ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: Dados de atividade indicam resiliência do setor de serviços

MUNDO: Surpresa altista com inflação nos EUA motivou reavaliação da taxa terminal de juros

No cenário internacional, o destaque da semana ficou para os dados de inflação e atividade nos Estados Unidos. A inflação americana (considerando o índice de preços ao consumidor) mostrou variação acima das expectativas do mercado, principalmente na parcela do núcleo da inflação – que exclui itens voláteis como energia e alimentos – com alta de 0,6% em agosto. A consequência dessa divulgação para os mercados globais de juros foi uma forte elevação das curvas de curto e médio prazo de países desenvolvidos e emergentes. Houve uma reavaliação, por parte dos agentes do mercado, para a taxa de juros terminal desse ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, que deve ser mais alta do que o esperado anteriormente. Do lado da atividade, ainda nos EUA, os resultados da produção industrial e das vendas do varejo foram divergentes, com queda da indústria e ligeira elevação do comércio no mês passado. Além disso, na China, o desempenho dos indicadores de atividade superou o esperado em agosto, sinalizando ligeira recuperação da economia. No Brasil, destacamos a divulgação das Pesquisas Mensais de Serviços e do Comércio, do IBGE, e dos dados do IBC-Br, do BCB. A surpresa positiva se concentrou no Índice de Atividade Econômica do Banco Central, com alta de 1,2% em julho, acima da nossa projeção (+0,6%) e do consenso de mercado (+0,4%).

Em julho, o volume total de serviços teve avanço de 1,1% na margem. Na comparação interanual, a variação foi de 6,3%, acima de nossa projeção e da mediana das expectativas de mercado (ambas em 5,5%). O resultado de julho representa alta de 1,8% em relação à média do segundo trimestre de 2022. Em relação ao pré-crise, o volume total de serviços encontra-se 9,0% acima do patamar pré-crise. Dentre os setores, apresentaram queda na margem: serviços profissionais, administrativos e complementares (1,1% na margem) e outros serviços (4,2%), grupo que contempla, entre outros, serviços financeiros e seguros. A maior contribuição positiva veio de serviços de transporte (2,3%), puxados por transporte aéreo, após fortes correções ao longo do segundo trimestre deste ano, e transporte aquaviário. No mês, houve alta do transporte de cargas e retomada do fluxo de passageiros. Os serviços prestados às famílias mostraram elevação de 0,6% em julho. No entanto, esse setor, que abrange alojamento e alimentação, ainda se encontra 5,6% abaixo do nível pré-crise.

Por outro lado, o resultado das vendas do varejo frustrou as expectativas de mercado em julho. O volume de vendas do varejo restrito recuou 0,8% na margem, abaixo de nossa projeção e da expectativa mediana de mercado. Dentre os setores que compõem o varejo restrito, a única contribuição positiva veio de combustíveis e lubrificantes (12,2% na margem), setor que se situa 11,1% acima do nível pré-crise. As maiores contribuições negativas vieram novamente de tecidos, vestuário e calçados (-17,1%), compensando as altas do primeiro e segundo trimestres do ano, em parte resultantes da liberação de recursos extraordinários do FGTS. Em seguida, móveis e eletrodomésticos (-3,0%), livros, jornais, revistas e papelaria (-2%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-1,5%), artigos farmacêuticos (-1,4%), hiper e supermercados (-0,8%) e outros artigos de uso pessoal (-0,5%), setor que engloba lojas de departamento, óticas, joalherias, artigos esportivos e brinquedos. O comércio ampliado, que inclui vendas de automóveis e material de construção, também registrou queda de 0,7% no mês e 6,8% na comparação anual. Para tanto, as vendas de veículos e de materiais de construção caíram 2,7% e 2,0%, respectivamente, na passagem de junho para julho. Com o resultado, o volume de vendas do varejo restrito encontra-se 0,4% acima do patamar pré-crise, ao passo que no conceito ampliado, temos um nível 3,7% abaixo.

Ainda em relação aos dados de julho, o indicador de atividade do Banco Central superou as expectativas. Na margem, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) subiu 1,2%, acima da nossa projeção (0,6%) e da mediana do mercado (0,4%). Em termos anuais, a alta foi de 3,9%, com crescimento de 3,88% em relação ao pré-crise. O resultado positivo de julho foi puxado, principalmente, pelos desempenhos do setor de serviços e da produção industrial (alta de 0,6% na margem). Em termos de carrego, o resultado divulgado do IBC-Br aponta para crescimento de 1,7% no terceiro trimestre.

Em linhas gerais, o desempenho da atividade econômica em julho reforça o rebalanceamento do consumo de bens e serviços. O desempenho acima do esperado do setor de serviços foi observado tanto nas atividades relacionadas às empresas como às famílias. Na nossa visão, o setor ainda tem espaço para crescimento, visto que os grupos de alojamento e alimentação ainda estão significativamente abaixo do nível pré-crise. Pelo lado do varejo, houve continuação da reversão da alta em setores que haviam sido beneficiados pela injeção extra de recursos do FGTS em maio. Por fim, tanto no comércio quanto em serviços, setores ligados à renda devem ser impactados positivamente pela injeção extra de auxílios, a partir de agosto.

O ambiente de inflação dos EUA segue pressionado. Em agosto, a inflação ao consumidor (CPI) variou 0,1% na comparação mensal, acima da expectativa de mercado de uma deflação de 0,1%. Já o núcleo da inflação, métrica que exclui a inflação com alimentos e energia e recebe mais atenção por parte das autoridades monetárias, avançou 0,6% no mês, ante expectativa de alta de 0,3%. Entre as principais pressões, destaque no mês para os preços de alimentos, que subiram 0,8%. Na comparação interanual, a inflação de alimentos avançou 11,4%. Em serviços, destaque para inflação de aluguéis, correspondendo a um terço do CPI, com alta de 0,7% na margem e 7,6% na média móvel de 3 meses anualizada. Em termos anuais, o índice cheio variou 8,3%, enquanto o núcleo do CPI teve variação de 6,3%, com alta de 6,1% em serviços e de 7,0% em bens. Em linhas gerais, o quadro inflacionário apresenta trajetória altista em serviços, pressionados pela dinâmica de salários. Em bens, por sua vez, os sinais ainda não são de desaceleração consistente. Diante da persistência inflacionária, elevamos a nossa projeção para a taxa terminal deste ciclo de 4% para 4,5% a.a., considerando uma alta de 75 p.b na reunião da próxima semana.

Até o momento, os dados de atividade dos EUA do terceiro trimestre não revelam desaceleração significativa, reforçando a necessidade de continuidade do aperto monetário. As vendas do varejo avançaram 0,3% na margem em agosto, acima das expectativas de mercado, de queda de 0,1%. O núcleo do indicador de vendas (que exclui automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços alimentícios) se manteve estável, frustrando as expectativas de mercado (0,5%). Entre os componentes, destaque positivo para as vendas de autos e peças que avançaram 2,8%, após recuo médio de 1,6% nos últimos três meses. Por outro lado, os destaques negativos ficaram para as vendas de combustíveis (-4,2% na margem) e, em seguida, mobília (-1,3% na margem). Em termos de difusão, de catorze componentes do índice, nove apresentaram aumento, ante sete no mês anterior. O resultado mostrou resiliência do consumo de bens no terceiro trimestre. Ao mesmo tempo, o desempenho da produção industrial também surpreendeu negativamente, recuando 0,2%, abaixo da expectativa de mercado (0,0%). A indústria de transformação avançou 0,1%, após recuo médio de 0,1% nos últimos três meses. Por fim, a utilização da capacidade instalada diminuiu, passando de 80,2% em julho para 80,0% em agosto.

Economia chinesa mostrou leve recuperação em agosto, mas ainda cresce em ritmo fraco. Após frustração em julho, os indicadores de atividade referentes a agosto surpreenderam de forma positiva. No mês passado, a produção industrial avançou 4,2% na comparação com mesmo período do ano passado, superando o esperado (3,8%) e a alta registrada em julho (3,8%). Da mesma forma, os investimentos em ativos fixos acumularam expansão de 5,8% até agosto, puxados pelo segmento de infraestrutura, surpreendendo positivamente as expectativas (5,5%) e o acumulado até julho (5,7%). Por fim, mesmo que o consumo das famílias siga fraco diante das restrições de mobilidade ainda presentes em muitas partes do país e do nível muito baixo da confiança, as vendas do varejo subiram 5,4% na comparação interanual, acima das projeções (3,3%), acelerando ante a expansão de 2,7% verificada em julho. O destaque negativo continuou concentrado no setor imobiliário, com lançamentos, vendas e preços de novos imóveis residenciais registrando quedas respectivas de 47,2%, 24,5% e 2,1% em agosto em relação ao mesmo mês do ano anterior. Dessa forma, entendemos que a economia chinesa tem mostrado certa estabilização, em nível muito baixo de crescimento (ao redor de 3%) e os riscos baixistas à frente se devem essencialmente à desaceleração estrutural do setor de construção residencial e à política de controle de casos de Covid. Mesmo assumindo que mais estímulos serão adotados nos meses seguintes, a retomada tende a ser bastante moderada.

Na próxima semana

Mercados seguirão atentos à resposta de política monetária mundo afora, em um contexto que as surpresas inflacionárias nas últimas semanas continuaram para cima, mesmo com alívio recente dos preços das commodities e dos gargalos na indústria. Na agenda doméstica, destaque para a decisão do Copom na quarta-feira. No cenário internacional, atenção para as decisões de política monetária em diversos países, incluindo EUA, Reino Unido e Japão.

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