ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: O indicador de atividade do Banco Central frustra as expectativas em agosto

MUNDO: Produção Industrial nos EUA surpreende positivamente em setembro

No cenário internacional, o destaque da semana foram os dados de inflação na Europa e as mudanças de governo ocorridas no Reino Unido. Os mercados europeus também sofreram de forma negativa com as divulgações de dados pressionados de inflação no Reino Unido e na Zona do Euro, que reforçam os temores d que os bancos centrais continuem a apertar a política monetária. Além disso, outro dado relevante divulgado foi a inflação ao produtor (PPI, sigla em inglês) da Alemanha, exibindo elevação de 45,8% em 12 meses. No Brasil, as atenções se voltaram para a divulgação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), que teve queda de 1,1%, abaixo da nossa projeção e da mediana do mercado (ambas em -0,7%).

Relatório Focus exibe melhora das projeções de inflação e PIB para 2023. As revisões para o IPCA deste ano sofreram impactos significativos por conta das medidas tributárias em torno dos combustíveis, energia elétrica e telecomunicações. No mês anterior, as projeções eram de 6,0% e 5,0% para 2022 e 2023, respectivamente, tendo passado para 5,62% e 4,97% nesta semana. Para a inflação de 2024, horizonte que ganhou maior relevância nas decisões de juros do Banco Central, as projeções de mercado estão em 3,4%, acima da meta de 3,0%. Para 2025, a projeção de inflação volta a convergir para a meta de 3,00%. Nossa estimativa é que a inflação encerre o ano de 2022 e 2023 em 5,5% e 4,6%, respectivamente. No curto prazo, esperamos que o período deflacionário tenha se encerrado no final do terceiro trimestre, com expectativa de altas na margem no restante do ano. A mediana das projeções para o crescimento do PIB de 2022, por sua vez, também sofreu revisões relevantes para este ano, situando-se em 2,71%. Nossa projeção está em linha com a mediana do mercado para este ano, mas contempla um PIB de 0,8% para 2023, acima das expectativas do mercado, em 0,59%. Por fim, em relação a expectativa para à taxa Selic, esperamos manutenção da taxa em linha com o mercado, mas com o primeiro corte já na reunião de maio de 2023 (magnitude de 25 pp). Para 2023 e 2024, o mercado projeta 11,25% e 8,00%, respectivamente. Na nossa visão, mantemos a expectativa de uma taxa ao final de dezembro de 2023 em 10%.

 Sobre o dado oficial do Banco Central, o indicador de atividade frustrou as expectativas do mercado em agosto. Na margem, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) teve queda de 1,1%, abaixo da nossa projeção e da mediana do mercado (ambas em -0,7%). Na comparação anual, o resultado apresentou alta de 4,9%, com crescimento de 2,8% em relação ao pré-crise. O resultado negativo do mês repercutiu a queda da produção industrial (-0,6% na margem) e das vendas no varejo (-0,6%), embora o volume de serviços tenha avançado em 0,7%. Em termos de carrego, a média do IBC-Br entre julho e agosto representa alta de 1,5% em relação ao 2º trimestre.

Nos EUA, a produção da indústria avançou 0,4% na margem em setembro, com alta de 0,4% da indústria de transformação. O resultado ficou acima da expectativa do mercado (0,1%), após recuo de 0,1% do índice em agosto. A indústria de transformação, com o resultado positivo no mês, está 3,9% acima do patamar pré-crise. Em relação ao trimestre anterior, o avanço da indústria foi de 0,7% no terceiro trimestre. Já a utilização da capacidade instalada (NUCI) aumentou, passando de 80,1% em agosto para 80,3% em setembro. O resultado do mês surpreendeu positivamente, tendo em vista o processo de substituição do consumo entre bens e serviços. Na próxima semana será divulgada a primeira leitura do PIB do terceiro trimestre, para qual estimamos avanço de 0,7% na margem, após queda de 0,1% no trimestre anterior.

Na Zona do Euro, a inflação segue pressionada, para além dos preços de energia. No resultado final de setembro, quando comparado com o mesmo período do ano passado, o índice de preços ao consumidor acelerou, passando de uma alta de 9,1% em agosto para outra de 9,9% em setembro, com elevação de 1,2% ante agosto. Esse resultado foi influenciado principalmente pelos preços de energia, que subiram 40,7%. Merece atenção o resultado do núcleo de inflação, métrica que exclui alimentos e combustíveis, que acumulou alta de 4,8% nos últimos 12 meses ante elevação de 4,3% registrada em agosto. Com base na inflação já observada e nas perspectivas de que os preços de energia continuarão pressionados, esperamos alívio gradual da inflação nos trimestres à frente. Diante disso, acreditamos que o Banco Central Europeu anunciará na semana que vem uma alta da taxa de juros de 75 pb, reforçando que elevações adicionais acontecerão nas próximas reuniões. Somado a isso, no Reino Unido, a inflação também segue em patamar elevado. O índice de preços ao consumidor, na comparação interanual, subiu 10,1% em setembro, ante alta de 9,9% registrada em agosto; o núcleo do índice avançou 6,5%, ante elevação de 6,3% no mês anterior. Esses resultados continuam pressionando o Banco da Inglaterra a subir mais os juros, em um momento bastante delicado na região com incertezas vindas do ambiente político e fiscal e dos riscos que emergiram no mercado financeiro local.

Na próxima semana

Na agenda doméstica, destaque para a divulgação do IPCA-15 de outubro (Bradesco Asset: 0,11%) na terça-feira e para a reunião de decisão da política monetária do Copom na quarta-feira. No cenário internacional, destaque para a divulgação dos dados de atividade na China e decisões das taxas de juros no Japão e Zona do Euro.

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