ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

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BRASIL: IBC-Br mostra crescimento da atividade econômica em junho

MUNDO: Ata do FOMC reafirma o cenário de preocupação com a inflação

No cenário internacional, as atenções se voltaram para a divulgação da ata de política monetária do banco central americano. No texto, os membros do Federal Reserve reforçam a necessidade de novas altas da taxa de juros diante do desconforto com o atual nível de inflação e com poucos sinais de arrefecimento dos preços. Na Europa, o Índice de Preços ao Produtor (PPI, sigla em inglês) da Alemanha repercutiu negativamente nos mercados ao indicar alta na margem de 5,3% em julho, ante expectativa de 0,6%, acumulando elevação de 37,2% em 12 meses. Em termos de atividade global, outros dados relevantes na semana foram a produção industrial e as vendas no varejo de julho nos Estados Unidos, os quais surpreenderam positivamente as expectativas ao revelar resiliência da atividade no início do 3º trimestre. No Brasil, o destaque ficou para IBC-Br, o índice de Atividade Econômica do Banco Central, que apresentou alta de 0,7%, acima do consenso de mercado.

O indicador de atividade do Banco Central avançou 0,7% na margem em junho.  A variação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) veio em linha com nossa projeção mas acima da mediana de mercado (0,4%). Em termos anuais, a alta foi de 3,1%. O índice refletiu a alta do volume de serviços (0,7%), a despeito de queda  das vendas no varejo ampliado (-2,3%) e da produção industrial (-0,4%) e no mês. Com o resultado, o IBC-Br passou a se situar 2,1% acima do nível pré-crise. Em termos trimestrais, a média de abril a junho  representa alta de 0,6% em relação à média do 1º trimestre. Em linhas gerais, o resultado de junho corrobora a resiliência da atividade econômica, indicando crescimento relevante do PIB no 2º trimestre, para o qual projetamos crescimento de 1,0% na margem com ajuste sazonal.

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP-10) registrou variação de -0,69% em agosto, acumulando alta de 8,82% em 12 meses. O resultado veio em linha com nossa projeção (-0,69%), mas abaixo da mediana do mercado (-0,59%). O Índice de Preços por Atacado (IPA), que representa 60% do IGP-10, recuou -0,65% no mês, com produtos industriais tendo a principal contribuição negativa (recuo de 0,98%). Entre os itens, além da variação de -11,09% de minério de ferro, carne bovina (-5,93%), milho (-4,02%) e algodão (-10,53%) foram alguns dos destaques de baixa. No sentido contrário, leite in natura (14,45%) e óleo diesel (2,28%) contribuíram positivamente para o índice. No entanto, diante dos reajustes recentes de combustíveis, este último deve figurar nos destaques de baixa das leituras do próximo mês. De forma geral, o IPA vem apresentando uma tendência de desaceleração mais robusta dos preços da indústria desde abril de 2022. Além disso, junto com o recuo de preços internacionais de commodities, acreditamos que essa tendência de desaceleração deva permanecer até o final do ano. 

Nos EUA, a ata da reunião de julho — na qual o Fed elevou a taxa de juros para o intervalo entre 2,25% e 2,5% a.a. — revelou visão consensual a respeito da dinâmica pressionada de inflação, qualificando-a como ‘inaceitavelmente’ alta, com poucas evidências de arrefecimento. O mercado de trabalho, na visão do comitê, permanece apertado no curto prazo, com a expectativa de melhora no balanço entre oferta e demanda por mão de obra ao longo do tempo. No cenário prospectivo, os riscos de alta prevalecem para as projeções e expectativas de inflação, com menção aos preços de energia e commodities, além dos gargalos na cadeia de oferta global. Já na atividade, o balanço de risco é baixista , com destaque para o aperto mais pronunciado das condições financeiras. Além do risco de problemas de oferta relacionados ao conflito na  Ucrânia, o comitê segue preocupado com os desdobramentos das novas restrições à mobilidade na China, que poderiam criar impactos acima do esperado sobre a atividade. Com relação aos próximos passos, o comitê avalia que à medida que a política monetária se tornar ainda mais restritiva, em algum momento do tempo o ritmo de ajuste será reduzido. Como novidade nessa discussão sobre a execução da política monetária, muitos membros demonstraram preocupação com o impacto defasado do aperto, com o risco de elevar a taxa de juros mais do que o necessário. De todo o modo, novamente os membros enfatizaram que os ajustes futuros da política monetária são dependentes dos dados, ressaltando que o grande risco para o cenário atual é a inflação se estabilizar acima da meta de 2%. Acreditamos que atividade econômica seguirá exibindo resiliência e que a desinflação ocorrerá de forma lenta, resultando em aperto adicional da taxa de juros para 4% ao final do ciclo.

Em termos de dados econômicos, as vendas no varejo nos EUA ficaram estáveis na margem em termos nominais no mês de julho, levemente abaixo da expectativa de alta de 0,1%. O núcleo do indicador de vendas (que exclui automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços alimentícios) avançou 0,8% no mês, acima da expectativa de 0,6%. Entre os componentes, destaque positivo para as vendas on-line, que avançaram 2,7%, e para as vendas de material de construção, com alta de 1,5% na margem. Contrabalançando as altas, destaque negativo para as vendas de automóveis (-1,6%) e gasolina (-1,8%). Em termos de difusão, de treze componentes do índice, nove apresentaram aumento, mesmo patamar do mês anterior. De modo geral, o consumo segue aquecido e não mostra sinais claros de inflexão. A produção industrial, por sua vez, surpreendeu positivamente, com alta de 0,6%, acima da expectativa do mercado (0,3%). A indústria de transformação avançou 0,7%, após avanço de 1% no trimestre anterior. Por fim, a utilização da capacidade instalada (NUCI) aumentou, passando de 79,9% em junho para 80,3% em julho. De modo geral, os dados de julho revelam uma desaceleração menos intensa do que o esperado no início do 3º trimestre, corroborando o cenário de aperto da política monetária pelo Fed.

Desaceleração da economia chinesa em julho reforça os desafios para a retomada do restante do ano. Mesmo com alívio significativo das restrições de mobilidade por conta do controle dos casos de Covid-19, sinais de enfraquecimento tanto do lado do consumo como do setor imobiliário seguem presentes. No mês passado, na comparação interanual, a produção industrial cresceu 3,8%, abaixo do esperado (4,3%) e do observado em junho (3,9%). Os investimentos em ativos fixos, no acumulado do ano, avançaram 5,7%, com destaque para a queda de 6,4% do segmento imobiliário e para a alta de 7,4% das inversões em infraestrutura. Por fim, as vendas do varejo subiram 2,7% em julho, acumulando retração de 0,2% no ano. Dessa forma, levando em conta todos os indicadores referentes a julho já conhecidos, temos sinais de perda de tração da economia, a despeito dos estímulos já adotados e do certo alívio dos controles da pandemia. Diante disso, entendemos que os riscos para a economia chinesa seguem assimétricos para um menor crescimento e que novos estímulos serão adotados, apenas moderadamente.  

 

Na próxima semana

Na agenda doméstica, destaque para a divulgação do IPCA-15 de agosto na quarta-feira, para o projetamos variação de –0,92%. No cenário internacional, destaque para a conferência anual global de bancos centrais em Jackson Hole, que contará com o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell.

 

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