ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

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BRASIL: IPCA-15 atingiu 12,20% em 12 meses até maio

MUNDO: Ata do Fed reforçou normalização rápida da taxa de juros

 

No âmbito internacional, o foco do mercado nessa semana se direcionou para a publicação da ata do Comitê de Política Monetária do Fed. O documento reforçou que os integrantes apoiam mover a política monetária para patamar neutro, com aumentos de 50 pb nas duas próximas reuniões. Após atingir esse nível, o Fed indica flexibilidade na tomada de decisão, ou seja, sem se comprometer, nesse momento, em avançar para o terreno contracionista. Além disso, a semana ficou marcada pela continuidade de revisões para baixo nas projeções de mercado para o PIB da China, especialmente por conta das restrições decorrentes da política de Covid-zero. No cenário doméstico, o destaque ficou para o âmbito fiscal, com a discussão e votação da limitação do ICMS para alguns setores, atingindo principalmente energia e combustíveis. A tramitação terá continuidade no Senado nas próximas semanas. A divulgação do IPCA-15 mostrou nova surpresa desfavorável, com variação de 0,59% no mês e acumulando 12,2% em doze meses. Os núcleos da inflação seguiram exibindo elevação na margem.

Em maio, a prévia da inflação ao consumidor (IPCA-15) variou 0,59%, ante avanço de 1,73% em abril. O resultado veio acima da nossa projeção (0,40%) e da expectativa mediana do mercado (0,45%). A inflação acumulada em 12 meses apresentou aceleração, de 12,03% no IPCA-15 de abril para 12,20% em maio. Em relação ao núcleo de bens industriais, a principal surpresa de alta ficou por conta dos itens de higiene pessoal (3,03%), seguido de vestuário (2,02%). A tendência de desaceleração da inflação de bens duráveis ainda pode ser observada no mês de maio. No entanto, começa a apresentar alguns sinais mistos, como desaceleração em automóvel usado (0,24% ante 0,31%), enquanto automóvel novo voltou a acelerar em 0,86%, após resultado de 0,19% observado no mês anterior. Em serviços, a principal contribuição foi a aceleração do item passagem aérea, com avanço de 18,4% ante 9,43% em abril. Pelo lado baixista, a surpresa ficou por conta de aluguel de veículo (-8,7%). Com relação aos núcleos, que são métricas que excluem ou suavizam itens voláteis, a média móvel de três meses com ajuste sazonal dos cinco núcleos voltou a avançar, de 11,18% na prévia de abril para 12,0%, refletindo tanto a pressão em bens industriais quanto em serviços. Em 12 meses, a média dos núcleos alcançou 10,12%. Com este resultado revisamos nossa projeção para o ano, passando a esperar que o IPCA encerre 2022 com variação de 9,2%.

A arrecadação federal apresentou resultado acima do esperado em abril. A arrecadação total atingiu R$ 195,1 bilhões (ante expectativa de R$ 190 bilhões), o que representa alta de 10,95% em termos reais na comparação com 2021. No ano, a arrecadação somou R$ 743,2 bilhões e representa um avanço de 11,05% em termos reais ante 2021. Segundo a Receita Federal, sem considerar os efeitos não recorrentes, o avanço é de 7,8% na comparação do mesmo mês do ano anterior. Mesmo frente à redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) em 25%, o resultado apresenta surpresa favorável, sendo o mês com melhor desempenho arrecadatório desde 1995. Em geral, o desempenho positivo pode ser explicado pelo desempenho acima do esperado da atividade e pela alta da inflação.

Nos EUA, o Fed divulgou a ata da reunião de maio, na qual acelerou o ritmo de aperto de juros de 25 pb para 50 pb, para o intervalo entre 0,75% e 1,00%. A ata revelou visão consensual a respeito da dinâmica pressionada de inflação e os riscos de alta existentes para as projeções. Além do risco de problemas de oferta relacionados à invasão da Rússia pela Ucrânia, o comitê manifestou preocupação com os desdobramentos das novas restrições à mobilidade na China, que poderiam criar novos gargalos de oferta. No cenário interno, o crescimento robusto e a avaliação de um mercado de trabalho muito apertado também contribuem para a manutenção da inflação acima da meta estabelecida pelo Fed. Diante do ambiente de inflação pressionada, a maioria dos membros julga o ritmo de 50 pb como o mais provável para as próximas reuniões, avaliando como adequado retornar para o patamar neutro da taxa de juros. Os membros também enfatizaram que, diante do ambiente econômico incerto, os ajustes futuros da política monetária são dependentes dos dados. A reunião também contou com o anúncio da redução do balanço. A respeito dessa decisão, os membros mostraram visão consensual, e mesmo a opção de futuramente vender ativamente os títulos imobiliários (MBS) se mostra pouco difundida entre os membros. A comunicação do Fed corrobora nossa visão de alcance da taxa de juros neutra no terceiro trimestre. Acreditamos que atividade econômica seguirá exibindo resiliência e que a desinflação será bastante lenta, resultando em aperto adicional da taxa de juros, para acima do patamar neutro, para 4% ao final do ciclo.

As prévias dos índices de confiança (PMI) de maio desapontaram expectativas do mercado tanto na Zona do Euro, quanto nos Estados Unidos. O PMI Composto da Zona do Euro, que incorpora as expectativas da indústria e dos serviços, recuou para 54,9 pontos em maio, ante 55,8 em abril, ainda indicando atividade em expansão (nível acima de 50 pontos). A composição revelou queda na margem da indústria, de 55,5 para 54,4 pontos em maio, enquanto o setor de serviços recuou de 57,7 para 56,3 pontos no mês. Nos EUA, o PMI Composto apresentou queda de 56,0 para 53,8 pontos em maio, com recuo da indústria de 59,2 para 57,5 pontos, e redução da confiança do setor de serviços de 55,6 para 53,5 pontos no mês. De modo geral, mesmo com quedas na margem, os índices representam resiliência da atividade nas duas regiões, bem como uma elevada pressão de custos sobre a produção.

 

Na próxima semana

Na agenda doméstica, o principal destaque é para a divulgação do PIB do primeiro trimestre (BRAM: 1,5%) na quinta-feira. No cenário internacional, destaque para os dados de emprego nos Estados Unidos e na Zona do Euro.

 

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