ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: Inflação encerra 2020 em 4,5%, ligeiramente acima da meta do Banco Central.

MUNDO: Fed descarta remoção de estímulos no curto prazo.

A inflação ao consumidor (IPCA) de dezembro variou 1,35% na comparação mensal, ficando acima do esperado pelo mercado (1,21%). A inflação tem mostrado grande volatilidade nos últimos meses, com surpresas altistas concentradas no segundo semestre de 2020. Em dezembro, o destaque foi para as altas de alimentos in natura, como frutas, tubérculos, raízes e legumes, e de bens industriais, em especial aparelhos eletroeletrônicos. O resultado acima do esperado foi visto também nos núcleos de inflação, medidas que excluem ou suavizam a variação de preços de itens voláteis. A média dos núcleos variou 0,46% em dezembro, bem acima da média dos últimos 12 meses, de 0,22%.

Com esse resultado, o IPCA fechou o ano com alta de 4,5%, um pouco acima da meta do Banco Central, de 4,0%. A nosso ver, as medidas de restrição de mobilidade impostas em meados do ano causaram um rearranjo no consumo das famílias, com um maior dispêndio em bens em detrimento do consumo de serviços. Não à toa, a inflação de serviços teve significativa desaceleração na segunda metade do ano e fechou 2020 em 1,7%. Por outro lado, esse crescimento no consumo de bens permitiu que o aumento de custos incorridos pelas empresas, causados entre outros fatores pela depreciação cambial e pelo aumento do preço de commodities, fosse repassado para o consumidor final. Assim, a inflação de alimentos teve forte alta, fechando o ano com variação de 18,2%. Uma análise semelhante é válida para o conjunto de bens industriais, que variou 3,2% em 2020. Para 2021, esperamos que haja normalização do consumo, em especial com o fim dos programas governamentais de transferência de renda adotados nos primeiros meses da pandemia, e realinhamento de preços relativos, de forma que o IPCA de 2021 varie 3,3%, abaixo da meta do Banco Central para esse ano, de 3,75%.

Com relação aos indicadores de atividade, as vendas no varejo no conceito restrito apresentaram recuo de 0,1% na margem em novembro. O resultado ficou abaixo das projeções de mercado. A maior contribuição negativa veio de hiper e supermercados (-1,0%). Contrações também foram registradas em combustíveis e lubrificantes (queda de 0,4%) e em móveis e eletrodomésticos (-0,1%). Esse último devolveu parte das altas anteriores, mas ainda se situa 18,9% acima do nível pré-crise. Do lado positivo, a maior contribuição foi proveniente de tecidos, vestuário e calçados (3,6%). O varejo ampliado, que inclui todos os componentes do conceito restrito e adiciona as vendas de automóveis e materiais de construção, apresentou avanço de 0,6% na margem em outubro, também abaixo das projeções. As vendas de veículos tiveram crescimento de 3,5% no mês. Com os dados de novembro, o volume de vendas no varejo restrito se situa 7,6% acima do patamar pré-crise (média de janeiro e fevereiro), enquanto o varejo ampliado se encontra 5,7% acima. Com o menor montante de transferências emergenciais às famílias, já era esperada desaceleração das vendas no varejo no 4º trimestre de 2020 ano, movimento que deve se estender para o começo de 2021.

O volume total de serviços prestados avançou 2,6% na margem em novembro. Na comparação anual, a variação foi de -4,8%, resultado acima da nossa projeção (-6,7%) e do mercado (-6,4%). Houve crescimento de todas as atividades, com destaque para os serviços de transporte, que cresceram 1,5%, favorecidos pela maior mobilidade no mês. Esse componente, contudo, ainda se situa 4,9% abaixo do patamar pré-crise. Outro destaque é o de serviços prestados às famílias, que variou 8,2% na passagem do mês. Esse tem sido o setor mais afetado pela pandemia por abranger serviços não essenciais, como hospedagem e alimentação. Mesmo com a alta de novembro, o nível de atividade do setor de serviços como um todo ainda se situa 3,7% abaixo do pré-crise. Apenas dois setores já superam o nível de janeiro/fevereiro de 2020: serviços de informação e comunicação (2,0% acima) e outros serviços (2,4% acima), puxados por serviços financeiros. Por sofrerem maior impacto das medidas de isolamento social em relação a outros setores, os serviços devem ter recuperação mais lenta e gradual, dependente do retorno da mobilidade de pessoas.

 Selo-Gestao-Recursos-Positivo-01

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui