Assim como Magazine Luiza, ações hoje pequenas podem se transformar em gigantes.

Entre as mais de 350 empresas com ações negociadas na Bolsa, as companhias menores, chamadas de small caps, atraem investidores pela possibilidade de ganhos extraordinários.

Afinal, não faltam exemplos de ações que, fora dos holofotes da mídia, dobraram de valor, ou até mais do que isso, num único ano, algo difícil de acontecer em papéis de empresas avaliadas na casa das centenas de bilhões de reais, como a Petrobras.

O sonho de qualquer investidor é descobrir o próximo Magazine Luiza, a varejista que já foi pequena e hoje vale mais do que o Banco do Brasil (BB).

Para entrar em small caps, é preciso, contudo, preparar o espírito para as oscilações bruscas do investimento e um olhar clínico, capaz de separar as ações cujo potencial de valorização está sendo ignorado pela maioria dos investidores daquelas que são pequenas porque simplesmente nunca chegarão a ser grandes.

Small caps não são bilhete premiado de loteria. É um nicho que oferece mais oportunidades e também mais riscos via de regra. O risco pode ser mitigado com conhecimento e quando se paga preços baixos pela ação. Mas há parte do risco que não dá para eliminar.
Rodrigo Weinberg, analista da Suno Research

Liquidez é o grande risco

São classificadas como small caps as empresas da Bolsa avaliadas entre R$ 1 bilhão e R$ 10 bilhões. Esta não é, contudo, a única definição.

Comparadas aos grandes nomes da Bolsa, chamadas de blue chips, as small caps também são menos negociadas, o que faz delas um papel mais sensível às oscilações do mercado.

Se há poucos acionistas interessados em vender, paga-se um preço alto para entrar na ação. Se há pouca gente interessada em comprar, é preciso vender mais barato para sair do investimento.

Por isso, as small caps podem subir feito foguete nos momentos em que o mercado está mais comprador. Por outro lado, podem desabar em dias de alta tensão nos mercados, quando a força vendedora é mais forte.

Investidor mais conservador deve aplicar pouco

Aos riscos de volatilidade e liquidez, soma-se o fato de que as small caps recebem atenção menor da imprensa e de analistas. O investidor tem, em geral, menos informação dando respaldo a uma ordem de compra ou venda —sempre comparando com os grandes nomes da Bolsa.

A recomendação de analistas a investidores de perfil conservador é reservar às small caps um espaço menor da carteira de ações. A definição de conservadorismo se baseia não apenas na tolerância ao risco do investidor, mas também em sua familiaridade com o mercado e negócios das empresas avaliadas.

Nas carteiras de investidores mais arrojados, e que conhecem bem a dinâmica tanto do mercado quanto dos negócios onde colocam o dinheiro, as small caps podem chegar, no limite, à metade da carteira de ações. Tudo na busca de retornos superiores à média do mercado.

Comprar na baixa aumenta a segurança

A composição de uma carteira de investimentos envolve aspectos muito particulares como etapa de vida, colchão de liquidez e apetite a risco. De qualquer forma, observe que a recomendação dos analistas nunca é investir apenas em small caps, muito menos numa única ação desta categoria.

Aproveitar pechinchas que surgem em ciclos de baixa e períodos de estresse do mercado é uma boa forma de aumentar a margem de segurança do investimento.

O investidor também terá mais chance de fazer um bom negócio se conseguir dilatar o seu horizonte de investimento, podendo esperar o tempo que for necessário até a empresa alcançar o tamanho previsto no momento do investimento.

Claro, em qualquer situação, é preciso acompanhar de perto se as premissas que motivaram o investimento estão sendo confirmadas.

Há oportunidades, mas também riscos maiores

Em ciclos de bull market (mercado em tendência de alta), as small caps, não raro, ganham maior força num segundo estágio de valorização da Bolsa. É quando as blue chips já estão muito valorizadas, e os investidores, principalmente os estrangeiros, passam a procurar ações de segunda linha negociadas a preços descontados.

Só que quem está interessado em entrar em small caps deve estar ciente da maior oscilação nos preços das ações, o que significa um risco maior se comparado ao investimento em blue chips.

Além disso, a depender do volume a ser vendido, a porta de saída do investimento pode não ser tão rápida. Não é como vender, por exemplo, ações da Petrobras na Bolsa, onde o investidor pessoa física sempre encontrará interessados em suas posições.

Em razão da menor liquidez, os investidores costumam cobrar descontos para entrar em small caps. Sem sair do exemplo acima, é razoável investir numa companhia petroleira pequena apenas se ela estiver mais barata do que a Petrobras, dado o risco de o investidor encontrar maior dificuldade para deixar o investimento.

Geralmente as small caps são mais sensíveis ao crescimento. Mesmo num ciclo econômico normal, elas crescem mais do que as demais. Num bull market, a small cap vai subir mais, mas num bear market [mercado em baixa], ela vai cair bem mais também. Isso a gente já viu várias vezes no Brasil.

Roberto Attuch, CEO da casa de análises Ohmresearch

As small caps costumam cair mais rápido e subir mais rápido. Em geral, elas estão mais ligadas ao mercado doméstico, sendo mais sensível à economia local. Pela liquidez mais restrita, ficam mais sensíveis a grandes variações.

Stefa

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