INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS – BRADESCO

INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: PIB tem crescimento acima do esperado no 1º trimestre

MUNDO:  Nos EUA, criação de vagas fica abaixo do esperado em maio

 

O PIB do 1º trimestre de 2021 registrou alta de 1,2% na comparação com o trimestre anterior. O resultado veio acima da nossa projeção e da mediana do mercado (ambas em 0,9%). Os maiores desvios em relação a nossa expectativa se concentraram no comércio, agropecuária e construção civil, com taxas de crescimento maiores que o esperado. Apesar da ausência de pagamento de auxílio emergencial no período e do recrudescimento das medidas de isolamento social em março, houve crescimento em todos os setores à exceção da indústria de transformação (impactada por problemas de insumos) e da administração pública (com os efeitos das restrições sobre aulas e procedimentos eletivos de saúde). Em relação ao mesmo período do ano anterior, o PIB teve crescimento de 1,0%, retornando para um patamar próximo ao pré-crise.

Na comparação trimestral, pela ótica da oferta, houve crescimento dos três grandes setores. O maior destaque foi a agropecuária, com crescimento de 5,7%.  Os setores de serviços e industrial avançaram 0,4% e 0,7%, respectivamente. Pela ótica da demanda, o recuo do consumo das famílias (-0,1%) e do governo (-0,8%) foi contrabalançado pela alta do investimento (4,6%) e da variação positiva de estoques. O desempenho líquido do setor externo foi negativo, refletindo a alta das importações (11,6%) em ritmo superior ao das exportações (3,7%). Nesse caso, vale destacar o impacto das importações fictas de plataformas de petróleo no âmbito do Repetro, que também inflou o investimento. Apesar da surpresa positiva, não houve mudança de percepção qualitativa. À medida que a vacinação avance, esperamos reabertura gradual da economia, com crescimento mais pronunciado no segundo semestre.  Para o 2º trimestre desse ano, projetamos estabilidade do PIB.

A produção industrial recuou 1,3% na margem em abril. A alta da indústria extrativa (1,6%), puxada pela produção de petróleo e minério de ferro, foi mais do que compensada pelo recuo da indústria de transformação (-2,2%), que passou a se situar 1,0% abaixo do patamar pré-crise. As principais contribuições negativas vieram do refino de petróleo (-9,5%), que foi prejudicado pela greve de uma refinaria no mês, e da fabricação de alimentos (-3,4%). Contrabalançando parcialmente esses recuos, a produção de veículos avançou 1,4% em abril.  Dentre as categorias de uso, foram registradas quedas em bens de consumo semi e não duráveis (-0,9%), com destaque para vestuário, e bens intermediários (-0,8%).  Por  sua vez, houve alta da produção de bens de consumo duráveis (1,6%) e bens de capital (2,9%), puxados por caminhões e máquinas. A produção de insumos típicos da construção civil teve alta de 1,8% no mês e se situa 15,8% acima do nível pré-crise. As próximas leituras deverão ainda ser influenciadas negativamente por problemas no fornecimento de insumos, mas indicadores coincidentes apontam para melhor desempenho do setor em maio.

O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 24,3 bilhões em abril. O resultado veio acima da nossa expectativa (R$ 18 bilhões) e da mediana de projeções do mercado (R$ 17 bilhões). Na composição do indicador, o Governo Central apresentou superávit de R$ 16,3 bilhões e os governos regionais foram superavitários em R$ 7 bilhões. As estatais tiveram saldo positivo de R$ 1 bilhão. No acumulado de 12 meses, o resultado primário do setor público consolidado foi deficitário em R$ 544 bilhões, equivalente a 7,1% do PIB. A dívida bruta se reduziu para 86,7% do PIB. O resultado nominal que inclui, além do resultado primário, os juros nominais, foi superavitário  em R$ 30 bilhões no mês, acumulando déficit de 10,8% do PIB em 12 meses.  Os resultados do 1º quadrimestre surpreenderam positivamente, em especial o aumento das receitas e o desempenho dos governos regionais. Para o ano projetamos déficit primário de 3% do PIB.

Indicadores de confiança (ISM) nos EUA reforçam a continuidade da retomada, mas apontam problemas na obtenção de insumos e mão de obra. O ISM da indústria avançou de 60,7 para 61,2 pontos entre abril e maio. Acima de 50 pontos o indicador indica expansão da atividade. Na composição do indicador, novos pedidos permaneceram em trajetória de alta, assim como o componente que indica o atraso na entrega dos pedidos, tendo como pano de fundo a dificuldade de insumos disponíveis e mão de obra. Nesse contexto de demanda aquecida e gargalos de oferta, o componente de preços permaneceu pressionado, no patamar de 88 pontos, enquanto o de emprego recuou de maneira importante, de 55,1 para 50,9 pontos entre abril e maio. Esse mesmo cenário foi observado no setor de serviços. Enquanto o indicador agregado de confiança mostrou novo avanço de 62,7 para 64 pontos no período, o atraso na entrega dos pedidos, a alta dos preços e a queda no componente de emprego também foram observados. De modo geral, os indicadores confirmam o ambiente de inflação pressionada no curto prazo diante da recuperação mais disseminada da atividade.

Apesar do aumento da confiança, os EUA registraram surpresa negativa no mercado de trabalho, com a criação de 559 mil vagas de emprego em maio. A expectativa era de criação de 675 mil vagas. A taxa de desemprego recuou de 6,1% para 5,8%. A variação é explicada pelo avanço da população ocupada e recuo da população à procura de emprego. Apesar da geração de vagas, o número de empregados ainda se mantém cerca de 7 milhões abaixo do pré-crise. Entre os setores, destaque positivo novamente para o setor de lazer (+292 mil). Os salários, por sua vez, aceleraram acima do esperado, com alta na margem de 0,5%. Medidas qualitativas do mercado de trabalho mencionadas pelo Fed, como a taxa de desemprego de grupos vulneráveis e número de desempregados em caráter permanente, apresentaram redução, mas seguem distantes do patamar pré-crise. Acerca da oferta de mão de obra, a partir dos próximos meses devemos observar a intensificação do retorno da força de trabalho, diante  do retorno das aulas presenciais e do fim do pagamento de alguns auxílios, em especial no seguro-desemprego. Em suma, o relatório reforça que a economia americana ainda segue distante de uma recuperação plena do mercado de trabalho, mas a velocidade de retomada permanecerá bastante robusta nos próximos meses.

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