SÍNTESE ECONÔMICA DE SETEMBRO

SÍNTESE ECONÔMICA DE SETEMBRO

Brasil: Copom mantém Selic em 2% a.a e sinaliza estabilidade  por período prolongado

Mundo: Fed anuncia forward guidance e BCE mantém política monetária estimulativa

O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic com a indicação que a taxa de juros deve permanecer próxima do patamar atual por período prolongado. Em decisão unânime, a Selic foi mantida em 2,00% a.a., em, linha com as expectativas. Os membros reforçaram a avaliação de que a recuperação da atividade nas principais economias, ainda que concentrada no mercado de bens, tem ocorrido de modo mais favorável, mas ressalta que o cenário ainda é de incerteza frente a uma possível redução dos estímulos governamentais e à própria evolução da pandemia. A inflação de curto prazo, por sua vez, deverá contar com pressão temporária de alimentos e normalização parcial de alguns preços de serviços.

A respeito do balanço de riscos para a inflação, o BC ressalta que permanecem riscos em ambas as direções. De um lado, a elevada ociosidade, concentrada no setor de serviços,  pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado, o que se intensifica em caso de reversão mais lenta da pandemia e aumento da poupança precaucional. Por outro lado, medidas fiscais em resposta à pandemia que gerem deterioração da trajetória fiscal de forma prolongada, aliadas à incerteza sobre a continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco. Além disso, as políticas de recomposição da renda e estímulo creditício podem fazer com que a queda da demanda agregada seja menor do que a esperada.

O Copom reforçou o forward guidance introduzido na última reunião. De acordo com essa diretriz, a Selic deve permanecer nesse patamar até que a expectativa de inflação, bem como as projeções de inflação de seu cenário básico, estejam próximas da meta no horizonte relevante para a política monetária (2021 e, em menor grau, 2022).  Além disso, o comitê condicionou sua intenção para a política de juros a dois outros fatores: manutenção do regime fiscal e ancoragem das expectativas de inflação de longo prazo. Se houver espaço para novos cortes, devem ser feitos de forma cautelosa e gradual por conta de questões de natureza prudencial. Avaliamos que a Selic deva permanecer nesse patamar até pelo menos o 2° semestre de 2021.

Em termos de dados econômicos, a inflação segue em patamar baixo e a atividade em trajetória de recuperação. A prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) de setembro avançou 0,45%, acumulando alta de 2,7% em 12 meses. Apesar da aceleração causada pelo aumento dos preços de alimentos, a média dos núcleos de inflação (exclui itens voláteis) desacelerou, registrando alta de 0,12% no mês e de 2,0% em 12 meses. Em linhas gerais, o cenário de preços segue benigno. Nossa projeção para 2020 passou para 2,2%, abaixo do piso da meta do Banco Central (2,5%). O Índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 2,2% na margem em julho. O indicador prévio do PIB refletiu as altas da indústria (8,0%), do comércio (7,2%) e do setor de serviços (2,6%) no mês. Na comparação interanual, o índice recuou 4,9%.  Os números são compatíveis com a nossa expectativa de queda de 5,2% do PIB nesse ano.

O Fed decidiu manter as medidas acomodatícias e introduziu o forward guidanceNos EUA, o Fed manteve a taxa de juros entre 0% a.a e 0,25% a.a e os programas de estímulo (compra de ativos) e de crédito no mesmo patamar. Como sinalização, o Fed afirmou que o vírus continua apresentando riscos consideráveis à economia. Como novidade, o Fed introduziu o forward guidance, política na qual se compromete em manter a taxa de juros no patamar atual até as condições no mercado de trabalho alcançarem o nível de máximo emprego, e a inflação exceda moderadamente a meta de 2% por algum tempo . Apesar de projeções mais otimistas, o Fed sinalizou que a taxa de juros não será elevada até pelo menos 2023. Jerome Powell, presidente do Fed, reconheceu a melhora nas condições financeiras, porém reforçou a fragilidade do mercado de trabalho e a elevada incerteza relacionada à pandemia. Caso o cenário de risco se materialize, o Fed não descarta o aumento do grau de estímulo.

O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou manutenção dos estímulos monetários,. O banco manteve a política emergencial de compra de títulos e ativos financeiros, além de manter o patamar da taxa de depósito em -0,5% a.a., da taxa de refinanciamento em 0,0% e da taxa de empréstimo em 0,25%. As projeções contaram com uma melhora da perspectiva para atividade e inflação. A respeito da recente apreciação do Euro, que pode produzir um impulso baixista para os preços e dificultar ainda mais o alcance da meta de inflação, a instituição afirmou que o BCE está monitorando a evolução do câmbio, e que no atual estágio não é necessário reagir. Diante do quadro de elevada incerteza, o BCE deverá manter os estímulos monetários por um período prolongado, de forma a fazer com que a inflação convirja de forma consistente à meta de 2%.

Índices de confiança (PMI) da Zona do Euro e dos EUA em setembro demonstram que a atividade permanece em patamar expansionista. O PMI Composto prévio da Zona do Euro, que incorpora as expectativas da indústria e dos serviços atingiu 50,1 pontos em setembro ante 51,9 em agosto. Apesar da desaceleração, em especial no setor de serviços, o PMI sinaliza expansão da economia puxada pela indústria (acima de 50 pontos indica expansão). Já nos EUA, o PMI Composto dos EUA avançou de 53,1 pontos em agosto para 53,5 pontos em setembro. Os índices corroboram o cenário atual de reabertura econômica, mesmo que ainda com incerteza quanto à contenção da pandemia e a velocidade na retomada dos serviços. Os países mantêm estímulos monetários e fiscais que devem ajudar na continuação do processo de recuperação. O PIB global deverá recuar cerca de 3% em 2020.

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