ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL: IPCA de outubro varia 0,86% e produção industrial avança 2,6% em setembro.

MUNDO: EUA apresenta criação de 638 mil vagas de emprego em outubro. Fed mantém estímulos.

Em outubro, a inflação ao consumidor (IPCA) variou 0,86% na comparação mensal e, com isso, acumula alta de 3,92% nos últimos 12 meses. O resultado ficou um pouco acima do esperado pelo mercado (0,84%). As principais surpresas altistas frente à nossa projeção foram relacionados a bens industriais, como eletrodomésticos e alguns materiais de construção. Mas vale destacar também a alta do grupo Alimentação e Bebidas, que subiu 1,93% nessa divulgação e deve continuar exercendo pressão no índice nas próximas leituras. Por outro lado, a inflação de serviços segue bem comportada e a média dos principais núcleos, que excluem ou suavizam itens voláteis, continua abaixo da meta do Banco Central. Isso sinaliza um cenário de inflação bem comportada para o próximo ano,  em especial quando os choques que elevam a inflação corrente se dissiparem. Nossas projeções para o IPCA em 2020 e 2021 estão em 3,2% e 3,0%, respectivamente.

O Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou que não antevê alterações no grau de estímulo e afirmou que as condições para a manutenção da  prescrição futura (ou “forward guidance”) seguem satisfeitas. Na ata da última reunião, na qual a Selic foi mantida em 2,00%, os membros avaliaram que as projeções de inflação seguem comportadas, as expectativas estão ancoradas e o regime fiscal não foi modificado. Com isso, afirmou que o atual nível de estímulo monetário está adequado e que não pretende reduzi-lo. Contudo, caracterizou o risco fiscal como elevado, argumentando que o prolongamento das políticas de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país, assim como frustrações em relação às reformas podem elevar o prêmio de risco. Segundo o documento, isso cria uma assimetria para o balanço de riscos para a inflação. Por outro lado, por questões prudenciais, foi mantida a afirmação de que o espaço remanescente para a utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno. Acreditamos que a Selic deva permanecer no patamar atual até pelo menos o 2° semestre de 2021. Por fim, sobre a atividade econômica, os membros do Copom avaliaram que há uma recuperação desigual entre os setores e que ainda há muita incerteza quanto à recuperação econômica, especialmente no que diz respeito aos efeitos da redução de estímulos governamentais e à evolução da pandemia.

A produção industrial avançou 2,6% na margem em setembro, alta acima do esperado. O crescimento da indústria foi maior do que as nossas expectativas (2,2%) e da mediana do mercado (2,4%). A indústria de transformação avançou 3,9% e passou a se situar 0,7% acima do patamar pré-crise. As principais contribuições setoriais vieram de fabricação de veículos (14,1%) e de máquinas e equipamentos (12,6%). Dentre as categorias de uso, a maior alta ocorreu em bens de consumo (4,6%). Bens intermediários (1,3%) tiveram alta disseminada entre os setores. Por outro lado, insumos típicos da construção civil tiveram queda de 1,7% no mês e a indústria extrativa recuou 3,7% na margem, puxada pela extração de petróleo. De toda forma, os dados de setembro corroboram a recuperação consistente da indústria com a retomada da mobilidade. A produção média da indústria geral do 3º trimestre ficou 22,3% acima da média dos três meses anteriores. Com o resultado de setembro, nosso tracking do PIB no 3º trimestre permanece em 8,0% na margem.

A balança comercial terminou outubro com superávit de US$ 5,5 bilhões, mais do que o dobro do resultado do mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, o saldo é positivo em US$ 51,1 bilhões, representando aumento de 10,1% na comparação com o mesmo período de 2019. Essa melhora da balança comercial é fruto de uma contração muito maior de importações do que de exportações, refletindo a queda da renda doméstica e a desvalorização cambial dos últimos meses. Em outubro, por exemplo, esses dois indicadores tiveram variação de -27,3% e -2,1%, na comparação anual, respectivamente. Olhando à frente, o crescimento das exportações dependerá da retomada de atividade no resto do mundo, enquanto as importações devem aumentar de forma gradual nas próximas leituras com a recuperação da demanda interna.

Os EUA registram surpresa positiva com criação de 638 mil vagas de emprego em outubro. Com a expansão do emprego, a taxa de desemprego no país recuou para 6,9%, ante 7,9% em setembro. O resultado foi melhor do que o esperado pelo mercado (7,7%). Dentre os segmentos, a maior criação de vagas ocorreu em serviços de lazer e alojamento, com 271 mil vagas. Os dados refletem a volta da mobilidade, com a flexibilização das medidas de isolamento. O país registra 11,9 milhões de vagas criadas desde maio. Entretanto, o resultado devolve apenas parcialmente a destruição recorde de 22,0 milhões de vagas em março e abril. A recuperação do mercado de trabalho nos EUA nos próximos meses dependerá da evolução de casos de Covid-19 no país, assim como dos efeitos da retirada de programas emergenciais.

Ainda nos EUA, o Fed manteve a taxa de juros entre 0% e 0,25% e sinalizou que poderá aplicar novas medidas de política monetária em caso de necessidade de prover suporte adicional à economia. O banco central afirmou que manterá a taxa de juros nesse nível até que a economia tenha superado a crise epidemiológica e esteja condizente com os alcances das metas de emprego e inflação. O comitê reconheceu que a economia do país ainda se encontra bem abaixo do patamar pré-pandemia, mesmo com a recuperação econômica recente. Na entrevista após a reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o comitê está comprometido em utilizar as ferramentas de política monetária para dar suporte a economia pelo tempo que for necessário e afirmou ainda haver espaço para novas medidas de estímulo. Powell também ressaltou a importância da manutenção do suporte fiscal. Diante de toda a incerteza oriunda da trajetória da epidemia e do impacto sobre o mercado de trabalho, avaliamos que os estímulos permanecerão presentes por um período prolongado.

Índices de confiança da Zona do Euro e EUA de outubro apontam continuidade da retomada. O PMI composto da Zona do Euro, que incorpora expectativas dos setores de serviços e da indústria, cedeu para 50,0 pontos em outubro ante 50,4 em setembro. A desaceleração do indicador se deu em meio a novas medidas de restrição de mobilidade na região, mas segue sem passar para o terreno contracionista (acima de 50 pontos indica expansão). Enquanto isso, o PMI composto dos EUA aumentou para 56,3 pontos em outubro, ante 54,3 em setembro. O indicador da economia americana segue forte, mesmo frente à incerteza gerada pelo avanço da segunda onda de Covid-19 na região. Nesse cenário, o índice dos EUA aponta para melhora das expectativas empresariais. A continuidade do aumento da confiança vai depender da evolução da pandemia e dos efeitos da redução das políticas governamentais emergenciais. Os índices são compatíveis com retração de cerca de 4% do PIB Global em 2020.

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