ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: PIB cresce 1,2% na margem no 2º trimestre, acima das expectativas

MUNDO: EUA registram criação de 315 mil vagas de trabalho em agosto, mas taxa de desemprego sobe

No cenário internacional, as atenções se voltaram para a divulgação dos dados de atividade dos Estados Unidos e da Zona do Euro. Nos EUA, os dados do ISM (Institute for Suplly Management) revelaram estabilidade da atividade em agosto, ante expectativa de queda. Além disso, o relatório de emprego mostrou um mercado de trabalho robusto, com criação de vagas em todos os setores, além de avanço da força de trabalho. O desempenho mais forte da economia americana faz crescer a atenção com as próximas decisões de política monetária do Fed, para as quais aumenta a importância dos dados de inflação que serão divulgados no dia 13.  Na direção oposta, o índice de atividade da indústria da Zona do Euro, calculado pela S&P Global, atingiu o patamar de 49,6 pontos, o menor nível desde junho de 2020. Esse dado reforça as expectativas negativas para a atividade no continente europeu. No Brasil, o destaque da semana foi a surpresa positiva com o PIB do segundo trimestre. O crescimento na margem de 1,2%, ante expectativa de 1.0% pelo consenso de mercado, resultou em revisões para o ano. Nesse sentido, nossa expectativa passou de crescimento de 2,1% para 2,7%  em 2022.

O PIB do 2º trimestre registrou alta de 1,2% na comparação com o trimestre anterior. O resultado veio acima da nossa projeção (1,0%) e da mediana do mercado (0,9%). Pela ótica da oferta, todos os três grandes setores cresceram na margem. A maior contribuição positiva veio do setor de serviços (1,3%), com maior influência de outros serviços (3,3%) – setor que contempla alojamento, alimentação, educação e saúde privados – e comércio (1,7%), beneficiados pelos estímulos de renda no período (liberação extraordinária de FGTS, antecipação de 13º do INSS), bem como pela utilização da poupança acumulada das famílias.  O setor industrial registrou crescimento de todas as atividades, com maiores contribuições positivas da indústria de transformação (1,7%) e da extrativa mineral (2,2%). Por sua vez, a agropecuária teve alta de 0,5% na margem, recuperando-se parcialmente dos problemas climáticos do trimestre anterior. Pela ótica da demanda, houve crescimento do consumo das famílias (2,6%), reflexo da maior renda disponível no período, e da  formação bruta de capital fixo (4,8%), impactada pela construção civil e por produtos de propriedade intelectual (pesquisa e desenvolvimento e softwares). O desempenho líquido do setor externo foi negativo, com queda de exportações (-2,5%) e alta de importações (7,6%). Em suma, a abertura do PIB confirmou o maior consumo de bens e serviços pelas famílias, beneficiado pelo uso da poupança acumulada durante a pandemia e pelos estímulos à renda. Nas próximas leituras, a maior contração da política monetária será contrabalançada por nova rodada de estímulos à renda, com elevação do Auxílio Brasil e outros benefícios, atenuando a desaceleração da atividade. Revisamos nossa projeção para o PIB deste ano de 2,1% para 2,7%.

A produção industrial avançou 0,6% na margem em julho. O resultado veio em linha com as expectativas. No mês, houve crescimento tanto da indústria extrativa (2,1%) como da indústria de transformação (0,4%), revertendo a queda de junho e passando a se situar 0,1% abaixo do nível pré-crise. Apesar do crescimento, ainda persistem problemas de insumos: se expurgássemos os setores com problemas de oferta, a indústria de transformação teria crescido 1,1% no mês. Dentre as atividades da transformação, as maiores contribuições positivas vieram de produtos alimentícios (4,3%), produtos farmacêuticos (10%) e refino de petróleo (2,0%). Por sua vez, as maiores contribuições negativas vieram de veículos (-5,7%) e máquinas e equipamentos (-10,4%). O índice de difusão teve pequena elevação:  37,5% das atividades tiveram crescimento em julho, ante 29,2% em junho. Dentre as categorias de uso, houve alta apenas de  bens intermediários (2,2% ), puxados por alimentos, e bens de consumo semi e não-duráveis (1,6%). Bens de consumo duráveis tiveram recuo de 7,8% por conta de veículos, ao passo que bens de capital (-3,7%) tiveram maior influência de máquinas e caminhões. Vale notar que, mesmo com a queda de julho, a produção de bens de capital ainda se situa 10% acima do nível pré-crise  Em linhas gerais, o desempenho da indústria em julho foi positivo, embora a menor difusão do crescimento evidencie os problemas de oferta que ainda atingem o setor. Esperamos normalização ao longo dos próximos meses.

Dados de mercado de trabalho de julho mostraram desaceleração de criação de vagas formais, mas elevação do rendimento. Dados do Caged mostraram a criação líquida de 218,9 mil vagas de trabalho formal em julho, abaixo das expectativas. Com ajuste sazonal, o saldo foi positivo em 182 mil postos de trabalho, ante média de 220 mil vagas nos três meses anteriores. A desaceleração pode ser atribuída aos setores de serviços e comércio. O menor saldo se justifica pela alta na margem de admissões (11,1%) em ritmo inferior ao de demissões (16,4%). Já a taxa de desemprego, medida pela PNAD, atingiu 9,1% no trimestre encerrado em julho. recuando de 9,2% em junho para 9,1% em julho na série com ajuste sazonal. A menor taxa de desemprego na margem pode ser atribuída à alta de 0,3% da população ocupada, que mais do que compensou o avanço da força de trabalho na margem (0,2%). Houve elevação de trabalhadores formais (0,7%) mas queda de informais (-0,3%), puxada por trabalhadores domésticos sem carteira. Dentre os setores de atividade, as maiores contribuições positivas para o crescimento dos ocupados vieram de comércio (1,5%) e administração pública, educação e saúde (1,7%). O rendimento médio real habitual teve alta de 0,8% na margem em julho, por efeito nível. Com isso, a massa de rendimento real teve alta de 1,8% no mês. Tanto os dados da PNAD quanto os do Caged evidenciam um mercado de trabalho em expansão em termos de ocupação e força de trabalho e que agora começa a sancionar aumentos salariais com ganhos reais. Esse deverá ser um fator adicional de estímulo à atividade no terceiro trimestre, mas também de eventual pressão para a inflação.

O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 20,4 bilhões em julho. O resultado ficou em linha com a nossa expectativa e a mediana de projeções do mercado (R$ 20 bilhões). Na composição do indicador, o Governo Central apresentou superávit de R$ 20,4 bilhões, enquanto os governos regionais foram superavitários em R$ 1,8 bilhão e as estatais deficitárias em R$ 1,2 bilhão. Nos 12 meses encerrados em julho, o resultado primário do setor público consolidado foi superavitário em R$ 230,6 bilhões, equivalente a 2,5% do PIB. Já o resultado nominal, que inclui, além do resultado primário os juros nominais, foi deficitário em R$ 22,5 bilhões em julho. No acumulado em 12 meses, o déficit nominal alcançou 3,9% do PIB. A dívida bruta alcançou o patamar de 77,6% do PIB, redução de 0,4 p.p. em relação ao mês anterior.  O ritmo mais forte da atividade e o preço elevado de commodities continuam a contribuir para resultados favoráveis para a arrecadação. Apesar da perspectiva de aumento de despesas e desonerações que não estavam previstas ao longo do segundo semestre, o setor público consolidado deverá ser superavitário em R$ 92 bilhões nesse ano.

Os EUA registraram criação de 315 mil vagas de emprego em agosto, resultado levemente acima da expectativa do mercado de 298 mil vagas. Em termos de geração de vagas, todos os setores apresentaram resultados positivos, com destaque para criação de 44 mil vagas no setor de comércio. A taxa de desemprego subiu de 3,5% para 3,7%, contando com o avanço do número de pessoas à procura de emprego (a taxa de participação da população economicamente ativa avançou de 62,1% para 62,4%) acima do aumento do número de ocupados (+442 mil). A respeito dos salários, houve alta de 0,3% na margem, frustrando a expectativa de alta 0,4%. Em resumo, o relatório de emprego reafirma a robustez do mercado de trabalho, com forte geração de vagas. Para o Fed, a boa notícia fica por conta da volta das pessoas à procura de emprego, condição necessária para a melhora no balanço entre oferta e demanda por mão de obra e consequente arrefecimento dos salários. Nesse sentido, o dado de agosto é compatível com a continuidade do aperto monetário pelo Fed e encerramento do ciclo com a taxa de juros em 4%.

O quadro inflacionário na economia europeia segue desafiador. Ainda que nesta semana os preços de energia elétrica e de gás natural, negociados no mercado spot, tenham recuado, corrigindo parte das expressivas elevações das últimas semanas, a inflação continua pressionada, superando as expectativas. Segundo resultado prévio de agosto, o índice de preços ao consumidor registrou alta interanual de 9,1%, com o núcleo acelerando de 4,1% para 4,3% entre julho e agosto, nessa mesma métrica, puxado tanto por serviços como por bens industriais. Nossa avaliação é que a inflação seguirá elevada nos meses à frente, adicionando pressão ao Banco Central Europeu, que deve optar por uma alta de 75 pb da taxa de juros na reunião do próximo dia 8 de setembro. De fato, diversos membros do BCE se manifestaram nos últimos dias, sinalizando postura mais dura por parte da autoridade monetária, diante do ambiente corrente e prospectivo da inflação na região.

Normalização da indústria global sustenta expectativa de desinflação de preços de bens. O índice PMI mundial do setor de manufatura recuou de 51,1 para 50,3 pontos entre julho e agosto, apontando para perda de tração do setor na maior parte dos países. Destaque também para a queda dos novos pedidos, estabilização dos estoques e melhora do período de entrega, reforçando a normalização nas cadeias produtivas, com moderação da demanda e melhora da oferta. Somado a isso, houve alívio importante dos preços de insumos, que chegaram a 61,1 pontos em agosto, ante média de 69,2 pontos nos sete primeiros meses do ano, em função principalmente da queda das cotações das commodities. Por fim, os preços finais dos produtos industriais também recuaram, mas ainda há espaço para quedas à frente, em linha com nossa expectativa de que a desinflação de bens ajudará a inflação global recuar no restante do ano.

Na próxima semana

Na agenda doméstica, destaque para a divulgação do IPCA de agosto na sexta-feira (BRAM: -0,46%). No cenário internacional, as atenções estarão voltadas para a reunião do BCE e dados de atividade da Área do Euro.

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