INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

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BRASIL: Prévia da inflação de fevereiro desacelera, núcleos seguem benignos

MUNDO: Confiança na Zona do Euro deve ser afetada nas próximas leituras

A prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) de fevereiro seguiu a tendência de desaceleração de janeiro, com o arrefecimento nos preços de alimentos. No mês, o IPCA-15 registrou alta de 0,22%, em linha com a nossa projeção (+0,20%) e a do mercado (+0,23%). Dentre os grupos, alimentação no domicílio teve deflação de 0,32%, após registrar elevação de 2,3% no IPCA-15 de janeiro. O destaque foi a queda dos preços das carnes, que passaram de +4,5% para -5,0% no período. Em 12 meses, o IPCA-15 registra alta de 4,2% em fevereiro. Em termos qualitativos, a leitura segue benigna, com a média dos núcleos cedendo de 3,2% para 3,1%. Diante desse resultado, nossa projeção para o IPCA fechado do mês permanece em 0,14%. Para o ano, projetamos alta de 3,5%, abaixo da meta do Banco Central (4,0%).

A arrecadação federal apresentou resultado acima do esperado em janeiro. No mês, a arrecadação somou R$ 174,9 bilhões, acima da nossa projeção (R$ 168,8 bilhões) e do mercado (R$ 167,2 bilhões). O valor representou um crescimento real de 4,69% em termos anuais, com destaque para a arrecadação de tributos relacionados às empresas (IRPJ/CSLL), que variou +16,45% no período. Em linhas gerais, o ritmo da arrecadação melhorou em relação aos últimos meses, mesmo sem considerar receitas atípicas. Avaliamos que a retomada esperada da atividade e as receitas não recorrentes deverão levar a uma elevação mais consistente das receitas do governo em 2020.

As contas externas apresentaram déficit maior do que o esperado em janeiro. No mês, o saldo em conta corrente foi deficitário em US$ 11,9 bilhões, ante expectativa de déficit de US$ 11,7 bilhões. No mesmo período em 2019, o déficit foi de US$ 9,0 bilhões. A queda no saldo derivou da piora na balança comercial. Em 12 meses, o saldo em conta corrente atingiu US$ -52,3 bilhões (-2,85% do PIB), patamar similar ao mesmo período do ano passado. Quanto ao fluxo financeiro, os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 5,6 bilhões no mês e US$ 78,4 bilhões em 12 meses (4,3% do PIB). Já o fluxo líquido de renda fixa, ações e fundos negociados no mercado doméstico foi positivo em US$ 1,5 bilhão, ante entrada líquida de US$ 6,7 bilhões em janeiro de 2019. Avaliamos que o saldo em conta corrente deverá encerrar o ano com déficit de US$ 57,1 bilhões (-3,1% do PIB).

Na Zona do Euro, a surpresa positiva com os indicadores de confiança não deve se estender nos próximos meses. O PMI industrial da Zona do Euro atingiu o patamar de 49,1 pontos em fevereiro, acima da expectativa do mercado (47,4) e do resultado de janeiro (47,9). Apesar da melhora, o componente relacionado ao atraso na entrega de pedidos contribuiu para a alta do indicador. Esses atrasos não decorrem, no entanto, do maior impulso da demanda. Nesse caso, a epidemia do coronavírus tem afetado as cadeias de produção e o fornecimento de insumos. O lado positivo para a região fica por conta da resiliência do indicador de serviços, novamente acima de 50 pontos (52,8). Em resumo, a indústria na região já apresentava pouca dinâmica mesmo antes do coronavírus, o que deve se intensificar com os efeitos da epidemia.

Nos EUA, a ata do FOMC reforçou que o patamar de juros está apropriado para o cenário. No documento, os membros defendem que os dados recentes mostram um mercado de trabalho robusto e que a atividade segue crescendo em ritmo moderado. Embora reconheça a queda do risco relacionado à tensão comercial entre China e EUA, o FOMC afirma que os riscos externos permanecem, incluindo o choque do coronavírus. Do lado da inflação, parte do comitê argumenta que a inflação modestamente acima da meta por um período seria condizente com o alcance do objetivo de longo prazo. De modo geral, a ata reforça o cenário de que é preciso uma mudança material importante para que haja algum movimento de juros. Com dados mais favoráveis de atividade, o Fed deverá manter a taxa de juros ao longo de 2020.

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