INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

No Brasil: Copom reforça novo corte de juros em dezembro e inflação segue moderada.

No mundo: Indicador de confiança (PMI) da indústria global segue apontando contração.

O Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou a intenção de corte adicional da taxa de juros em dezembro, mas sinalizou cautela no grau de novos estímulos monetários. Na ata da última reunião, na qual a Selic foi reduzida de 5,5% para 5,0% a.a., os membros reforçaram a avaliação de recuperação da economia, ainda que em ritmo gradual, e que a inflação e os seus núcleos seguem em níveis confortáveis, bem como as expectativas ancoradas. Sobre os passos seguintes, o Copom sugere cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo, já que os efeitos da política monetária têm impactos defasados​​sobre a atividade e os preços, o que eleva o risco de que a trajetória de inflação chegue a níveis acima da meta. Além disso, alguns membros do comitê destacaram a incerteza sobre como as características do atual ciclo econômico, com um maior papel desempenhado pelo crédito com recursos livres e pelo mercado de capitais, podem impactar a transmissão da política monetária. Por fim, a Ata manteve a avaliação de que o cenário permite ajuste adicional de 0,50 p.p. na reunião de dezembro. Diante disso, mantemos nossa projeção de que a Selic irá encerrar o ano em 4,5% e permanecerá nesse patamar em 2020.

Sobre as projeções do BC, a inflação permanece abaixo da meta em 2019, 2020 e 2021. Considerando os cenários de inflação com trajetórias de taxas de juros e câmbio da pesquisa de mercado (Focus), a inflação se situa em torno de 3,4% em 2019, 3,6% em 2020 e 3,5% em 2021. No cenário híbrido, com taxa de câmbio constante e trajetória de juros da pesquisa Focus, a inflação atinge 3,4% para 2019, 3,7% para 2020 e 3,6% para 2021. Vale notar que, em qualquer cenário do horizonte de projeções, a inflação se encontra abaixo da meta. Acreditamos que a continuidade da ociosidade elevada permitirá uma trajetória benigna de inflação para os horizontes de médio prazo.

A inflação ao consumidor (IPCA) registrou variação ligeiramente acima da esperada em outubro, mas quadro segue benigno. No mês, o índice variou 0,10%, acima da nossa expectativa (+0,06%) e do mercado (+0,07%). Em relação aos grupos, destaque para a alta em Alimentação e bebidas, que apresentou variação de +0,05%, ante expectativa de -0,07%, pressionada pelo maior aumento no preço da carne bovina. Além disso, o grupo Vestuário subiu +0,63%,  acima da nossa expectativa de +0,35%. Em 12 meses, o IPCA segue em patamar confortável, tendo desacelerado de 2,9% em setembro para 2,5% em outubro, abaixo do piso do intervalo da meta do Banco Central (2,75%). A média dos núcleos de inflação (exclui itens voláteis) manteve-se em 2,8%. O IPCA deverá encerrar o ano com alta de 3,2%, abaixo do centro da meta (4,25%).

Agenda de reformas pós-previdência foi entregue ao Senado. O governo federal enviou ao Senado o chamado Plano Mais Brasil, um conjunto de três propostas de emenda à Constituição (PECs) contendo as reformas pós-previdência. A primeira delas, a PEC do Pacto Federativo, altera o conjunto de regras que determina o repasse de recursos da União para os estados e municípios, além de estabelecer nova disciplina fiscal para esses entes federativos. Já a PEC dos Fundos Públicos prevê que o valor existente nos fundos públicos seja utilizado para o pagamento da dívida pública. Por fim, a PEC Emergencial visa reduzir as despesas orçamentárias obrigatórias, possibilitando o redirecionamento dos recursos para investimentos. Segundo o Ministério da Economia, com a PEC Emergencial, haverá uma redução das despesas obrigatórias em até R$ 12,75 bilhões no 1º ano, dos quais 25% serão utilizados para investimentos.

O leilão da cessão onerosa gerou bônus de assinatura de R$ 70 bilhões. O pagamento deverá ser feito até o dia 27 de dezembro. Cerca de R$ 35 bilhões serão pagos à Petrobras, como acerto pela revisão do contrato firmado com a União no leilão de 2010. Dos R$ 35 bilhões restantes, R$ 12 bilhões serão repassados para estados e municípios e R$ 23 bilhões ficarão para a União. Essa arrecadação e os outros R$ 13 bilhões em outorgas dos outros dois leilões de petróleo recentes foram adicionadas nas nossas projeções fiscais. Com isso, o déficit do setor público consolidado deve atingir R$ 86 bilhões (-1,1% do PIB) em 2019.

No cenário global, a indústria alemã apresentou nova contração em setembro. Na margem, a indústria alemã recuou 0,06%. Esse resultado representou uma contração de 4,3% na comparação anual. Diante da continuidade da incerteza global, os indicadores antecedentes ainda não sinalizam reversão do cenário econômico alemão. Com a queda da produção industrial de setembro, é possível que haja uma nova contração do PIB no 3º trimestre, o que qualificaria uma recessão técnica (dois trimestres consecutivos em contração). Com isso, a pressão para a adoção de um afrouxamento fiscal na Alemanha deverá aumentar nos próximos meses.

O indicador de confiança da indústria global (PMI) apresentou estabilidade em outubro. O PMI da indústria global no mês foi de 48,5 pontos, mantendo-se estável em relação ao mês anterior e, desde junho, sinalizando contração da atividade (abaixo de 50 pontos). A piora do PMI global vem sendo liderada pelo PMI dos países desenvolvidos, que se encontra com 47,8 pontos, apesar da melhora apresentada desde setembro (47,6). Nesse grupo de países, o PMI da Zona do Euro atingiu 45,9 pontos, apontando retração na indústria pelo 9º mês consecutivo. Nos EUA, o indicador de confiança (ISM) encontra-se abaixo dos 50 pontos desde agosto. Esses dados reforçam nossa projeção de crescimento de 3,0% do PIB mundial neste ano.

Na próxima semana:

Na agenda local da próxima semana, haverá a divulgação dos dados de volume de serviços na terça-feira, de vendas no varejo na quarta-feira e do indicador de atividade mensal do Banco Central (IBC-Br) na quinta-feira. Na agenda internacional, o PIB da Alemanha será divulgado na quinta-feira. Ademais, haverá a publicação dos índices de inflação dos EUA e da Zona do Euro na quarta-feira e na sexta-feira, respectivamente.

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