ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

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BRASIL:  IPCA apresenta deflação  em maio

MUNDO: Produção industrial europeia sofre queda recorde em abril

A inflação ao consumidor (IPCA) apresentou nova deflação em maio. No mês, o índice variou -0,38%, acima da nossa projeção (-0,49%) e do mercado (-0,47%). O maior desvio em relação a nossa projeção se deu no item gasolina (-4,4%, ante -6,5% esperado). Mesmo assim, o  grupo Transportes registrou deflação de 1,9% em maio. Outro destaque foi a desaceleração de Alimentação no Domicílio, de 1,79% para 0,24%, puxada principalmente por alimentos in natura (de 8,5% para 0,6%).  A média dos núcleos de inflação (exclui itens voláteis) registrou deflação, de -0,12%, ao passo que, em doze meses, houve desaceleração de 2,4% para 1,9%, o que sinaliza continuidade do cenário benigno para a inflação. Com a retomada gradual da atividade econômica, a tendência é que a inflação volte a se acelerar nas próximas leituras, ainda que de forma moderada. Para esse ano, nossa projeção é de 1,7%, abaixo do piso da meta do Banco Central (de 2,5%).

O mercado revisou novamente as projeções econômicas em meio ao avanço da Covid-19 no Brasil. No Relatório Focus, a mediana das projeções do PIB de 2020 aponta para retração de -6,5% (revisado de -4,1% há 4 semanas). Em 2021, em comparação ao mês anterior, a projeção passou de +3,2%, para +3,4%, expressando uma devolução parcial do resultado de 2020. Para a inflação (IPCA), espera-se alta de 1,5% em 2020 e de 3,1% em 2021, ambas abaixo da meta do Banco Central.  A taxa de câmbio deve encerrar esse ano em R$/US$ 5,40 e em R$/US$ 5,08 em 2021. Por fim, as expectativas quanto à variação da taxa Selic permaneceram inalteradas, com juros de 2,25% em 2020 e de 3,5% no próximo.

Em meio a cenário de grande incerteza e desemprego elevado, Fed decide manter medidas acomodatícias. Nos EUA, o Fed manteve a taxa de juros entre 0% a.a e 0,25% a.a e os programas de estímulo (compra de ativos) e de crédito no mesmo patamar. Como sinalização, o Fed afirmou que o vírus continua apresentando riscos consideráveis à economia, apontando para manutenção da taxa de juros nesse nível até que a economia tenha superado os eventos recentes e esteja condizente com o alcance da meta de emprego e inflação. Em suas projeções, o banco central americano considera que a taxa de desemprego se reduzirá de 13,3% em maio para 9,3% nos três últimos meses de 2020, até alcançar 6,5% em 2021. Para o PIB, projetam retração de 6,5% em 2020 e crescimento de 5% em 2021. As projeções de inflação apontam cenário benigno, com taxas abaixo de 2,0% (centro da meta) até 2022.  De forma geral, o Fed observa melhora nas condições financeiras do país, porém com desemprego alto e com elevada incerteza relacionada à pandemia. Além do mais, não descartou a possibilidade de novas medidas estimulativas como forward guidance e controle da curva de juros.

China apresenta saldo de balança comercial recorde em maio. O superávit no saldo comercial do país foi de US$ 62,9 bilhões, acima da expectativa de mercado (US$ 39 bilhões). Exportações apresentaram queda abaixo do esperado (-3,3%), auxiliada pelo crescimento dos embarques de equipamentos médicos. Por sua vez, as importações apresentaram recuo relevante (-16,7%), puxado principalmente pela queda do preço das commodities, dado que houve aumento no volume das importação desses bens primários.

Ainda na China, a inflação ao consumidor (CPI) apresentou queda em maio. A taxa acumulada em doze meses recuou de 3,3% em abril para 2,4% em maio, enquanto o núcleo da inflação (exclui itens voláteis) continuou estável em 1,1%. Ao mesmo tempo, a inflação ao produtor (PPI) apresentou maior deflação, passando de -3,1% em abril para -3,7% em maio, em função da queda de demanda global como resultado da pandemia. Os dados de inflação e de saldo comercial para a China apontam que o país está em um período de recuperação lenta, com retomada da demanda doméstica, mas ainda em ritmo insuficiente para criar pressão inflacionária. O cenário benigno de inflação abre a possibilidade de aumento de medidas de estímulo no país.

Na Zona do Euro, a produção industrial sofreu queda recorde em abril. Na comparação anual, a variação da indústria foi de -28,0%, ante -12,9% em março. Na margem, o recuo em abril foi de 17,1%, acima da expectativa do mercado (-18,5%), mas ainda assim a maior queda mensal já registrada. Com a reabertura gradual da economia nas principais economias da região a partir de maio, a tendência é de retomada gradual nas próximas leituras.

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