ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: Mercado revê para cima projeções de inflação e reduz expectativa de PIB

MUNDO: Ata do FOMC reforça perspectiva de manutenção de estímulos

 

O mercado revisou para cima as projeções  de inflação deste ano e para baixo a expectativa de crescimento do PIB. Segundo o último Relatório Focus, a mediana das projeções de inflação (IPCA) para 2021 é de 3,62% (revisado de 3,43% há 4 semanas). Dentre as atualizações feitas nos últimos cinco dias úteis, a revisão foi mais intensa no período, de 3,47% para 3,72%. No entanto, para 2022, a projeção permaneceu praticamente estável nas últimas 4 semanas, em 3,49%, próxima à meta de inflação. Para o PIB, houve revisão negativa do resultado de 2021, de 3,47% há uma semana para 3,43% na última leitura. A previsão de crescimento do PIB de 2022 se manteve inalterada. Por fim, as expectativas quanto à taxa Selic no final de 2021 passaram de 3,25%  há 4 semanas para 3,75%, ao passo que as projeções para o final de 2022 passaram de 4,75% para 5,00% no mesmo período.

A balança comercial registrou saldo de US$ 413 milhões na segunda semana de fevereiro, embora acumule resultado negativo de US$ 720 milhões no mês. No acumulado do ano, o saldo é negativo em US$ 1,9 bilhão, ante US$ 638 milhões no mesmo período de 2020. Essa piora da balança comercial é fruto da alta das importações, influenciada sobretudo pelas importações fictas de plataformas de petróleo. Na média diária de fevereiro, as exportações registram queda de 16% na comparação interanual, ao passo que as importações, alta de 13,4%.   Prospectivamente, o crescimento das exportações dependerá da evolução da atividade global e serão beneficiadas pela elevação dos preços de commodities, enquanto as importações seguem dependentes da  recuperação da demanda interna neste ano.

 Nos EUA, o Fed divulgou a ata da reunião de janeiro, que reforçou a necessidade de manutenção dos estímulos. Em sua última reunião, o Fed manteve a taxa de juros no intervalo de 0% a 0,25% e o pacote mensal de US$ 120 bilhões em compra de ativos. Os membros reforçaram que o cenário ainda depende da evolução da pandemia, enquanto as metas de inflação e emprego estão distantes de serem atingidas. Para o FOMC, a perspectiva de novo impulso fiscal reforça o cenário de recuperação. Os membros ressaltam, no entanto, que o avanço da vacinação é essencial para a materialização do aumento da demanda. Sobre o mercado de trabalho, apesar da desaceleração recente da criação de vagas, a expetativa é de continuidade da retomada do emprego. A respeito da inflação, o FOMC reconhece que nos próximos meses as leituras serão pressionadas por efeitos pontuais, afastando qualquer necessidade de reação da política monetária. Sobre possíveis próximos passos, os membros reafirmaram a necessidade de manutenção dos estímulos, devendo levar “algum tempo” para a discussão da possibilidade de redução dos estímulos ser introduzida no comitê. Diante de toda a incerteza oriunda da dinâmica do vírus, da vacina e do impacto sobre o mercado de trabalho, avaliamos que os estímulos permanecerão por um período prolongado.

Ainda nos EUA, a produção industrial apresentou alta de 0,9% em janeiro, quarto crescimento mensal consecutivo. O resultado superou as expectativas de mercado (0,4%) e veio após crescimento de 1,3% do setor em dezembro de 2020. Todos os setores tiveram avanço na margem. Na comparação com janeiro de 2020, o resultado ainda representa recuo de 1,8%, menor recuo desde o início da pandemia A utilização da capacidade produtiva também cresceu, passando de 74,8% em dezembro para 75,6% em janeiro. A produção industrial de janeiro se situa 1,9% abaixo do nível pré-pandemia. De um lado, a indústria segue impulsionada pelo crescimento da demanda e baixos estoques, de outro, enfrenta obstáculos, como o suprimento de insumos produtivos.

 As vendas no varejo norte americano cresceram 5,3% na margem em janeiro, muito acima da expectativa. O resultado veio após queda de 1,0% em dezembro. Na comparação com janeiro de 2020, o resultado representou alta de 7,4%, ante 2,5% em dezembro na mesma métrica. Já o núcleo do indicador de vendas (que exclui gasolina, automóveis, serviços alimentícios e materiais de construção) aumentou 6,2% na margem no mês. O crescimento bem acima do esperado pode estar relacionada a um efeito estatístico causado por vendas mais fracas do que o padrão no último mês de 2020, dadas as restrições nas principais comemorações em virtude da pandemia. A introdução de um novo auxílio em janeiro também contribuiu para a melhora do indicador. A continuidade da trajetória de recuperação das vendas no varejo dependerá do controle da pandemia e da manutenção da renda. Os resultados do varejo e indústria em janeiro são compatíveis com um crescimento ao redor de 6% anualizado com ajuste sazonal no 1º trimestre.

A prévia dos índices de confiança (PMI) de fevereiro revela continuidade da contração na Zona do Euro e manutenção da expansão nos EUA. O PMI Composto prévio da Zona do Euro, que incorpora as expectativas da indústria e dos serviços atingiu 48,1 pontos em fevereiro ante 47,8 em janeiro, sinalizando continuidade da contração da economia (nível abaixo de 50 pontos indica contração). A piora da atividade na região tem se concentrado no setor de serviços, afetado por novas medidas de restrição. O setor teve nova queda no período, de 45,4 para 44,7 pontos. Já nos EUA, o PMI Composto avançou de 58,7 pontos em janeiro para 58,8 pontos em fevereiro, com destaque para a melhora do setor de serviços. Ainda com incerteza quanto à contenção da pandemia e a velocidade de recuperação do mercado de trabalho, os estímulos fiscais e monetários deverão permanecer em ambas as regiões.

 

 Selo-Gestao-Recursos-Positivo-01

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui