Enfoque Macro Semanal – Bradesco Asset

ENFOQUE MACRO SEMANAL16 de fevereiro de 2024

BRASIL:  Projeções de inflação do mercado seguem em trajetória declinante

MUNDO: Surpresa de alta com dados de inflação nos EUA

EVENTOS DA SEMANA

O desempenho da inflação nos EUA foi o determinante para o comportamento dos mercados globais nesta semana. A surpresa altista com os resultados do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e do índice de preços ao produtor (PPI) levou o mercado a reavaliar, mais uma vez, o momento no qual o Fed iniciará o corte de juros. A despeito da volatilidade observada ao longo da semana, as curvas de juros mostraram leve abertura e o dólar se valorizou em relação à maioria das moedas. De todo modo, prevaleceu a visão de que as condições para o banco central americano iniciar a redução de juros estão mais desafiadoras, especialmente quando se analisa o comportamento da inflação. Na semana que vem, teremos a divulgação da ata da última reunião do Fed, quando discussões adicionais – especialmente aquelas relacionadas à urgência de começar a reduzir a taxa de juros – poderão ser conhecidas. No Brasil, em uma semana mais curta e com poucas divulgações de indicadores, os preços dos ativos seguiram o comportamento global, com destaque para a depreciação do real, a leve abertura das curvas de vencimentos mais longos e a discreta queda do Ibovespa.

Mercado revisa suas projeções para inflação. Conforme o Relatório Focus divulgado nesta semana, o mercado revisou suas projeções de inflação de 2024 para 3,82%, ligeiramente acima da projeção da semana anterior. No entanto, quando comparamos com as projeções do final do ano passado, observamos uma tendência de queda, uma vez que as projeções para 2024 chegaram a 3,93% em dezembro de 2023. Já as projeções para 2025, que estavam estáveis em 3,50% desde a decisão do CMN de manter a meta de inflação em 3,00%, apresentaram uma leve alta, passando para 3,51% na mediana. Nossa expectativa é que a inflação de 2024 fique em 3,7%, abaixo da projeção do Focus, enquanto que, para 2025, entendemos que exista um viés de alta em direção aos 4,0%. Para as demais variáveis, não houve alterações relevantes no relatório. A expectativa do mercado para o crescimento do PIB em 2024 é de 1,6%, ligeiramente abaixo de nossa projeção (1,7%). Para a Selic, o Focus espera que a taxa encerre o ano em 9,00%, com recuo adicional de 50 pb em 2025, enquanto nosso cenário contempla cortes consecutivos até a marca do 8,50% ainda em 2024. Desse modo, o Banco Central encerraria o ciclo de corte de juros ligeiramente acima da neutralidade, diante de um cenário de inflação corrente e atividade melhores do que a expectativa da mediana do mercado. Ao mesmo tempo, as expectativas de inflação acima da meta em horizontes mais longos impediriam o Copom de ir além desse patamar no ciclo de corte de juros.

Dados de inflação nos EUA superaram as expectativas em janeiro. No mês, a inflação ao consumidor (CPI) teve alta de 0,3% na margem, acima da expectativa de 0,2%. Em termos anuais, a inflação desacelerou de 3,4% para 3,1%. Quando excluímos alimento e energia do indicador, o denominado núcleo da inflação, o indicador teve alta de 0,4%, também acima da expectativa de 0,3%, mantendo a variação de 3,9% em termos anuais. A abertura do indicador mostrou um cenário mais preocupante na margem, com aceleração em praticamente todos os componentes de serviços. Além disso, a esperada desinflação de aluguéis tem se mostrado bastante lenta e errática. A inflação ao produtor (PPI), por sua vez, teve alta de 0,3% em janeiro, acima da expectativa de variação de 0,1%. Com esses dados, o dado de preços do PCE (Personal Consumption Expenditure), métrica preferida de inflação pelo Fed, deverá ter alta de 0,4%, maior variação desde janeiro de 2023. Os dados de inflação e mercado de trabalho nesse início de ano devem reforçar o tom de cautela pelo Fed nas próximas reuniões. Mantemos a expectativa de corte de juros a partir de maio, mas reconhecemos a dependência de uma devolução (redução) mais forte nos próximos meses dos números de inflação e geração de vagas.

Ainda nos EUA, os dados de atividade de janeiro tiveram desempenho abaixo do esperado. As vendas no varejo no grupo de controle (exclui autos, material de construção e gasolina), melhor proxy para o desempenho do PIB de consumo, teve queda no mês de 0,4% na margem, frustrando a expectativa de alta de 0,2%. Na mesma direção, a produção industrial mostrou queda de 0,5% da indústria de transformação, ante a expectativa de estabilidade. Dados do mercado imobiliário também tiveram desempenho abaixo do esperado no mês. Com os dados de janeiro, incluindo a geração de vagas no setor de serviços no payroll, nossa proxy para o desempenho do PIB aponta crescimento de 1,7% em termos anualizados nesse trimestre, após alta de 3,3% no trimestre anterior.

NA PRÓXIMA SEMANA

Na agenda doméstica, destaque para a divulgação do índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) de dezembro na segunda-feira. No cenário internacional, as atenções voltadas para a Ata do FOMC, na quarta-feira.

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