Síntese Mensal BRAM – Outubro 2022

SÍNTESE ECONÔMICA DE OUTUBRO

BRASIL: O Banco Central manteve a taxa básica em 13,75% ao ano

MUNDO: Ciclo de aperto de juros segue avançando no mundo

Selic deve ser mantida em 13,75% a.a. por alguns trimestres. O Copom, em sua última reunião, manteve a taxa de juros inalterada e entendeu que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano calendário de 2023 e 2024. De acordo com o comunicado, o ambiente externo continua adverso e instável. O comitê acrescentou a preocupação com a maior sensibilidade dos mercados aos fundamentos fiscais, inclusive em países avançados, o que demanda maior atenção aos países emergentes. Domesticamente, a inflação ao consumidor continuou elevada, ao passo que os indicadores de atividade econômica sinalizaram crescimento em ritmo mais moderado. Quanto às projeções de inflação, houve uma piora tanto de 2023 quanto 2024. A projeção de 2023 subiu de 4,6% para 4,8%, acima do limite superior da meta, enquanto 2024 passou de 2,8% para 2,9%, embora ainda abaixo da meta deste ano. No balanço de riscos, o Copom elencou fatores em ambas as direções. Do lado altista, manteve a preocupação com as pressões inflacionárias globais, possíveis estímulos fiscais domésticos adicionais e um hiato do produto mais apertado que o utilizado pelo comitê, principalmente no mercado de trabalho. Do outro lado, também não houve alterações para os riscos baixistas. Sobre os próximos passos, o Copom seguirá vigilante acerca da manutenção da taxa básica de juros, continuará avaliando os cenários por um período suficientemente prolongado e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso necessário. Em nossa avaliação, o Banco Central deverá manter a taxa de juros no patamar atual por alguns trimestres até que a inflação comece a convergir para níveis compatíveis com as metas de 2023 e 2024.

Tendência de alívio da inflação deve seguir nos meses à frente. Em outubro, a prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) apresentou alta de 0,16%. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses desacelerou, de uma alta de 7,96% no IPCA-15 de setembro para outra de 6,85% em outubro. O núcleo de serviços subjacentes desacelerou de uma elevação de 0,7% no resultado fechado de setembro para outra de 0,48% na prévia de outubro. Vale destacar o grupo de preços monitorados (-0,78%), dado que os últimos três resultados fechados apresentaram desaceleração, em grande parte puxada por combustíveis. Com relação aos núcleos, que são métricas que excluem ou suavizam itens voláteis, a média anualizada de três meses com ajuste sazonal também voltou a ceder, de 8,31% para 6,88%, reforçando o processo de arrefecimento da inflação, apesar de os núcleos ainda estarem em patamares distantes das metas de inflação. Em 12 meses, a média dos núcleos alcançou 9,8% na prévia de outubro. Nossa expectativa é de que o processo de alívio da inflação continue nos próximos meses, fazendo com que o IPCA alcance as variações de 5,5% e 4,5% em 2022 e 2023, nessa ordem.

Ainda sobre a economia doméstica, destacamos também a evolução favorável do mercado de trabalho, mas população ocupada começa a dar primeiros sinais de reversão. A taxa de desemprego medida pela PNAD recuou para 8,7% no trimestre encerrado em setembro. Na série com ajuste sazonal, a taxa recuou de 8,9% para 8,8%. A menor taxa de desemprego na margem pode ser atribuída ao recuo da força de trabalho, dado que a população ocupada recuou. O rendimento médio real habitual subiu 1,6% na margem em agosto. Por sua vez, o Caged registrou a criação líquida de 278,1 mil vagas de emprego formal em setembro. Com ajuste sazonal, o saldo foi positivo em 193 mil postos de trabalho, após 197 mil em agosto e média de 212 mil no segundo trimestre deste ano.

Na economia americana, a moderação da atividade tem sido lenta, mantendo elevados os desafios para a política monetária. O PIB dos EUA teve avanço de 0,6% na margem no 3º trimestre, impulsionado pelo consumo das famílias e pelo setor externo, revertendo a contração observada nos dois últimos trimestres. Para o 4º trimestre, a expectativa é que o crescimento do PIB desacelere para 0,1%. Sobre a política monetária, a ata da reunião de setembro — na qual o Fed elevou a taxa de juros para o intervalo entre 3% e 3,25% a.a. — revelou visão consensual a respeito da dinâmica pressionada de inflação, com poucas evidências de arrefecimento. O mercado de trabalho, na visão do comitê, permanece apertado no curto prazo, com a expectativa de melhora no balanço entre oferta e demanda por mão de obra ao longo do tempo, refletindo os efeitos da política monetária. No cenário prospectivo, os riscos de alta prevalecem para as projeções e expectativas de inflação, enquanto na atividade o balanço de risco ainda é baixista. Acreditamos que atividade econômica seguirá exibindo resiliência e que a desinflação ocorrerá de forma lenta, resultando em aperto adicional da taxa de juros para 5,00% ao final do ciclo.

Ainda sobre o ciclo de aperto de juros, o Banco Central Europeu (BCE) também avançou no processo de normalização da política monetária, anunciando alta de 0,75 p.p. da taxa de juros. Com isso, a taxa de juro aplicável às operações de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de liquidez e de depósito subiram para, respectivamente, 2,00%, 2,25% e 1,50% a.a. A autoridade monetária europeia entende que, diante do cenário atual – marcado por pressões relevantes da inflação –, as taxas de juros continuarão subindo nas próximas reuniões e as decisões, sobre ritmo e nível terminal, serão determinadas a cada reunião. Nossa expectativa é que o ciclo será encerrado ao redor de 3,00% a.a. em meados do ano que vem.

Por fim, a economia chinesa mostrou leve recuperação no terceiro trimestre, mas o consumo das famílias segue moderado. No mês passado, a produção industrial avançou 6,3% na comparação com mesmo período do ano passado e os investimentos em ativos fixos acumularam expansão de 5,9% até setembro, puxados pelo segmento de infraestrutura. Por outro lado, as vendas do varejo subiram 2,5% na comparação interanual e o setor imobiliário continuou como destaque negativo, com queda de preços, vendas e lançamentos.  Com isso, o PIB avançou 3,9% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, recuperando-se da leve alta de 0,4% verificada no segundo trimestre. Dessa forma, diante de controles menos rígidos sobre a mobilidade, em função da queda dos casos de covid, a economia chinesa tem mostrado certa estabilização, em nível muito baixo de crescimento (ao redor de 3%). Os riscos baixistas à frente se devem à desaceleração estrutural do setor de construção residencial e à política de controle de casos de Covid. Mesmo assumindo que mais estímulos serão adotados nos meses seguintes, a retomada tende a ser bastante moderada.

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