um aperto de juros acima da taxa neutra (2,5%). Nas projeções de março, a mediana da taxa de juros apontava 1,9% em 2022, 2,8% em 2023 e 2,8% em 2024.

Na entrevista após a reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, corroborou a visão de continuidade do aperto de juros. No entanto, Powell afirmou que o ritmo de aumento de 75 pb é anormal, deixando espaço aberto para uma possível redução da alta na próxima reunião para 50 pb. Embora reconheça o risco de um aperto excessivo nas condições monetárias, Powell afirmou que não hesitará em alcançar a meta de 2% da inflação. Em linhas gerais, o cenário do Fed é compatível com uma desaceleração da economia para o retorno da inflação para a meta. Diante do quadro de inflação pressionado e mercado de trabalho apertado, sem sinais de arrefecimento no curto prazo, contemplamos nova alta de 75 pb na reunião de julho. Para a taxa terminal, nosso cenário base foi revisado de 4% para 4,5%.

Em relação aos indicadores de atividade econômica em maio, as vendas no varejo recuaram 0,3% na margem em termos nominais, frustrando as expectativas de mercado de +0,1%. O núcleo do indicador de vendas (que exclui automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços alimentícios) permaneceu estável na comparação mensal. Entre os componentes, destaque positivo para as vendas de combustíveis que avançaram 4,0% na margem, ante média de 5,1% nos últimos três meses. Contrabalançando as altas, destaque para autos (-3,5%), eletrônicos (-1,3%) e vendas on-line (-1,0%). Em termos de difusão, de catorze componentes do índice, oito apresentaram aumento, ante dez no mês anterior. De modo geral, nos últimos três meses as vendas no varejo apresentam estabilidade na margem em termos nominais, após forte avanço ante o pré-crise (cerca de 27% acima).

Acompanhando o fraco resultado das vendas do varejo no mês, a produção industrial também surpreendeu negativamente, avançando 0,2%, abaixo da expectativa do mercado (0,5%). A indústria de transformação recuou 0,1%, após crescimento médio de 1% nos últimos três meses. A indústria de transformação segue 4,5% acima do patamar pré-crise. A utilização da capacidade instalada (NUCI) aumentou, passando de 78,9% em abril para 79,0% em maio. A despeito das frustrações, avaliamos como robusta as condições de atividade nos EUA, compatível com crescimento acima da tendência no curto prazo, o que deve dar suporte para a retirada dos estímulos pelo Fed.

Na China, os dados de atividade de maio ainda refletiram as medidas de restrição. Na comparação interanual, a produção industrial teve avanço de 0,7%, contrariando as expectativas de mercado de recuo de 0,9%. O resultado foi beneficiado pelo menor grau de restrições no mês e teve as maiores contribuições positivas vindas de automóveis e máquinas elétricas. As vendas no varejo tiveram queda de 6,7% na mesma base de comparação, resultado superior ao esperado pelo mercado (-7,1%) e que representa alta na margem, puxada por vendas de veículos e comércio eletrônico. O investimento em ativos fixos (FAI)  se expandiu 6,2% no acumulado do ano, ante expectativa de 6,1%. No entanto, os dados do setor imobiliário residencial seguem indicando forte retração de vendas e novas construções na comparação interanual. A taxa de desemprego apresentou melhora na margem, ficando em 5,9% ante 6,1% em abril. De maneira geral, os dados têm refletido o afrouxamento parcial de medidas de restrição nos principais distritos industriais. Os impactos negativos dessas medias sobre a atividade devem ser apenas parcialmente contrabalançados por estímulos governamentais direcionados para o consumo e setor imobiliário, bem como por investimentos em infraestrutura.

 

Na próxima semana

Na agenda doméstica, destaque para a divulgação da decisão IPCA-15 na sexta-feira. No cenário internacional, destaque para as prévias dos indicadores de confiança (PMI) nos EUA e na Zona do Euro, na quinta-feira.  

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