ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL:  Atividade avança em maio. Nova pesquisa empresarial mostra impacto da pandemia

MUNDO: PIB da China cresce 3,2% no 2º trimestre. Atividade em recuperação nos EUA

O Índice de atividade econômica do Banco Central  (IBC-Br) avançou 1,3% em maio. O IBC-Br apresentou crescimento em linha com o esperado, refletindo as altas da indústria (7,0%) e do comércio (19,6%) e o recuo do setor de serviços (-0,9%) no mês. Na comparação interanual, o índice mantém queda expressiva, de 14,2%. A média dos dados de abril e maio representa recuo de 12,6% em relação à média do 1º trimestre. Nas próximas leituras, os dados devem refletir a retomada gradual da atividade, iniciada em maio. Em linha com esses indicadores, nosso tracking do PIB do 2º trimestre aponta queda de 9% na margem. No ano, esperamos contração de 5,8%.

Pesquisa empresarial do IBGE registra que 17,6% das empresas encerraram definitivamente suas atividades  por causa da pandemia. Com o intuito de auxiliar a compreensão sobre o impacto da pandemia, a nova pesquisa experimental compreende dados até o final da 1ª quinzena de junho. Ao todo, 17,6% das empresas afirmaram encerrar definitivamente suas atividades, enquanto 15% encerraram temporariamente. Além disso, entre as empresas que permaneceram abertas, 34,6% reduziram o quadro de funcionários. Entre os setores, aqueles com maior percentual de empresas fechadas definitivamente foram construção (28,5%) e serviços (19,4%). O impacto econômico foi mais severo nas empresas de pequeno porte (até 49 funcionários), com 17,8% tendo suas atividades encerradas definitivamente, contra 2,1% das empresas de médio porte (de 50 a 499 funcionários). Não houve registro de fechamento de empresas de grande porte em função da pandemia.

O mercado revisou para cima as projeções de PIB, após seguidas revisões negativas. Segundo o último Relatório Focus, a mediana das projeções do PIB de 2020 é de retração de -6,1% (revisado de -6,5% na semana passada). Para 2021, a projeção se manteve em 3,5%, uma devolução parcial do resultado de 2020. Para a inflação (IPCA), espera-se alta de 1,7% em 2020 e de 3,0% em 2021. Por fim, as expectativas quanto à variação da Selic permaneceram inalteradas, com juros de 2,0% em 2020 e de 3,0% no próximo.

Indicadores de confiança da FGV sinalizam a continuidade da recuperação da atividade no início do 3° trimestre. As prévias das sondagens reforçam a retomada gradual da atividade. Em julho, os indicadores de confiança da indústria, de serviços, do comércio e da construção civil subiram em relação a junho, porém abaixo do nível neutro  (100 pontos). O indicador agregado de confiança empresarial subiu para 87,7 pontos (+ 7,3 pontos), puxado principalmente pela indústria. Esses indicadores são condizentes com nosso cenário de retomada gradual da atividade.

A taxa de desocupação atingiu 13,1% na 4ª semana de junhoSegundo a PNAD Covid, pesquisa semanal que busca medir o impacto da pandemia sobre o mercado de trabalho, a taxa de desemprego subiu 0,8 p.p. na passagem da 3ª para a 4ª semana de junho. Se ajustamos a taxa de desocupação pelas pessoas que deixaram de procurar emprego por conta da pandemia, ela se situaria em 23,6%. A população ocupada recuou 1,7% nessa base de comparação. Houve redução do percentual de pessoas afastadas de sua ocupação por causa do distanciamento social (de 13,3% para 12,5%), o que sinaliza gradual volta ao trabalho.  A proporção de pessoas trabalhando de forma remota se manteve estável: 10,4% do total. Por sua defasagem natural, as variáveis de emprego deverão contar com deterioração adicional nos próximos meses.

Preços no atacado seguem pressionados pela alta de derivados do petróleo e pela demanda chinesa por commodities. O IGP-10, medido pela FGV, registrou alta de 1,91% em julho, acima do teto das expectativas (1,75%) e do resultado de junho (1,55%).  Os preços no atacado (IPA) continuaram acelerando, com alta de 2,54%, ante 2,35% em junho. A demanda chinesa tem pressionado os preços de soja, minério e carnes. No componente industrial, as principais influências altistas vieram dos derivados de petróleo, principalmente gasolina, com alta de 22,8% (28,9% em junho), e diesel (13,7%, ante 1,1% em junho), além do minério de ferro. Nas próximas leituras do IGP, a inflação no atacado deverá se manter mais pressionada, influenciada pelas exportações em ritmo elevado.

O PIB da China surpreendeu positivamente no 2º trimestre.  Houve alta de 3,2% na variação anual, ante queda de 6,8% no 1ª trimestre. O resultado veio acima da expectativa de mercado (2,4%). Na margem, o dado dessazonalizado aponta avanço de 55,9% no trimestre, depois de recuo de 35,8% no trimestre anterior, demonstrando devolução do efeito negativo do início do ano. A produção industrial cresceu 4,4% no trimestre, tendo sua maior alta em junho com crescimento de 4,8%, ante 4,4% em maio. Por outro lado, as vendas no varejo apresentaram queda de 3,9% no trimestre. Mesmo com recuperação gradual nos dados mais recentes – recuo de 1,8% em junho ante queda de 2,8% em maio – o resultado do varejo aponta para uma retomada ainda desigual, com dinâmica mais lenta do consumo interno. Esses indicadores de junho apontam para uma recuperação compatível com crescimento em torno de 2% do PIB em 2020, com viés de alta.

O Banco Central Europeu (BCE) sinalizou manutenção dos estímulos monetários, sem alterações. O banco manteve a política emergencial de compra de títulos e ativos financeiros além de manter o patamar da taxa de depósito em -0,5% a.a., da taxa de refinanciamento em 0,0% e da taxa de empréstimo em 0,25%. Na entrevista após a reunião, a presidente do BCE, Christine Lagarde, destacou a recuperação da atividade na região, mesmo que ainda desigual. Além disso, que o cenário segue de elevada incerteza para as decisões de consumo pelas famílias e de investimento pelas empresas. Diante desse cenário, Lagarde reforçou que o BCE observará os efeitos da política monetária sobre a economia nos próximos meses antes de realizar mudanças de política econômica. Deixando claro que o BCE segue determinado a manter o grau necessário de política monetária acomodatícia que proveja uma transição suave de política monetária em todos os países e setores da região até que a inflação convirja de forma robusta a meta de 2%.

A inflação ao consumidor (CPI) na Zona do Euro segue baixa em junho. No mês, o CPI subiu 0,3% na comparação anual, em linha com o esperado, acelerando em relação ao observado em maio (0,1%).  O núcleo da inflação, exclui itens voláteis, segue benigno e distante da meta do BCE, registrando avanço de 0,8% em junho. Esses dados reforçam quadro de preços contidos, possibilitando a manutenção dos estímulos monetários pelo BCE.

Nos EUA, dados de atividade  apontam crescimento acima do esperado em junho. As vendas do varejo avançaram 7,5% no mês, acima da mediana do mercado (5,0%). Na comparação com o junho de 2019 o resultado também representou alta de 1,1%, ante queda de 5,6% em maio na mesma métrica. A produção industrial também avançou na margem em 5,4%, acima da expectativa de 4,3% do mercado. Entretanto, na comparação interanual o resultado da indústria ainda representou queda de 10,4%, melhora em relação à queda de 15,3% no mês anterior, mas ainda distante do patamar pré-crise (0,0% em fevereiro). Os resultados de maio para comércio e indústria nos EUA são compatíveis com retração da ordem de 5% do PIB no ano.

Na próxima semana

Na agenda local, destaque para a divulgação dos dados do índice prévio da inflação ao consumidor de julho, IPCA-15 (BRAM: 0,52%), na sexta-feira, e para a arrecadação federal de junho durante a semana. Na agenda internacional, destaque para os dados de confiança (PMI) para Zona do Euro e EUA, que também serão divulgados na sexta-feira.

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