Enfoque Bradesco

Enfoque Macro – Bradesco Asset

 

BRASIL: Atividade avançou no 4º trimestre. No ano, PIB recuou 4,1%.

MUNDO: Mercado de trabalho nos EUA gera mais vagas que o previsto em fevereiro.

O PIB do 4º trimestre de 2020 registrou alta de 3,2% na comparação com o trimestre anterior. O resultado veio acima da nossa projeção (2,7%) e da mediana do mercado (2,8%). O maior desvio em relação à expectativa se concentrou no comércio e administração pública, com taxas de crescimento maiores que o esperado. De um modo geral, o resultado refletiu a flexibilização das medidas de isolamento social no período, assim como as últimas parcelas do auxílio emergencial. Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve recuo de 1,1%. Em 2020, o PIB acumulou perda de 4,1%.

Na comparação trimestral, pela ótica da demanda, houve crescimento do consumo das famílias (3,4%), do investimento (20%) e do consumo do governo (1,1%). O desempenho líquido do setor externo foi negativo, refletindo a queda das exportações (-1,4%) e a alta expressiva das importações (22%). Nesse caso, vale destacar o impacto das importações fictas de plataformas de petróleo no âmbito do Repetro, que também inflou o investimento. Pela ótica da oferta, apenas a agropecuária apresentou queda (-0,5%). Os setores de serviços e industrial avançaram 2,7% e 1,9%, respectivamente. Na indústria, o crescimento ficou restrito à indústria de transformação (4,9%). No setor de serviços, todos os componentes apresentaram expansão, com destaque para outros serviços (6,8%), que abrange saúde, educação, alimentação e hospedagem. Apesar da surpresa positiva, não houve mudança de percepção qualitativa. Neste ano, o PIB estará sujeito às restrições de mobilidade em decorrência da piora da pandemia, mas com gradual retomada à medida que haja progresso na vacinação. Para o 1º trimestre desse ano, projetamos contração de 0,6%.

A produção industrial avançou 0,4% na margem em janeiro. A indústria de transformação recuou 0,1% no mês, se situando 5,2% acima do patamar pré-crise. As principais contribuições setoriais vieram de produtos alimentícios (3,1%) e veículos (1,0%). Dentre as categorias de uso, a maior alta ocorreu em bens de capital (4,5%), enquanto bens de consumo duráveis tiveram queda de 0,7%. Por sua vez, bens intermediários recuaram 1,3%, com destaque para metalurgia e refino. A produção de insumos típicos da construção civil apresentou recuo de 0,1% no mês e a indústria extrativa avançou 1,5% na margem, puxada por minério de ferro. Em resumo, o número de janeiro representa alta de 1,3% em relação à média do 4º trimestre. As próximas leituras, no entanto, deverão ser prejudicadas por problemas no fornecimento de insumos para a indústria automobilística.

Os EUA registraram surpresa positiva no mercado de trabalho, com a criação de 379 mil vagas de emprego em fevereiro. A expectativa era de criação de 200 mil vagas. A taxa de desemprego no país recuou para 6,2%, ante 6,3% em janeiro. Essa queda é explicada pelo aumento da população ocupada, ao passo que a taxa de participação da população economicamente ativa (PEA) permaneceu em 61,4%. Por setor, destaque para a criação de 355 mil vagas no setor de lazer, se beneficiando da perspectiva de melhora na mobilidade. A despeito da surpresa positiva, o número de empregados ainda se mantém cerca de 9 milhões abaixo do pré-crise. Medidas qualitativas do mercado de trabalho mencionadas pelo FED, como a taxa de desemprego de grupos vulneráveis e número de desempregados em caráter permanente, não apresentaram melhora. Em suma, o cenário de mercado de trabalho prescreve a manutenção da política monetária acomodatícia por um período prolongado.

Indicadores de confiança (PMI) de fevereiro apontam para recuperação heterogênea entre as principais economias. Na China e nos EUA, o PMI composto, que incorpora a expectativa da indústria e dos serviços, segue indicando expansão da atividade (acima de 50 pontos), apesar da desaceleração entre janeiro e fevereiro. Nos EUA, o indicador passou de 58,6 para 55,3, enquanto na China o indicador cedeu de 57,5 para 55,8. Por outro lado, o PMI Composto da Zona do Euro aumentou de 45,3 pontos em janeiro para 49,1 pontos em fevereiro.

Fator comum entre as três economias, a indústria segue indicando expansão, apontando inclusive pressões nas cadeias de fornecimento de insumos para produção. No lado dos serviços, enquanto na Zona do Euro o setor segue em contração (46,4 pontos), na China e nos EUA os indicadores perderam força em fevereiro. A queda na confiança nesse setor reflete a adoção de medidas de isolamento social. A despeito da incerteza quanto à evolução da pandemia, acreditamos que os efeitos econômicos oriundos de restrições nessa segunda onda devem ser bem mais moderados do que os registrados na primeira. Em 2020, a economia global deve ter contraído 3,8%, mas esperamos avanço de 5,5% em 2021.

Na próxima semana

No Brasil, destaque para a divulgação do volume de serviços na terça-feira e para as vendas no varejo na sexta-feira, ambos os indicadores do mês de janeiro. Ademais, a semana contará com a divulgação do IPCA de fevereiro (BRAM: 0,70%). Na agenda internacional, o Banco Central Europeu (BCE) se reúne na quinta-feira para a decisão de política monetária.

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