ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: IPCA-15 varia 0,81% em outubro e CAGED mostra recuperação de empregos.

MUNDO: FED discute detalhes da política de compra de ativos e reforça disposição a fornecer estímulos.

A prévia da inflação ao consumidor  (IPCA-15) de novembro apresentou, mais uma vez, variação acima do esperado.  No mês, o índice subiu 0,81%, em comparação a 0,94% na leitura de setembro, resultado acima da nossa expectativa e da mediana do mercado. Entre os grupos, as maiores surpresas altistas estiveram concentradas em  alimentação e bebidas (variando 2,16% no mês), puxado principalmente por alimentação fora do domicílio (0,87%), e em transportes (1,00%). Com esse resultado, a inflação acumulada em 12 meses medida pelo IPCA-15 se elevou de 3,52% para 4,22%.  A respeito das medidas de núcleo da inflação (métricas que excluem ou suavizam itens voláteis), a média dos 5 principais núcleos registrou alta de 0,57% no mês, na série com ajuste sazonal, e de 2,52% nos últimos 12 meses.

Em linhas gerais, o cenário para a inflação se deteriorou nas últimas semanas, com uma aceleração de preços mais difundida entre as categorias. Em nossa visão, isso é explicado por alguns fatores, como elevação da demanda, alta do câmbio e de commodities. Com os resultados do IPCA-15 de novembro, nossa projeção para a inflação de 2020 foi revisada para 3,8%, o que significa que o desvio em relação à meta do Banco Central para esse ano (4,0%), foi significativamente reduzido. Acreditamos que as próximas leituras de inflação continuarão pressionadas, com dissipação dos efeitos altistas apenas em meados do próximo ano.

No setor externo, o saldo em conta corrente registrou superávit de US$ 1,5 bilhão em outubro. O resultado foi bem superior ao déficit de R$ 8,1 bilhões registrado em igual mês de 2019 e representa o terceiro superávit consecutivo. Assim como nos meses anteriores, o saldo comercial foi o principal responsável pela melhora das contas externas. Também é possível notar um menor déficit na conta de serviços, com destaque para a redução das despesas com viagens e fretes de transporte. Com isso, o saldo acumulado em 12 meses da conta corrente está em -1,0% do PIB. Quanto ao fluxo financeiro, os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 1,8 bilhão no mês. Ao longo dos próximos trimestres, a recuperação da demanda doméstica e, consequentemente, das importações deverá resultar em gradual aumento do déficit em conta corrente.

Dados de criação de emprego formal (Caged) de outubro apresentam surpresa positiva, com criação de vagas acima da expectativa. Quando consideramos os dados com ajuste sazonal, o saldo de criação de vagas no mês  foi de 364 mil em outubro, ante 260 mil vagas em setembro e 177 mil vagas em agosto. Na análise setorial, a principal contribuição para o bom resultado veio do setor de serviços, que abriu 156,8 mil postos de trabalho. Vale lembrar que esse foi o setor mais impactado pelas restrições de mobilidade decorrentes da epidemia. Destaque também para o comércio (115,6 mil vagas) e para a indústria (86,4 mil vagas). O resultado demonstra o efeito da retomada das atividades econômicas sobre o mercado formal de trabalho, mas cabe observar que, nos últimos 8 meses, ainda há um saldo acumulado de destruição de vagas próximo de 700 mil.

A taxa de desemprego atingiu 14,4% no trimestre encerrado em setembro. De acordo com os dados da PNAD, a taxa com ajuste sazonal aumentou de 14,3% para 14,4% na margem. Essa elevação foi causada por uma contração da população ocupada (-0,5%) em ritmo superior à queda da força de trabalho (-0,4%). Isto significa que o movimento de alta do desemprego foi atenuado por pessoas que deixaram de buscar emprego no período. Assumindo uma taxa de participação constante, a taxa de desemprego com ajuste teria sido de 22,3%. A maior contribuição para a queda do número de ocupados veio novamente do trabalho informal, que recuou 1,3% na margem. Entre os setores, as maiores contribuições negativas para a queda da ocupação vieram do comércio e construção (ambos em -0,1%). O rendimento real avançou 0,2% no mês, ao passo que a massa de rendimento real teve queda de 0,1%. Vale ressaltar, que a PNAD não considera como desocupados os trabalhadores com contrato de trabalho suspenso. Esperamos que a taxa de desemprego continue em tendência de alta à medida que mais pessoas reingressem no mercado de trabalho.

Crédito acelera em outubro e chega a 53,4% do PIB. Segundo nota do Banco Central, o saldo de crédito acelerou de 13,1% em setembro para 14,5% em outubro, na comparação anual. O crescimento segue mais forte no crédito destinado às empresas, que subiu de 18,3% para 21,1%. A alta do crédito às empresas foi puxado pelo crédito livre (25,2%), mas também houve alta das linhas direcionadas (15,2%). O crédito às famílias também acelerou, mas em ritmo menor, variando 9,8% na comparação anual, ante 9,3% no mês anterior. Por fim, a inadimplência se manteve em 2,4% no mês.

Nas prévias de novembro, os índices de confiança (PMI) para a Zona do Euro e os EUA mostraram sinais mistos. O PMI Composto prévio da Zona do Euro, que incorpora as expectativas da indústria e do setor de serviços, cedeu para 45,1 em novembro ante 50,0 em outubro, sinalizando piora da atividade econômica na passagem do mês (níveis abaixo de 50 indicam contração). Essa piora foi concentrado no setor de serviços, que tem sido afetado por novas medidas de restrição. Por outro lado, nos EUA, a prévia do PMI Composto subiu de 56,3 em outubro para 57,9 em novembro, com avanço tanto nos serviços quanto na indústria. De um modo geral, ainda há incerteza quanto à evolução da pandemia, mas acreditamos que os efeitos econômicos oriundos de restrições nessa segunda onda devem ser bem mais moderados do que os registrados na primeira.

Nos EUA, o Fed divulgou a ata da sua última reunião de política monetária, trazendo um debate sobre as medidas de estímulo adotadas, em especial a compra de ativos. Com a  taxa de juros mantida no intervalo de 0% a 0,25% desde o começo do ano, os membros destacaram a importância que a compra de ativos passou a ter no suporte à economia. Sobre a possibilidade de ajustes no ritmo de compras ou na maturidade dos ativos, a ata sinaliza que não há motivo aparente para mudança imediata na política, mas que as condições econômicas poderiam requerer alguma alteração adiante. Os membros discutiram sobre a conveniência de se adotar critérios qualitativos para a definição do ritmo e composição da compra de ativos. A respeito da inflação, o cenário considerado segue benigno, considerando que a inflação permanecerá abaixo da meta por um longo período. Tendo isso em vista, o comitê reforçou a necessidade de manter a política econômica acomodatícia.

 

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