INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil: Reforma da previdência é aprovada no Senado. IPCA-15 desacelera em 12 meses.

No mundo: Confiança da indústria sinaliza expansão nos EUA e contração na Zona do Euro.

O IPCA-15 se mantém abaixo da meta do Banco Central. Em outubro, a prévia da inflação ao consumidor subiu 0,09%, repetindo a alta registrada em setembro, ficando acima da nossa expectativa e do mercado, ambas em 0,03%. Alimentação seguiu em deflação, próxima ao esperado. A maior surpresa ocorreu no grupo Saúde e Cuidados Pessoais, com alta de 0,85%, ante projeção de 0,42%. Em 12 meses, o IPCA-15 passou de 3,2% para 2,7%, e a média dos núcleos totaliza alta de 2,9%, ante variação de 3,0% no mês anterior. O núcleo de serviços, por sua vez, acumula alta de 3,6%. Com esse resultado, para o fechamento de outubro, projetamos alta de 0,06%. O IPCA deverá encerrar o ano com alta de 3,2%, abaixo da meta do Banco Central de 4,25%.

A Reforma da Previdência foi aprovada em 2º turno pelo Senado Federal. Com 60 votos a favor (mínimo de 49 para aprovar) e 19 contra, o texto base da reforma foi aprovado em 2º turno no plenário do Senado nessa semana. Após essa votação final no Congresso, o texto deve ser promulgada até meados de novembro. Importante para o ajuste fiscal, a reforma implicará economia de aproximadamente R$ 800 bilhões nos próximo dez anos, de acordo com os  cálculos do governo. Segundo os nossas hipóteses e modelo, a economia será de R$ 720 bilhões.

As contas externas mostram quadro confortável em setembro. No mês, o saldo em conta corrente foi deficitário em US$ 3,5 bilhões. Em 12 meses, o saldo em conta corrente atingiu US$ -37,4 bilhões (-2,1% do PIB), ante déficit de US$ 25,7 bilhões (-1,3% do PIB) no mesmo período do ano passado. Quanto ao fluxo financeiro, os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 6,3 bilhões, impulsionados pelo setor de petróleo e gás. Em 12 meses, o IDP somou US$ 70,4 bilhões (3,9% do PIB). Já o fluxo líquido de renda fixa, ações e fundos foi negativo em US$ 4,9 bilhões e, no ano, os ingressos permanecem positivos em US$ 2,6 bilhões. Avaliamos que o saldo em conta corrente deverá encerrar o ano com déficit de US$ 34,3 bilhões (-1,9% do PIB).

Os dados de crédito exibiram tendência positiva em setembro, com aumento do estoque e inadimplência estável. No mês, o estoque total de crédito somou R$ 3,36 trilhões, crescimento nominal de 5,8% em termos anuais, com alta de 11,3% no saldo de pessoa física (PF) e queda de 0,9% em pessoa jurídica (PJ), em parte reflexo da migração de parcela do crédito às empresas para o mercado de capitais. Como proporção do PIB, o estoque de crédito subiu de 47,2% para 47,6%. Por fim, a taxa de inadimplência ficou estável em 3,9%, com 5,0% para PF e 2,5% para PJ, permanecendo em patamar baixo. O cenário de recuperação consistente do mercado de crédito se mantém, diante do baixo nível da taxa de juros e do aumento da confiança.

O Banco Central Europeu (BCE) defendeu a continuidade da política monetária estimulativa diante das incertezas presentes no cenário. Na reunião de outubro, a taxa de depósito foi mantida em -0,5%, a de refinanciamento em 0,0% e a taxa de empréstimo permaneceu em 0,25%. No comunicado, o BCE reforçou que pretende manter tais taxas nos níveis atuais, ou em níveis inferiores, bem como a continuidade de seu programa de recompra de títulos, até que observe uma convergência robusta da inflação a um nível próximo à meta, atualmente estipulada em 2%. A postura acomodatícia do BCE se insere no contexto de desaceleração da atividade na região, que sofre com sua maior exposição ao cenário de incerteza global.

Os dados de confiança da indústria (PMI) mostram que o diferencial de crescimento econômico entre os EUA e os demais países desenvolvidos continua aumentando. Nos EUA, o PMI avançou de 51,1 para 51,5 pontos, sinalizando que a indústria norte-americana se mantém em expansão (acima de 50 pontos). Na Zona do Euro, por seu turno, o PMI mostrou contração pelo 9º mês consecutivo, permanecendo no patamar de 45,7. O PMI alemão, por sua vez, apresentou um PMI de 41,9, ante resultado de 41,7 em setembro. Assim como na Zona do Euro, o PMI do Japão também aponta contração, no patamar de 48,5 pontos. O cenário de incerteza derivado da escalada do protecionismo tem prejudicado o desempenho de economias mais expostas à demanda global, casos de Alemanha e Japão. Esse diferencial de atividade favorável para os EUA é um dos principais fatores que explica o fortalecimento do dólar ante outras divisas.

Na próxima semana:

Destaque para as decisões de política monetária no Brasil e nos EUA, ambas na quarta-feira. Para o Copom, acreditamos que o cenário de inflação baixa, assim como ritmo lento de recuperação da atividade, corroboram o corte de 50 pontos-base na Selic. Nos EUA, a incerteza sobre a economia global será o principal fator para o corte de 25 pontos-base em nossa avaliação. Além disso, na agenda local, teremos a divulgação dos dados da produção industrial. No âmbito global, haverá a divulgação do PIB do 3º trimestre dos Estados Unidos e da Zona do Euro, na quarta-feira e na quinta-feira, respectivamente.

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