ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

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BRASIL: Banco Central revisa projeções de inflação e atividade para 2021, 2022 e 2023

MUNDO:  ISM nos EUA reforça cenário de demanda robusta e restrições de oferta

Copom) revelou mais detalhes acerca do debate em torno do ciclo de aperto monetário. Em dois documentos divulgados nesta semana, o Banco Central avaliou que, a manutenção do atual ritmo de ajuste, associada ao aumento da magnitude ao final do ciclo da política monetária para um patamar significativamente contracionista, é a mais apropriada para assegurar a convergências da inflação para as metas dos anos de 2022 e 2023.

Na ata da última reunião do comitê, na qual a Selic foi elevada de 5,25% para 6,25%, o Copom indica que o atual ritmo de ajuste é suficiente para atingir patamar significativamente contracionista e garantir a convergência da inflação para a meta em 2022. Diante disso, o Comitê considera a necessidade de uma nova alta de juros na magnitude de 100 pb no encontro de outubro. A decisão por manter esse ritmo teve como justificativa permitir que se obtenha mais informações sobre o estado da economia e o grau de persistência dos choques de inflação observados.

No Relatório Trimestral de Inflação, o Banco Central revisou as projeções de IPCA e PIB para 2021 e 2022. Para a inflação, a projeção no cenário central (trajetória Focus para a Selic e câmbio de acordo com a paridade do poder de compra) subiu de 5,8% para 8,5% em 2021, e foi elevada de 3,5% para 3,7% em 2022. Em decorrência do aperto da política monetária, a projeção para 2023 recuou de 3,3% para 3,2%. A projeção do PIB para esse ano passou de 4,6% no relatório de junho para 4,7% em setembro, sendo essa revisão explicada pelo resultado no segundo trimestre ligeiramente acima do esperado.  Apesar da revisão altista, essa projeção está abaixo da mediana do Focus (5,04%) e da nossa estimativa (5,3%). Com a recuperação da atividade, o Banco Central estima um hiato corrente de –2,0% no primeiro trimestre do ano, e -1,7% nos dois trimestres seguintes. A expectativa do Banco Central é que o hiato fechará ao longo do tempo. No cenário-base, vale notar, que esse fechamento ocorrerá de forma mais lenta do que no cenário do Relatório anterior, em virtude da trajetória mais elevada da Selic na pesquisa Focus.

Em resumo, os dois documentos enfatizam o cenário de compromisso do Banco Central em garantir a convergência da inflação para a meta em 2022. Na reunião de outubro e novembro, o Copom deverá elevar a taxa de juros em 100 pb, elevando a Selic para 8,25%. O ciclo atual de aperto deverá ser encerrado em 9,00%, com uma última alta de 75 pb em fevereiro.

Dados de emprego formal (Caged) de agosto mostraram criação de 372,3 mil vagas. O resultado foi superior à expectativa de mercado (300 mil). Considerando a série com ajuste sazonal, o saldo foi positivo em 266 mil postos de trabalho, resultado menor que julho, de 274 mil. Na abertura por setor, a maior parte dos segmentos registrou resultado positivo, com destaque para serviços (129,5 mil ante 144,6 mil), comércio (63,6 mil ante 80,3 mil) e da indústria de transformação (44,6 mil ante 42,5 mil). Por trás do menor saldo está a alta na margem do nível de demissões (7,7%) em ritmo superior à de admissões (5,9%). Ainda assim, o patamar de contratações supera em 30% o nível pré-crise. Os dados do Caged sugerem continuidade da recuperação da atividade em meio à reabertura.

O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 16,7 bilhões em agosto. O resultado veio acima da expectativa de déficit de R$ 10,6 bilhões. Na composição do indicador, o Governo Central apresentou déficit de -R$ 11,1 bilhões, e as empresas estatais foram superavitárias em R$ 484 milhões. A forte surpresa positiva ficou por parte dos governos regionais, que tiveram saldo positivo de R$ 27,3 bilhões, com a surpresa majoritariamente explicada por um fator pontual (recurso de concessão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro). No acumulado do ano, o setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 1,2 bilhão ante déficit de -R$ 571,4 bilhões no mesmo período de 2020.  A dívida bruta atingiu R$ 6,849 trilhões (82,7% do PIB). Por outro lado, o resultado nominal do setor público consolidado que inclui, além do resultado primário, os juros nominais apropriados, foi deficitário em -R$ 29,7 bilhões no mês, acumulando déficit de 5,6% do PIB nos últimos 12 meses ante 6,8% do PIB em julho. Avaliamos que o setor público consolidado deverá encerrar o ano com déficit de R$ 115 bilhões.

O índice de confiança (PMI) da indústria na China apresentou contração (abaixo de 50 pontos) no mês de setembro. O PMI recuou de 50,1 em agosto para 49,6 em setembro, abaixo da expectativa do mercado (50 pontos). As duas principais explicações para a queda do índice no mês de setembro foram as restrições de oferta de energia no país e a dificuldade na disponibilidade de insumos, que impactaram no recuo das ordens e produção, em especial na indústria pesada. Por outro lado, a parcela do PMI que exclui a indústria avançou,  passando de 47,5 em agosto para 53,2 em setembro, acima da expectativa de mercado (49,2). O aumento da mobilidade foi a principal justificativa para a melhor do índice, principalmente no setor de serviços. A despeito da melhora no componente de serviços, a expectativa no curto prazo é de desaceleração da atividade, tendência que deve persistir ao longo de 2022.

Já nos EUA, o indicador de confiança (ISM) da indústria reforça demanda robusta e maior pressão nos preços. O ISM da indústria avançou de 59,9 para 61,1 pontos entre agosto e setembro. Acima de 50 pontos o indicador indica expansão da atividade. Na composição do indicador, novos pedidos ficaram estáveis em um patamar bastante elevado. Na comparação com o mês de agosto, destaques para o avanço no emprego, que voltou para o patamar de expansão. No contexto de demanda aquecida e gargalos de oferta, o componente de preços permanece bastante pressionado, com elevação de 79,4 para 81,2 pontos. De modo geral, os indicadores confirmam a demanda robusta em oposição à dificuldade do lado da oferta, sinalizando a continuidade da pressão sobre os preços no curto prazo.

 

Na próxima semana

 

Na agenda doméstica, destaque para a divulgação do IPCA de setembro (BRAM:  1,23%), na sexta-feira. Internacionalmente, destaque para a divulgação do relatório do emprego dos EUA na sexta-feira.

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