SÍNTESE ECONÔMICA | JULHO 2020

SÍNTESE ECONÔMICA | JULHO 2020

BRASIL:  Atividade inicia retomada em maio e emprego surpreende positivamente em junho

MUNDO: Queda histórica do PIB dos EUA e da Zona do Euro. Na China, PIB cresce acima do esperado

Indicadores de atividade apontam início da retomada econômica em maio, ainda de forma gradual. O Índice do Banco Central de atividade (IBC-Br) avançou 1,3% em maio. O indicador prévio do PIB refletiu as altas da indústria (7,0%) e do comércio (19,6%) e o recuo do setor de serviços (- 0,9%) no mês. Na comparação interanual, o índice mantém queda expressiva, de 14,2%. A média dos dados de dados de abril e maio representa recuo de 12,6% em relação à média do 1º trimestre. Nas próximas leituras, com a gradual flexibilização de medidas de isolamento social, os dados devem revelar a continuidade dessa recuperação da atividade.

Dados do mercado de trabalho de junho surpreenderam positivamente, com destruição de vagas formais abaixo do esperado. Considerado os dados com ajuste sazonal, o saldo negativo de criação de vagas (CAGED) foi de 8,7 mil no mês, ante destruição de 389 mil vagas em maio e 958 mil vagas em abril. Até junho, 1,4 milhão de postos formais de trabalho foram destruídos. O resultado do mês reforça a retomada gradual da atividade, em meio ao relaxamento das medidas de isolamento social. Por outro lado, o número de admissões, que indica retomada do mercado de trabalho, ainda segue baixo. Além disso, os dados da Pnad Covid, que incorporam o mercado de trabalho informal, apontam um aumento da taxa de desemprego ajustada (que considera aqueles que deixaram de buscar emprego em função da crise) de 22% em maio para 23% em junho. A partir do conjunto de dados de atividade e mercado de trabalho, nosso tracking do PIB do 2º trimestre se situa ao redor de -9% na margem.

A inflação ao consumidor (IPCA) apresentou alta em junho e na prévia de julho (IPCA-15), após dois meses de deflação. O IPCA variou +0,26% em junho e o IPCA-15 variou +0,30% em julho. A prévia de julho surpreendeu as projeções em cerca de 0,2p.p, com surpresa baixista disseminada entre os grupos, principalmente ‘Alimentação e Bebidas’ (-0,13%) que ficou abaixo do esperado (+0,15%). A média dos núcleos de inflação (exclui itens voláteis) segue baixa em ambos indicadores, atingindo 0,11% no IPCA-15, ao passo que, em doze meses, a média se manteve próxima do patamar dos 2%, o que sinaliza continuidade do cenário benigno para a inflação. A retomada da demanda de forma mais robusta e a pressão dos preços no atacado podem trazer alguma pressão adicional, porém os repasses devem continuar limitados. Nossa projeção para 2020 segue em 1,7%, abaixo do piso da meta do Banco Central (2,5%).

No cenário global, afetado pela pandemia, o PIB dos EUA contraiu 32,9% (na margem anualizado) no 2º trimestre, a maior retração da história do país. Entre os componentes do PIB, a maior contribuição negativa foi de gastos com consumo (-34,6%), principalmente consumo de serviços (-43,5%). Os dados são compatíveis com a restrição de atividades para contenção da pandemia adotadas durante o semestre. Apesar da queda no 2º trimestre, os dados de atividade de junho já apontam para retomada na ponta, com varejo avançando 7,5% e produção industrial 5,4%, ambos na margem. Por outro lado, dados de mercado de trabalho mantém a incerteza elevada, com dados de novos pedidos de seguro desemprego crescendo consecutivamente nas duas últimas semanas de julho, o que não ocorria desde o início da crise. Apesar do cenário incerto, os indicadores de atividade apontam retomada da atividade no próximo trimestre.  No ano, o PIB deve recuar em torno de 5%.

Ainda nos EUA, o Fed manteve a taxa de juros entre 0% a.a e 0,25% a.a e os programas de estímulo (compra de ativos) no mesmo patamar. Como sinalização, o Fed afirmou que manterá a taxa de juros nesse nível até que a economia tenha superado os eventos recentes e esteja condizente com o alcance da meta de emprego e inflação. A autoridade monetária reconhece que a recuperação da economia dependerá significativamente do vírus. Na entrevista após a reunião, o presidente da instituição, Jerome Powell, afirmou que o Fed está disposto a aumentar o grau de estimulo em caso de necessidade, admitindo como um período de incerteza elevada. Powell também ressaltou a importância da manutenção do suporte fiscal. Diante de toda a incerteza oriunda do vírus e do impacto sobre o mercado de trabalho, avaliamos que os estímulos permanecerão por um período prolongado.

Na Zona do Euro, a leitura preliminar do PIB do 2º trimestre mostrou contração histórica de 12,1% na margem (-40,3% anualizado), em linha com a expectativa.  Por país, a queda mais expressiva ocorreu na Espanha (-18,5%), seguida por Itália (-12,4%) e França (-13,8%).  Na Alemanha, maior PIB da região, a contração foi de 10,1%. Em maio, as vendas no varejo avançaram 17,8%  e a produção industrial avançou 12,4% na região, ambos dados comparados com o mês anterior. Os indicadores de confiança sinalizam recuperação de parte das perdas no 3º trimestre, com destaque para o setor de serviços. No ano, a região deverá contrair ao redor de 8%.

Após reabertura, o PIB da China surpreendeu positivamente no 2º trimestre, com alta de 3,2% na variação anual, superior à expectativa de 2,4% e a queda de 6,8% no 1ª trimestre. O resultado demonstra retomada após efeito negativo da pandemia no início do ano. A produção industrial, por sua vez, cresceu 4,4% no trimestre, tendo sua maior alta em junho com crescimento de 4,8%, ante 4,4% em maio. Por outro lado, as vendas no varejo apresentaram queda de 3,9% no trimestre. Avaliamos que a recuperação expressa nos indicadores de junho e a melhora nos indicadores de confiança apontam para a continuidade da retomada no 3ª trimestre,  compatível com crescimento em torno de 2,5% do PIB no ano.

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