RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil, o PIB do 1º trimestre confirmou o fraco ritmo da atividade no início do ano. Na China, a confiança da indústria voltou a sugerir contração, afetada pela escalada na guerra comercial.

O PIB registrou queda no 1º trimestre, confirmando o arrefecimento da atividade. Na margem, a economia contraiu 0,2%, em linha com a mediana do mercado e ligeiramente abaixo da nossa expectativa (-0,1%). Pela ótica da despesa, o destaque foi a forte contração de 1,7% dos investimentos. Vale destacar que esse componente está 29% abaixo do pico alcançado em 2013. Por sua vez, o consumo das famílias cresceu 0,3% e os gastos do governo aumentaram 0,4%. Analisando a partir da ótica da oferta, a decepção ficou por conta da indústria que contraiu 0,7%, impulsionada pelos subsetores de indústrias extrativas (-6,3%) e construção (-2,0%). Já os serviços cresceram 0,2%, enquanto a agropecuária caiu 0,1%. Em linhas gerais, o fraco resultado do primeiro trimestre foi concentrado na indústria, como esperado, ao passo que o setor serviços manteve a resiliência. Nossa expectativa é que o menor efeito da queda da produção de minério de ferro e a recuperação da indústria de transformação deverão permitir que a economia volte a crescer no 2º trimestre. Com o resultado do     1º trimestre, a nossa projeção de crescimento do PIB para 2019 foi reduzida de 1,1% para 0,8%.

Indicadores do mercado de trabalho, por sua vez, foram favoráveis em abril, mas a queda do desemprego segue gradual. Com ajuste sazonal, a taxa de desemprego diminuiu de 12,0% para 11,9% entre março e abril, em linha com a nossa projeção. Essa queda é explicada pelo crescimento da população ocupada que teve aumento de 0,4% na margem, acumulando o 3º mês consecutivo de alta. Destaque para a ocupação formal que apresentou forte crescimento (0,7% na margem), enquanto a ocupação informal permaneceu praticamente estável. A recuperação mais consistente do mercado de trabalho, principalmente o formal, é um sinal importante para afastar o risco de desaceleração do consumo e crescimento do PIB nos próximos trimestres.

As contas externas permanecem favoráveis, com o investimento direto no País (IDP) atingindo o maior patamar em 12 meses desde 2012. Em abril, o saldo em conta corrente foi deficitário em US$ 62 milhões, abaixo da nossa projeção (+ US$ 600 milhões) e do mercado (+ US$ 500 milhões). Com os números de abril, a economia permanece com o mesmo déficit em 12 meses registrado em março, de US$ 13,7 bilhões (-0,73% do PIB). Quanto ao fluxo financeiro, o investimento direto no país somou US$ 6,9 bilhões no mês. O saldo acumulado em 12 meses é de US$ 92,5 bilhões (4,7% do PIB), patamar mais alto desde dezembro de 2012. Já o fluxo líquido de renda fixa, ações e fundos foi negativo em US$ 547 milhões, mas acumula entrada de US$ 10 bilhões no ano, grande parte para investimentos em renda fixa. A taxa de rolagem ficou em 43% no mês (ante 45% em março), com média de 54% no ano. As contas externas seguem em um quadro de robustez, com destaque para o fato do investimento direto financiar o déficit em transações correntes.

Em termos fiscais, o setor público consolidado obteve superávit sazonal em abril. No mês, o superávit primário foi de R$ 6,6 bilhões, acima da nossa projeção de R$ 4,2 bilhões. Em 12 meses, o déficit acumulado atingiu R$ 95,6 bilhões (1,4% do PIB) e o resultado nominal, que inclui o cálculo dos juros, ficou deficitário em R$ 485,1 bilhões (7,0% do PIB). Por sua vez, a dívida bruta aumentou de 78,5% para 78,8% do PIB entre março e abril. As contas fiscais apresentam um resultado mais positivo no início do ano, porém grande parte do ajuste é baseado no maior controle das despesas do governo. Para o ano de 2019, nossa projeção de déficit primário é de R$ 110 bilhões (1,5% do PIB), ante meta estipulada pelo governo de R$ 132 bilhões (1,8% do PIB).

Os dados de crédito desaceleraram em abril, mas o estoque seguiu em alta na comparação anual. No mês, o estoque total de crédito somou R$ 3,3 trilhões, aumento de 5,4% em termos anuais (ante 5,7% em março), com alta de 9,5% no saldo de pessoa física (9,2% em março) e aumento de 0,6% em pessoa jurídica (1,6% em março). Como proporção do PIB, o estoque de crédito caiu de 47,3% para 47,0% do PIB no período. Por fim, a taxa de inadimplência permaneceu em 3,0%. O mercado de crédito se mantém em recuperação consistente dado o baixo nível da taxa de juros e a diminuição do nível de alavancagem das empresas e famílias.

Na China, os dados de confiança da indústria (PMI) frustraram em maio, com a piora na guerra comercial. Entre abril e maio, o PMI oficial da indústria cedeu de 50,1 para 49,4 pontos, abaixo do esperado (49,9 pontos). Com isso, o setor volta a sugerir contração (abaixo de 50 pontos). A piora nos componentes do indicador foi difusa, com destaque para a deterioração do sentimento da demanda externa em decorrência da guerra comercial. A parte positiva ficou por conta do PMI dos outros setores (construção e serviços) que se manteve em 54,3 pontos e segue em expansão. Acreditamos que em virtude da escalada na guerra comercial, com a possibilidade de novos aumentos nas tarifas, o governo chinês anuncie novas medidas de estímulo monetário e fiscal nos próximos meses.

Nos EUA, o presidente Donald Trump anunciou a adoção de tarifas sobre importações do México. De forma a pressionar o governo mexicano a tomar medidas contra as imigrações ilegais, os EUA irão adotar a partir do dia 10 de junho tarifas de 5% sobre todas as importações do México. Essa tarifa será aumentada gradualmente até que haja um acordo sobre essa questão. Caso o problema persista, as tarifas serão elevadas para 10% em 1º de julho e acrescidas em 5% a cada mês até que atinja 25%. Esse novo anúncio se torna mais um capítulo na escalada da guerra comercial, aumentando o nível de incerteza e afetando negativamente o PIB global.

Na próxima semana, destaque para divulgação dos dados de atividade e de inflação. Na agenda local a produção industrial (PIM) de abril será divulgada na terça-feira. Projetamos alta de 0,4% na margem. Na sexta-feira, será publicada a inflação ao consumidor (IPCA) de maio, para a qual esperamos alta de 0,21%. Na Zona do Euro, destaque para a decisão de política monetária (BCE) na quinta-feira. Além disso, serão divulgados dados de inflação ao consumidor na terça-feira e vendas no varejo na quarta-feira. Por fim, serão publicados os dados de emprego nos EUA ao fim da semana.

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