SÍNTESE ECONÔMICA DE DEZEMBRO

Brasil: o Copom reduziu a Selic para 4,5% a.a., sem prover sinalização para a próxima reunião

EUA: fase 1 do acordo entre China e Estados Unidos reduz a incerteza global


No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic pela 4ª vez consecutiva e novos ajustes dependerão da evolução da atividade econômica.
 Em decisão unânime, a Selic passou de 5,0% para 4,5% a.a., conforme o esperado. Em sua comunicação, o Banco Central (BC) preferiu não se comprometer com novos cortes na taxa Selic, passando a depender da evolução do cenário. Os membros reforçaram a avaliação de que o processo de recuperação da economia ganhou tração e que esse seguirá em ritmo gradual. A inflação e os seus núcleos seguem em níveis confortáveis, bem como as expectativas ancoradas. Ademais, alguns membros avaliam que os últimos dados de atividade e a maior eficiência no mercado de crédito e capitais podem implicar redução da ociosidade mais rápido do que o esperado, gerando pressão inflacionária. O Copom sugere cautela em eventuais novos ajustes, já que os efeitos da política monetária têm impactos defasados​​na atividade e nos preços. Por outro lado, as projeções de inflação do BC permaneceram abaixo da meta, mesmo incorporando um câmbio mais depreciado. Avaliamos que, com a recuperação da atividade de forma mais consistente, o Copom deverá manter a taxa Selic em 4,5% a.a. ao longo de 2020.

Em termos de dados econômicos, o IPCA-15 acelerou em dezembro com maior pressão em alimentação e administrados. Em dezembro, a prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15)subiu 1,05%. Com isso, o indicador encerrou 2019 com alta de 3,9%, abaixo do centro da meta do Banco Central (4,25%). A inflação de dezembro foi pressionada pelos preços de proteínas, somente a carne bovina subiu 18,6% no IPCA-15. Além disso, os preços administrados tiveram alta de 1,0%, após estabilidade em novembro, impulsionados pelo aumento de 37% nos preços das apostas lotéricas. Com esses números, a nossa projeção para o IPCA no ano ficou em 4,2%.

O índice de atividade econômica (IBC-Br) registrou novo aumento em outubro e os dados do ministério do trabalho (CAGED) mostraram a criação líquida de 89 mil vagas formais em novembro. O IBC-Br avançou 0,2% em outubro, refletindo a melhora na indústria (0,8%), comércio ampliado (0,8%) e serviços (0,8%). Além disso, os dados do CAGED mostraram a criação líquida de 89 mil novas vagas em novembro, na série com ajuste sazonal. Avaliamos que o cenário de recuperação do emprego formal deverá continuar em dezembro. Os dados reforçam, portanto, a retomada gradual da atividade. O nosso tracking do PIB para o 4º trimestre está em 0,6% na variação trimestral. A projeção para o crescimento de 2019 é de 1,1%.

Fase 1 do acordo entre China e Estados Unidos reduz incerteza relacionada à guerra comercial. Os EUA e a China chegaram a um acordo em dezembro. A China se comprometeu a comprar US$ 50 bilhões em commodities norte-americanas e os Estados Unidos irão suspender a implementação de novas tarifas de importação (15% sobre US$ 160 bilhões), programadas para entrar em vigor no dia 15 de dezembro. Outros US$ 120 bilhões em importações da China terão alíquota reduzida de 15% para 7,5%. Essa 1ª fase de acordo comercial reduz o risco de uma desaceleração global mais intensa e possibilita melhora dos indicadores de confiança.

Nos EUA, o Fed manteve a taxa de juros e sinalizou que seu nível está apropriado para manter o crescimento da economia americana. Na reunião de dezembro, a taxa de juros permaneceu no intervalo entre 1,50% e 1,75% ao ano. Em seu comunicado, a autoridade monetária enfatizou que os dados recentes mostram um mercado de trabalho robusto e a atividade crescendo em ritmo moderado. A dinâmica de inflação nos EUA segue comedida, o que deve permitir que o Fed mantenha a política monetária acomodatícia nas próximas reuniões. Em seu discurso, o presidente do Fed, Jerome Powell, enfatizou que é preciso uma mudança material importante para que haja algum movimento de juros, em ambas as direções. Ele afastou qualquer possibilidade de aumento de juros no curto prazo até que haja uma alta persistente da inflação, acima do patamar de 2%. Diante do atual cenário, avaliamos que o Fed deverá manter inalterados os juros ao longo de 2020.

O Banco Central Europeu (BCE) manteve inalterada a política monetária estimulativa na 1ª reunião sob o comando de Christine Lagarde. A taxa de depósito foi mantida em -0,5%, a de refinanciamento em 0,0% e a taxa de empréstimo permaneceu em 0,25%. No comunicado, o BCE reforçou que pretende manter as taxas nos níveis atuais, bem como a continuidade de seu programa de recompra de títulos, até que observe uma convergência robusta da inflação a um nível próximo à meta, atualmente estipulada em 2%. Em sua 1ª reunião, a presidente Christine Lagarde prometeu uma revisão das estratégias do BCE em 2020. Em geral, a postura do BCE deve se manter acomodatícia, no contexto de desaceleração da atividade na região, que sofre com sua maior exposição ao cenário de incerteza global.

Na China, os dados de atividade superaram as expectativas em novembro. No mês, a indústria cresceu 6,2% na comparação anual, acima da expectativa do mercado (5,0%) e acelerando com relação ao crescimento registrado em outubro (4,7%). As vendas no varejo, por sua vez, aceleraram de 7,2% para 8,0%, acima da expectativa (7,6%). Também na comparação anual, os investimentos em ativos fixos permaneceram estáveis em 5,2% em novembro.  Os dados do 4º trimestre seguem compatíveis com crescimento de 5,8% do PIB, abaixo do crescimento obtido no trimestre anterior (6%). As autoridades chinesas seguem adotando medidas pontuais para impulsionar o crescimento. A inflação mais pressionada, por sua vez, tem reduzido o espaço para o estímulo monetário.

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