SÍNTESE ECONÔMICA DE OUTUBRO

No Brasil: o Copom reduz a Selic para 5,5% a.a. e sinaliza cautela nos próximos passos.

Nos EUA: o Fed corta juros em  25 p.b. e sinaliza manutenção em dezembro.

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic pela 3ª vez consecutiva e sinalizou cautela no grau de novos estímulos monetários. Em decisão unânime, a Selic passou de 5,5% para 5,0% ao ano, conforme o esperado. No comunicado, manteve-se a avaliação de que os dados recentes reforçam a melhora da economia brasileira, embora em ritmo gradual, e a inflação e os seus núcleos seguem em níveis confortáveis. O comunicado também ressaltou que a continuidade das reformas estruturais é importante para a consolidação da taxa de juros em níveis mais baixos. Além disso, no âmbito global, o cenário segue favorável para os países emergentes, com os estímulos monetários adotados nas principais economias, embora permaneça a incerteza acerca de uma desaceleração global mais intensa. Sobre os passos seguintes, o Copom sugere que o cenário permite ajuste adicional de 0,50 p.p. na reunião de dezembro, mas reforça cautela em eventuais novos ajustes, já que os efeitos da política monetária têm impactos defasados​​na atividade e nos preços, o que eleva o risco da trajetória de inflação chegar a níveis acima da meta.

Segundo as projeções do BC, a inflação permanece abaixo da meta em 2019, 2020 e 2021. Considerando os cenários de inflação com trajetórias de taxas de juros e câmbio da pesquisa de mercado (Focus), a inflação se situa em torno de 3,4% em 2019, 3,6% em 2020 e 3,5% em 2021. No cenário híbrido, com taxa de câmbio constante e trajetória de juros da pesquisa Focus, a inflação atinge 3,4% para 2019, 3,7% para 2020 e 3,6% para 2021. Vale notar que, em qualquer cenário do horizonte de projeções, a inflação se encontra abaixo da meta. Acreditamos que a continuidade da ociosidade elevada permitirá uma trajetória benigna de inflação para os horizontes de médio prazo. Nossa projeção da Selic para 2019 e 2020 permanece em 4,5% ao ano.

Em termos de dados econômicos, a prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) manteve-se abaixo da meta do Banco Central e os dados de atividade de agosto reforçam ritmo moderado da economia. Em outubro, o IPCA-15 variou 0,09% e, em 12 meses, passou de 3,2% para 2,7%. Para o ano, projetamos alta de 3,2%. Com relação à atividade, o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 0,1% em agosto, após a queda de 0,1% registrada em julho. Com esses dados, acreditamos que a liberação dos saques do FGTS e os efeitos da política monetária sobre a economia devam impulsionar a atividade no 4º trimestre. Projetamos que o crescimento do PIB será de 1,0% em 2019.

Por fim, a Reforma da Previdência foi aprovada em 2º turno no Senado Federal. Com 56 votos a favor (mínimo de 49 para aprovar) e 19 contra, a reforma foi aprovada em 1º turno no plenário do Senado e com 60 votos a favor e 19 contra foi aprovada em 2º turno. Após essa votação final no Congresso, o texto deve ser promulgado até meados de novembro. A reforma implicará uma economia de aproximadamente R$ 800 bilhões nos próximos dez anos, de acordo com os cálculos do governo. Segundo as nossas hipóteses e modelo, a economia será de R$ 720 bilhões.

No âmbito global, o Fed reduziu a taxa de juros e o crescimento do PIB no 3º trimestre surpreendeu as expectativas. O Fed reduziu a taxa de juros em 0,25 p.p., passando para o intervalo entre 1,50% e 1,75% ao ano. Em seu comunicado, afirmou que a atividade segue robusta e sem pressão inflacionária, enquanto a incerteza global permanece. A respeito dos próximos passos, o presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que um novo corte ocorrerá somente se houver uma piora ‘material’ nas perspectivas. Por outro lado, Powell afastou qualquer possibilidade de aumento de juros no curto prazo. Com dados mais favoráveis de atividade e a perspectiva de melhora na relação comercial entre EUA e China, o Fed deverá manter inalterados os juros na próxima reunião de dezembro.

Na Zona do Euro, o Banco Central Europeu (BCE) defendeu a continuidade da política monetária estimulativa e a prévia do PIB do 3º trimestre mostra a continuidade de um crescimento fraco. Na reunião de outubro, o BCE reforçou que pretende manter as taxas de juros e depósito bancário nos níveis atuais, bem como seu programa de recompra de títulos, até que observe uma convergência robusta da inflação a um nível próximo à meta, atualmente estipulada em 2%. Com relação à atividade, o PIB da Zona do Euro expandiu 0,2% na margem, acima da expectativa (0,1%), e manteve o mesmo ritmo do trimestre anterior. Com relação à dinâmica de preços, o CPI registrou alta de 0,7% em outubro na variação anual. Esses indicadores reforçam a postura acomodatícia do Banco Central Europeu no contexto de desaceleração da atividade na região, que sofre com sua maior exposição ao cenário de incerteza global.

Na China, o PIB desacelerou no 3º trimestre, obtendo o menor crescimento em 27 anos, e a inflação ao consumidor segue pressionada por conta da gripe suína. No 3º trimestre, o PIB da China registrou aumento de 6,0% na comparação anual, abaixo do crescimento obtido no trimestre anterior, de 6,2%. O resultado, ligeiramente abaixo da expectativa do mercado, foi impulsionado pelos indicadores de atividade de setembro. A inflação ao consumidor de setembro, por sua vez, acelerou de 2,8% em agosto para 3,0% em setembro, na comparação anual, sendo impulsionada pela alta da carne suína, que subiu 69% na variação anual. Apesar da aceleração, o núcleo do CPI (exclui alimentos e energia) manteve-se em patamar baixo, com variação de 1,5%. Por se tratar de um choque de oferta, a inflação não deve alterar a condução da política monetária expansionista, promovendo novos cortes de juros para atenuar o ritmo de desaceleração da atividade. Avaliamos que o crescimento deve migrar de 6,0% nesse ano para 5,8% em 2020.

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