ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL:  Vendas no varejo surpreendem positivamente. Serviços recuam em maio

MUNDO: Indicadores de atividade da Zona do Euro apontam retomada

As vendas no varejo apresentaram alta de 13,9% na margem em maio, acima da expectativa de mercado. Refletindo menor intensidade das medidas de isolamento social, houve elevação generalizada entre os setores. As maiores contribuições para a alta vieram dos setores de tecidos, vestuários e calçados (+100,6%) e de móveis e eletrodomésticos (+47,5%), atividades que tiveram quedas acentuadas em março e abril. O varejo ampliado, que inclui vendas de automóveis e materiais de construção, apresentou avanço de 19,6% em maio, também acima do esperado (4,9%). As vendas de automóveis apresentaram elevação expressiva, de 51,2% no mês. Ainda assim, em comparação com a média do 1° trimestre, a média dos resultados do varejo ampliado para abril e maio representa queda de 18,1%.  Dados confirmam expectativa de que abril deve ter sido o pior mês para o comércio varejista, com retomada em maio e perspectiva de continuidade da recuperação em junho e julho.

O setor de serviços recuou 0,9% na margem no mês de maio. Na comparação anual, a variação foi de -19,4%, abaixo do esperado (-14,2%). Apenas os serviços prestados às famílias (14,9%) e serviços de transporte (4,6%) apresentaram crescimento, influenciados pela maior circulação no mês. Ainda foi observada queda da receita real dos serviços profissionais e administrativos (-3,6%), serviços de informação e comunicação (-2,5%). A média do índice de serviços em abril e maio representa queda de 16,8% em relação à média do 1° trimestre. Para junho, os indicadores antecedentes apontam recuperação parcial com a reabertura de atividades. Com os dados de serviços e comércio, nosso tracking do PIB do 2° trimestre permanece apontando queda de 10% na margem.

Ainda em relação a indicadores de atividade em junho, os dados de produção de veículos também sinalizam recuperação parcial no curto prazo. Segundo a Anfavea, a produção de veículos avançou 125% na margem em junho, puxada por automóveis e comerciais leves. Mesmo assim, o número representa queda de 57% em relação a junho de 2019 e de 54% em comparação com o patamar pré-crise.

Apesar dessa recuperação incipiente, os dados semanais de mercado de trabalho mostram deterioração em junho. Segundo a PNAD Covid, pesquisa semanal do impacto da pandemia sobre as variáveis de emprego e renda, a taxa de desemprego teria aumentado cerca de 0,9 p.p. entre o final de maio e a 3ª semana de junho, elevando a taxa para 12,3%. Se ajustamos a taxa de desocupação pelas pessoas que deixaram de procurar emprego por conta da pandemia, ela se situa em 22,5%. Houve redução do percentual de pessoas afastadas de sua ocupação por causa do distanciamento social, o que sinaliza gradual volta ao trabalho. Por sua defasagem natural, as variáveis de emprego deverão contar com deterioração adicional nos próximos meses.

Em termos de inflação, o índice de preços ao consumidor (IPCA) apresentou alta em junho, após 2 meses de deflação. O índice variou +0,26% no mês, abaixo da nossa projeção (0,32%) e do mercado (0,30%). O maior desvio em relação à nossa projeção se deu no item alimentação que acelerou menos do que o esperado (0,38%). Entre os demais grupos, destaque para Transportes que subiu 0,31% após 4 meses de queda, e serviços apresentou deflação de -0,23%. A média dos núcleos de inflação segue baixa, em 0,11%, ao passo que, em doze meses, a média se manteve próxima de 2%, o que sinaliza continuidade do cenário benigno para a inflação. Para esse ano, nossa projeção é de 1,7%, abaixo do piso da meta do Banco Central (de 2,5%).

Na Zona do Euro, comércio e indústria sinalizam retomada. As vendas no varejo avançaram 17,8% na margem em maio na região, acima das expectativas de mercado (15,0%). O resultado veio após queda de 12,1% em abril. As vendas ainda representam queda de 5,1% na comparação interanual, mas expressam melhora em relação ao recuo de 19,6% em abril, na mesma métrica. Ainda na região, a produção industrial na Alemanha avançou 7,8% em maio, ante queda de 17,5% em abril. Ainda em patamares inferiores ao período pré-crise, os dados já demonstram retomada gradual da atividade na região com a contenção da pandemia e flexibilização das medidas de isolamento social. Apesar da melhora, a região deverá apresentar contração ao redor de 10% nesse ano.

Na China, a inflação ao consumidor (CPI) se manteve estável em junho. A taxa acumulada em doze meses avançou ligeiramente de 2,4% em maio para 2,5% em junho, enquanto o núcleo da inflação (exclui itens voláteis) continuou estável em 1,1%. A alta leve se deu ao preço da carne suína que passou de -8,1% para 3,6% na margem, em função de medidas mais rígidas de controle epidêmico. Ao mesmo tempo, a inflação ao produtor (PPI) apresentou menor deflação, passando de -3,7% em maio para -3,0% em junho. Os dados de inflação para a China apontam que o país está em um período de recuperação lenta, com retomada da demanda doméstica, mas ainda em ritmo insuficiente para criar pressão inflacionária. O cenário benigno de inflação abre a possibilidade de aumento de medidas de estímulo no país.

Na próxima semana

No Brasil, destaque para a divulgação do índice do Banco Central de atividade econômica (IBC-Br) de maio, na terça-feira. No âmbito global, destaque para a divulgação do PIB e de outros dados de atividade da China, na quarta-feira, para a reunião do Banco Central Europeu, na sexta-feira, e para os dados da indústria e varejo nos EUA de junho.

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<Enfoque Macro 10.07.2020.pdf>

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