ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS BRASIL: Aceleração do IPCA continua em março.

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: Aceleração do IPCA continua em março.

MUNDO: FMI revisa para cima as projeções de crescimento da economia mundial.

IPCA de março tem variação mensal de 0,93% e acumula  alta de 6,1% nos últimos 12 meses. Apesar do resultado elevado, houve surpresa para baixo em relação à nossa projeção (1,00%) e ao consenso de mercado (mediana em 1,03%). Dentre as principais surpresas, destaque para a menor variação de etanol, que mostrou os primeiros sinais de arrefecimento inflacionário após as fortes altas no começo do ano, e para a leve deflação de alimentos. No sentido contrário, o subgrupo de alimentação fora do domicílio registrou aceleração relevante nessa leitura, provavelmente refletindo algum repasse da alta de custos com alimentos por parte de restaurantes e outros serviços de alimentação. Com relação aos núcleos de inflação, que são métricas que excluem ou suavizam a variação de preços de itens voláteis, houve pequena queda na margem, mas as principais medidas acompanhadas pelo Banco Central seguem em patamar elevado.

De maneira geral, o cenário inflacionário segue desafiador. Acreditamos que a inflação continuará pressionada nos próximos meses, em especial caso não haja recuo do preço de commodities em reais e as dificuldades enfrentadas por diversas cadeias industriais em adquirir matérias-primas persistam, pressionando os preços ao consumidor. Esperamos que a inflação acumulada em 12 meses do IPCA supere 7,5% até meados do ano e siga acima do teto da meta do Banco Central (de 5,25%) estabelecido para esse ano por alguns meses. No final do ano, devemos ter um arrefecimento, com o IPCA fechando 2021 em 4,9%.

Dados de março mostraram fraco desempenho da indústria automobilística. Segundo a Anfavea, a produção de veículos teve queda de 12,2% em relação a fevereiro na série com ajuste sazonal, puxada pela retração da fabricação de automóveis e veículos comerciais leves. O setor foi afetado no mês tanto pelo desabastecimento de peças como pela evolução da pandemia, os quais levaram a paradas nas linhas de montagem. Com isso, a produção voltou a se situar 10,2% abaixo do patamar pré-crise. Na mesma direção, a venda de veículos em março recuou 11,5% de acordo com os dados da Fenabrave, também na série ajustada sazonalmente. O nível de emplacamentos se situa 19,8% abaixo do nível pré-crise. As vendas de veículos foram negativamente afetadas pelo recrudescimento das medidas de isolamento social em março. Assim, o desempenho do setor nos próximos meses seguirá dependendo da volta da mobilidade, diretamente afetada pelo ritmo da vacinação.

O FMI revisou para cima a projeção de crescimento da economia global em 2021, passando de 5,5%, da última atualização em janeiro, para 6,0%. Segundo a instituição, a melhora das projeções é reflexo tanto do suporte fiscal adicional concedido em algumas economias desenvolvidas como do otimismo com a recuperação econômica no segundo semestre do ano, que deve ser viabilizada com o avanço dos programas de vacinação ao redor do mundo. Na análise por países, as principais revisões feitas pelo FMI em suas projeções para o crescimento foram as relacionadas a EUA, Canadá e Reino Unido, com elevações superiores a 1 p.p. na perspectiva de crescimento em 2021. Já para o próximo ano, os ajustes foram modestos, com a projeção de crescimento global subindo de 4,2% para 4,4%. Em um horizonte mais longo, a instituição argumenta que as políticas de resposta à pandemia provavelmente evitaram deterioração ainda maior dos fundamentos econômicos, mas que, em geral, países emergentes ou de baixa renda agregada têm sido mais afetados e devem sofrer mais consequências adversas no médio prazo.

Nos EUA, o Fed divulgou a ata da reunião de março e afirmou que deseja ver avanços adicionais na economia antes de promover alterações de estímulos. Em sua última reunião, na qual o Fed manteve a taxa de juros no intervalo de 0% a 0,25% e o pacote mensal de US$ 120 bilhões ao mês em compra de ativos, os membros discutiram a transparência da comunicação do comitê com relação às avaliações do cenário econômico. Em especial, os participantes frisaram a  importância da antecipação de anúncios sobre alterações no ritmo de compras de ativos. Outro destaque do documento é a visão de vários membros do comitê de que possíveis alterações na política monetária devem ser baseadas em resultados ao invés de projeções. Além disso, os participantes enxergam que o alcance das metas de inflação e emprego levará “algum tempo”, sinalizando manutenção dos estímulos. Por fim, o Fed ressaltou que a trajetória para a economia dependerá da resolução da pandemia, o que envolve o progresso da vacinação no país, mas que a extensão do suporte da política fiscal melhorou a perspectiva para a atividade deste ano.

O Banco Central Europeu (BCE) também divulgou a ata de sua última reunião de política monetária, revelando discussão extensa sobre as compras mensais de ativos. Após surpreender o mercado ao afirmar que faria um aumento significativo no ritmo de compras mensais, o documento divulgado nessa semana detalha o debate ocorrido na reunião do começo de março. Naquela ocasião, os membros do comitê avaliaram os impactos da elevação das taxas de juros longas sobre as condições financeiras na Zona do Euro, argumentando que um aperto em tais condições poderia atrasar a convergência da inflação para a meta. A conclusão foi um comprometimento em alterar o ritmo mensal do Programa Pandêmico de Compras Emergenciais (PEPP, na sigla em inglês) de forma a manter o grau de estímulo monetário elevado. Nas próximas reuniões, mais detalhes devem ser divulgados com relação a essa aceleração nas compras. O comitê já esclareceu, entretanto, que não pretende alterar o tamanho total do programa (de € 1,85 trilhão em compra de ativos, com horizonte de compras até março de 2022 ou até o BCE julgar que a crise atual tenha se encerrado) e nem exercer um controle específico sobre a curva de juros. Dada o momento mais frágil do ciclo econômico na Zona do Euro, acreditamos que os estímulos na região serão mantidos por um período prolongado.

Na China, a inflação ao consumidor (CPI) apresentou alta de 0,4% em março, na comparação anual. O resultado ficou acima do esperado (consenso de 0,3%) e se compara com a variação de -0,3% em fevereiro. A alta se deu por conta da aceleração do núcleo da inflação (exclui itens voláteis), que variou 0,3%. Por outro lado, a inflação de alimentos teve queda de 0,7%. Já a inflação ao produtor (PPI) variou 4,4%, com grande influência da alta no preço de commodities.

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