INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

Brasil: emprego formal surpreende positivamente. Inflação desacelera em janeiro

Zona do Euro: Banco Central Europeu mantém política monetária acomodatícia

Os dados do ministério do trabalho (CAGED) mostraram a criação de 644 mil vagas formais em 2019. Em dezembro, o saldo líquido do emprego formal foi negativo em 307 mil vagas, resultado mais favorável que nossa expectativa (-360 mil). Na série com ajuste sazonal, segundo os nossos cálculos, o saldo ficou positivo em 70 mil em dezembro, com a média móvel de três meses em 78 mil, mantendo a tendência de recuperação do emprego formal. Entre os setores, todos apresentaram criação líquida de vagas no ano, com destaque para a recuperação da construção civil, que manteve o movimento consistente de geração de postos de trabalho no 2º semestre de 2019. Avaliamos que o cenário de recuperação gradual do emprego formal deverá continuar e estimamos que sejam abertas cerca de 800 mil vagas formais em 2020, após 644 mil em 2019 e 530 mil em 2018.

A arrecadação federal apresentou resultado abaixo do esperado em dezembro. No mês, a arrecadação somou R$ 148 bilhões, abaixo da nossa projeção (R$ 154 bilhões). O valor representou uma queda real de 0,1% em termos anuais, impactado pelo recuo na arrecadação de tributos relacionados às empresas (IRPJ/CSLL). Apesar de registrar queda de 4,4% no mês, esse tributo teve crescimento real de 11,1% em 2019, impulsionado por receitas atípicas. A arrecadação total de 2019 apresentou alta de 1,7% em termos reais. Em linhas gerais, a arrecadação vem crescendo acima do crescimento do PIB, mesmo sem considerar receitas extraordinárias. Apesar do resultado mais fraco em dezembro, avaliamos que a melhora da atividade e as receitas não recorrentes deverão levar a uma elevação mais consistente das receitas do governo em 2020.

A prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) desacelerou em janeiro, com o arrefecimento nos preços de alimentos. No mês, o IPCA-15 registrou alta de 0,71%, em linha com a nossa projeção (+0,70%) e do mercado (+0,69%). Dentre os grupos, alimentação no domicílio teve variação de 2,3%, após registrar elevação de 4,7% no IPCA de dezembro. O destaque foi a queda nos preços das carnes, que desacelerou de +18,6% para +4,5% no período. Além disso, a alimentação fora do domicílio teve variação de 0,99%, pressionando núcleos e serviços. Nas próximas leituras, esses grupos devem continuar cedendo. Em 12 meses, o IPCA-15 passou de 3,9% em dezembro para 4,3% em janeiro, e a média dos núcleos totalizou alta de 3,2%. Diante desse resultado, nossa projeção para o IPCA de janeiro permanece em 0,34%. Avaliamos que o cenário de inflação deva seguir benigno no ano, encerrando com alta de 3,5%, abaixo da meta do Banco Central (4,0%).

No âmbito global, a prévia do indicador de confiança da indústria (PMI) de janeiro revelou diminuição no diferencial favorável para os EUA. O PMI americano caiu de 52,4 para 51,7 pontos, mas ainda sinaliza expansão da indústria norte-americana (acima de 50 pontos). Na Zona do Euro, o indicador registrou alta de 1,5 ponto, passando para 47,8 (12º mês consecutivo apontando para contração do setor). Por sua vez, a prévia do PMI do Japão também subiu, de 48,4 para 49,3 pontos. O cenário de incerteza derivado da escalada do protecionismo prejudicou o desempenho de economias mais expostas à demanda global, casos de Alemanha e Japão. O avanço das negociações comerciais entre China e EUA ajudou na recuperação da confiança nessas regiões. Acreditamos que esses indicadores devem continuar apresentando aumento nos próximos meses.

O Banco Central Europeu (BCE) manteve a política monetária estimulativa na reunião de janeiro, conforme o esperado. A taxa de depósito foi mantida em -0,5% a.a., a de refinanciamento em 0,0% e a taxa de empréstimo permaneceu em 0,25%. Além disso, não houve mudanças no programa de compra de ativos. Na entrevista após a reunião, a presidente do BCE, Christine Lagarde afirmou que os riscos para a atividade seguem baixistas, embora reconheça a redução da incerteza oriunda da acordo comercial entre EUA e China. Ademais, o BCE reforçou que deve revisar sua estratégia de política monetária ao longo de 2020. A postura do BCE deve se manter acomodatícia até que os indicadores de atividade e inflação apontem uma recuperação consistente da região.

Apesar da revisão baixista, as projeções do FMI apontam para uma aceleração do crescimento da economia mundial até 2021. O FMI revisou o PIB global em -0,1% em 2019 e 2020 e -0,2% em 2021. As projeções encontram-se agora em 2,9% para 2019, 3,3% para 2020 e 3,4% para 2021. Segundo o documento publicado, a confiança global melhorou e os riscos para o comercio mundial recuaram, com o avanço, por exemplo, das negociações entre EUA e China. No entanto, apesar da perspectiva inicialmente mais otimista, os dados econômicos ainda não refletem essa melhora. Além disso, as novas tensões geopolíticas geram potenciais fricções entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais, o que refletiu nessas revisões baixistas. Para o Brasil, o FMI elevou a projeção de crescimento de 2020 de 2,0% para 2,2%.

Na próxima semana:

Na agenda local, destaque para a divulgação dos dados de dezembro de setor externo na segunda-feira, de crédito na quarta-feira, resultado fiscal consolidado e taxa de desemprego na sexta-feira. Na agenda internacional, haverá a reunião de política monetária do Fed na quarta-feira, a divulgação do PIB do 4º trimestre dos EUA na quinta-feira e do PIB do 4º trimestre da Zona do Euro na sexta-feira

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