INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil, a indústria cresceu acima do esperado em agosto e Previdência avança no Senado. Nos EUA, houve criação de vagas de emprego abaixo do esperado em setembro.

A produção industrial cresceu 0,8% na margem em agosto, liderada pela indústria extrativa. Após três meses em contração, o resultado foi acima da nossa expectativa (+0,4%) e do mercado (+0,2%). Esse crescimento foi concentrado na recuperação da produção extrativa mineral, com alta de 6,6% na margem. Entre os demais setores, o desempenho segue modesto, com destaque para as quedas em bens de capital (-0,4%) e bens de consumo (-0,7%). Em 2019, a indústria acumula queda de 1,7%. Apesar desse resultado, nosso tracking do PIB do 3º trimestre permanece com crescimento de 0,2% na margem, porém com viés de alta.

A Reforma da Previdência foi aprovada no 1º turno no Senado Federal. Com 56 votos a favor (mínimo de 49 para aprovar) e 19 contra, a reforma foi aprovada no plenário do Senado. Os senadores também aprovaram uma alteração sobre abono salarial que reduziu em R$ 76,4 bilhões a previsão de economia em dez anos com a reforma. Segundo os cálculos do governo, a previdência gerará impacto de aproximadamente R$ 800 bilhões. O 2º turno no Senado, bem com a promulgação do texto, deverá ocorrer durante o mês de outubro.

O setor público consolidado apresentou déficit de R$ 13,4 bilhões em agosto. Em 12 meses, o déficit primário acumulado foi de R$ 95,5 bilhões (1,4% do PIB). O resultado nominal, que inclui o cálculo dos juros, se encontra deficitário em R$ 444,7 bilhões (6,3% do PIB). Por sua vez, a dívida bruta subiu para 79,8% do PIB no mês, impactada pela desvalorização cambial. Para o ano, avaliamos que o déficit primário encerrará em R$ 116 bilhões (1,5% do PIB), ante meta estipulada pelo governo de R$ 132 bilhões (1,8% do PIB). Já a dívida bruta deverá alcançar o patamar 77,7% do PIB, incluindo devoluções do BNDES de cerca de RS 120 bilhões.

A balança comercial registrou superávit de US$ 2,2 bilhões em setembro, abaixo do esperado pelo mercado (US$ 3,2 bilhões). O resultado mais fraco foi reflexo da retração de 11,6% nas exportações (média diária), na variação anual. Por sua vez, as importações registraram alta de 5,7% na mesma base de comparação. As incertezas relacionadas à Guerra Comercial e à desaceleração da economia argentina deverão continuar afetando os resultados da balança comercial nos próximos meses. Diante disso, reduzimos a nossa projeção para o saldo de 2019 de US$ 52,5 bilhões para US$ 47,1 bilhões.

Nos EUA, houve geração de vagas abaixo do esperado em setembro e os salários desaceleraram. No mês, 136 mil vagas de trabalho foram geradas, resultado abaixo do esperado pelo mercado (145 mil). Os salários, por seu turno, tiveram queda de 0,04% na margem, ante expectativa de +0,2%. Por fim, diante da manutenção da taxa de participação (63,2%), a taxa de desemprego cedeu de 3,7% para 3,5%. A menor geração de vagas e a dinâmica comedida de salários resultam em menor pressão inflacionária. Com isso, mantemos a expectativa de corte de juros de 25 pontos-base pelo Fed na reunião de outubro.

Na Zona do Euro, a inflação ao consumidor (CPI) desacelerou e o quadro de atividade não sinaliza retomada. O CPI registrou alta de 0,9% em setembro na variação anual, abaixo da expectativa do mercado e do dado de agosto, ambos em 1%. O núcleo da inflação (exclui alimentos e energia), por sua vez, acelerou de 0,9% no mês anterior, para 1% em setembro. De modo geral, esse resultado mantém a inflação distante da meta de 2,0% estipulada pelo Banco Central Europeu (BCE). Com relação à atividade, a confiança da indústria (PMI) para setembro foi de 45,7 pontos, permanecendo abaixo dos 50 (indicando contração do setor) pelo oitavo mês consecutivo. O contexto de inflação baixa, atividade fraca e incerteza global corroboram os argumentos apresentados pelo BCE na adoção do pacote de medidas de estímulo anunciado na reunião de setembro.

Na China, indicadores de confiança (PMI) surpreenderam positivamente em setembro. O PMI da indústria subiu para 49,8 pontos em setembro, acima do esperado (49,6 pontos), porém ainda sugerem contração no setor (abaixo de 50 pontos). O PMI de serviços, por sua vez, ficou em 53,7 pontos em setembro, ante 53,8 em agosto. Vale lembrar que os dados de atividade de agosto frustraram as expectativas. Essa ligeira melhora ainda é insuficiente para afastar o cenário de desaceleração da atividade chinesa no 2º semestre. Portanto, diante da incerteza oriunda dos impactos da guerra comercial sobre a indústria e o consumo, acreditamos que o governo deva adotar novas medidas de estímulo para atenuar os efeitos negativos sobre a atividade, em especial a adoção de estímulo fiscal.

Na próxima semana:

Na agenda local, destaque para a inflação ao consumidor (IPCA) de setembro (Bram: +0,02%). Além disso, serão divulgados os dados de agosto das vendas no varejo na quinta-feira e da pesquisa de serviços na sexta-feira. Por fim, na sexta-feira será divulgado a prévia da nova ponderação do IPCA, que será utilizada de janeiro de 2020 em diante, a partir dos resultados da POF 2017-18. No âmbito global, destaque para a Ata do FOMC na quarta-feira. Na quinta-feira será divulgada a inflação ao consumidor dos EUA, além de estar prevista uma nova rodada de negociações comerciais entre autoridades dos EUA e China.

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