ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

ENFOQUE MACRO | INFORME SEMANAL E PERSPECTIVAS

BRASIL:  Indicadores de atividade registram queda em março

MUNDO:  Recuperação da China. Alemanha em recessão. Atividade nos EUA retrai

As vendas do varejo ampliado sofreram queda de 13,7% na margem em março. O resultado ficou abaixo da nossa expectativa (-12,2%) e acima da mediana do mercado (-14,5%). A maior contribuição para a queda decorreu da venda de veículos (-36,4%). Por outro lado, o varejo restrito, que exclui vendas de automóveis e material de construção, recuou 2,5% na margem em março. A queda foi menos intensa do que a esperada pelo mercado. A surpresa positiva ficou por conta das vendas de supermercados (+14,6%), que junto com artigos farmacêuticos (+1,3%) foram os únicos setores com resultado positivo no mês. A média do varejo ampliado no 1º trimestre de 2020 corresponde a uma queda de 4,4% do setor em relação ao 4º trimestre de 2019.

Serviços recuaram 6,9% na margem no mês de março. Na comparação anual, a variação foi de -2,7%, acima das nossas projeções (-3,7%) e abaixo do mercado (-2,2%). Todos os setores apresentaram retração no mês. As maiores contribuições negativos na margem decorreram de serviços de transporte (-9,0%) e serviços prestados às famílias (-31,2%). A menor queda foi observada em serviços profissionais e administrativos (-3,6%). A média do índice de serviços no 1° trimestre de 2020 apresentou queda de 3,0% em relação ao anterior.

O Índice do Banco Central de atividade (IBC-Br) recuou 5,9% em março. O indicador prévio do PIB apresentou queda em linha com o esperado, refletindo os recuos da indústria (-9,1%),do comércio (-13,7%) e dos serviços (-6,9%) no mês. Na comparação interanual, houve queda de 1,5%. No 1° trimestre, a retração foi de 2,0% na margem. Nas próximas divulgações, os dados ainda devem repercutir os efeitos sobre a economia das medidas de combate ao Covid-19. Projetamos queda de 4,4% do PIB de 2020.

O Comitê de Política Monetária (Copom) reiterou que o cenário atual prescreve estímulo monetário elevado, mas reforça que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional. Na ata da última reunião, na qual a Selic foi reduzida de 3,75% para 3,00% a.a., os membros reforçaram a avaliação da maior desaceleração no crescimento global com os efeitos do Covid-19. Houve queda nos preços das commodities e aumento da volatilidade nos preços de ativos financeiros, o que torna o ambiente desafiador para as economias emergentes. Com relação ao cenário básico para a inflação, o Comitê avalia que existem riscos em ambas as direções. Por um lado, o nível elevado de ociosidade deve produzir trajetória de inflação abaixo do esperado, o que é intensificado pelo aumento da incerteza e retração da demanda com o agravamento da pandemia. Por outro lado, segue a incerteza com a trajetória fiscal. O aumento de gastos para mitigar os efeitos da pandemia e a possível frustação em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco, aumentando a taxa de juros estrutural. Diante disso, o Copom avaliou considerar um último ajuste não maior que o atual (75 p.b) na próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica. Assim, a magnitude do ajuste na próxima reunião dependerá tanto de desdobramentos da política fiscal, como de dados de atividade econômica disponíveis até meados de junho.

Nos EUA, os indicadores de atividade registraram forte queda em abril. As vendas do varejo recuaram 16,4% ante março, a menor variação mensal desde o início da série histórica. O número ficou abaixo da expectativa de mercado (-12,0%) e apresentou piora em relação a março (-8,3%). A produção industrial nos EUA também apresentou retração em abril. O recuo de 11,2% foi próximo da expectativa de mercado (-12,0%).  Os resultados de abril para comércio e indústria nos EUA são compatíveis com retração da ordem de 10% do PIB, em função das medidas de isolamento adotadas para a contenção da atual pandemia.

A inflação nos EUA desacelerou em abril. No mês, o índice de preços ao consumidor (CPI) sofreu sua maior queda desde 2008, passando de 1,5% em março para 0,3% no mês, na variação interanual. O núcleo da inflação (exclui itens voláteis) também recuou de 2,1% para 1,4%, apontando pressão desinflacionaria no país com os choques da Covid-19 na economia.

 Na Zona do Euro, a produção industrial sofreu queda recorde em março. Na comparação anual, a variação da indústria foi de -12,9%, ante -1,9% em fevereiro. No mês, o recuo foi de 11,3% na margem, acima do esperado pelo mercado (-12,5%). Essa foi a maior queda mensal já registrada. Mesmo com a perspectiva de retomada gradual da atividade na região, a produção industrial ainda deve permanecer fraca  nas próximas leituras.

O PIB da Alemanha caiu no 1° trimestre e com a revisão dos dados passados o país entrou em recessão técnica.  No 1° trimestre, a produção encolheu 2,2% ante o último trimestre de 2019, a maior queda desde o 1° trimestre de 2009. Com a revisão dos dados, o PIB do 4° trimestre  passou de estável para redução de -0,1%. Assim, o país entrou em recessão técnica, com perdas acumuladas em dois trimestres consecutivos.  A política de isolamento e a retomada cautelosa das atividades sugerem queda mais acentuada do PIB no 2º trimestre.

Indicadores econômicos de abril para China demonstram retomada econômica gradual. A produção industrial subiu 3,9% na comparação anual, acima do esperado (1,0%). As vendas no varejo caíram 7,5%, após queda de 15,8% em março. Os investimentos em capital fixo passaram de -16,1% em março para -10,3% em abril, todos em relação ao mesmo período em 2019.  Essa retomada gradual das atividades no país e a recuperação expressa nos indicadores de abril apontam para uma recuperação compatível com crescimento em torno de 2% do PIB em 2020.

Na próxima semana

Na agenda local, destaque para a divulgação dos dados de arrecadação federal de abril.  Na agenda internacional, destaque para a divulgação da ata do FOMC na quarta-feira e para os dados de confiança (PMI) dos EUA e da Zona do Euro. Além disso, a China deve anunciar o pacote fiscal no Congresso Anual do Partido Comunista.

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