Enfoque Macro – Bradesco Asset

ENFOQUE MACRO08 de dezembro de 2023

 

 

BRASIL: Surpresa positiva com o resultado do PIB no terceiro trimestre

 

MUNDO: Mercado de trabalho nos EUA segue resiliente

 

 

EVENTOS DA SEMANA

 

Os dados de mercado de trabalho nos Estados Unidos foram o destaque da agenda global. Foram abertas 199 mil vagas no mês passado, acima das expectativas do mercado. Além disso, os salários mostraram forte elevação na margem de 0,4% e taxa de desemprego recuou de 3,9% para 3,7%. Com isso, os ativos de renda fixa voltaram a mostrar maior volatilidade nos Estados Unidos, com abertura nos principais vértices das curvas de juros do país. De certa forma, esses dados reforçam nossa visão de que a economia americana não passará por um processo de recessão em 2024. E diante da perspectiva de um hiato mais apertado, com menor taxa de desemprego e o processo de desinflação lenta, acreditamos que o Fed manterá a taxa de juros no patamar atual até o 4º trimestre do próximo ano. Na semana que vem, além da decisão de juros dos EUA, teremos as reuniões do Banco Central Europeu e do Banco da Inglaterra, que trarão mais informações sobre a condução da política monetária nos países desenvolvidos em 2024. No Brasil, o destaque desta semana ficou para alta do PIB de 0,1% terceiro trimestre de 2023. Na comparação interanual, a economia brasileira registrou expansão de 2,0%, acima da nossa projeção e da mediana do mercado (1,8%), com as principais surpresas vindas do setor de serviços. Com o resultado superior do PIB, calibramos nossa projeção de crescimento para este ano, de 2,7% para 2,8%, embora ainda esperemos variação negativa no 4º trimestre deste ano.

Desempenho de serviços explicou a surpresa positiva com o resultado do PIB no 3º trimestre, que cresceu 0,1%. Na comparação contra o mesmo período do ano anterior, houve expansão de 2,0%, acima de nossa projeção e da mediana do mercado (1,8%). Pela ótica da oferta, a principal contribuição negativa veio da agropecuária, com queda de 3,3% no trimestre, após a alta expressiva do primeiro semestre puxada pelas safras recorde de soja e milho. A indústria cresceu 0,6% na margem, com maior contribuição positiva de energia, gás e, água (3,6%), que compensou a queda da construção civil (-3,8%). O setor de serviços registrou crescimento de 0,6%, com maiores contribuições de atividades imobiliárias e aluguéis (1,3%) e intermediação financeira (1,3%). A única atividade de serviços a apresentar queda foi transportes (-0,9%), influenciada negativamente pelo segmento de passageiros. Nossa medida de PIB Cíclico, que exclui setores menos sensíveis à política monetária, teve alta de 0,3%. Pela ótica da demanda, os maiores destaques novamente foram o consumo das famílias (1,1%), refletindo o maior consumo de serviços, e a contribuição positiva do setor externo, com alta de 3,0% das exportações, escoando parte da safra agrícola, e queda de 2,1% das importações. No entanto, houve queda de 2,5% do investimento, impactado tanto por máquinas como pela construção civil. Com o resultado superior do PIB, revisamos nossa projeção de crescimento neste ano para 2,8%. Ainda assim, mantemos a expectativa de retração no 4º trimestre deste ano.

Resultado de transações correntes de outubro reforça cenário favorável de contas externas no país. As transações correntes registraram déficit de US$ 230 milhões no mês, ante déficit de US$ 5,8 bilhões no mesmo período do ano passado. No acumulado em 12 meses, o déficit soma US$ 34,0 bilhões (1,6% do PIB), inferior ao registro de 1,9% do PIB em setembro, em linha com nossa expectativa de um déficit de conta corrente de 1,5% do PIB para 2023. A melhora do saldo em conta corrente na comparação interanual decorreu principalmente do saldo comercial mais elevado, que registrou novo recorde no acumulado em 12 meses em toda a série histórica divulgada pelo Banco Central, e pela conta de renda primária, com menor remessa de lucros e dividendos. Por outro lado, o investimento direto no país (IDP),  atingiu a marca de US$ 3,3 bilhões em ingressos líquidos, ante US$ 5,8 bilhões em outubro de 2022, devido menor investimento intercompanhia. No acumulado em 12 meses, o IDP totalizou US$ 57,5 bilhões (2,9% do PIB), abaixo do pico registrado de US$ 90,0 bilhões em janeiro deste ano (4,5% do PIB). Mesmo com essa desaceleração, o saldo é mais do que suficiente para compensar o déficit nas transações correntes.

Tendência de desaceleração do crédito continuou em outubro. De acordo com os dados do Banco Central, o crescimento interanual do saldo total de crédito passou de 8,2% para 7,3%, resultado da desaceleração tanto do crédito livre como direcionado. Além desse resultado mais fraco para o estoque, o desempenho dos novos empréstimos também apresentou moderação. A média diária das concessões de crédito livre com ajuste sazonal apresentou queda de 1,7% na margem para pessoa física, em virtude das quedas em cartão de crédito à vista e parcelado, e de 9,2% para as empresas. Por fim, a inadimplência total recuou 0,1 p.p. no mês, atingindo 3,4%. Na carteira de recursos livres, houve estabilidade em 5,9% das famílias e avanço de 3,4% para 3,5% das empresas. Desde junho do ano passado, observa-se alta de 1,8 p.p. da inadimplência de pessoas jurídicas e de 0,7 p.p. da inadimplência das pessoas físicas. Mesmo com a queda da inadimplência das famílias, esperamos continuidade da desaceleração dos empréstimos nos próximos meses por conta do alto comprometimento de renda com pagamento de dívidas.

Mercado de trabalho nos EUA continua resiliente. Após a redução na abertura de vagas em outubro (150 mil), novembro contou com a criação de 199 mil vagas, acima da expectativa do mercado (185 mil). Entre os setores, destacamos o desempenho positivo dos setores de lazer e indústria, ao mesmo tempo em que houve destruição de postos no varejo. A média móvel dos últimos três meses voltou a avançar, passando de 192 mil para 204 mil. No mesmo sentido, com o avanço da ocupação, a taxa de desemprego cedeu 0,2 ponto percentual, chegando a 3,7% após a marca de 3,9% na última leitura. Já os ganhos salariais aceleraram de 0,2% para 0,4% entre outubro e novembro, com variação de 4% em termos anuais. O mercado de trabalho segue apertado, compatível com a nossa expectativa de manutenção das condições monetárias restritivas por um período prolongado.

Frustração com o desempenho das importações em novembro indica que a demanda chinesa continua fraca. As exportações aumentaram 0,5% na comparação interanual, próximo da expectativa de estabilidade, puxadas por produtos ligados aos setores de tecnologia e mobiliário e eletrodomésticos. Por outro lado, as importações registraram queda de 0,6% em relação a novembro de 2022, resultado consideravelmente inferior à mediana do mercado (alta de 3,9%). Com isso, no acumulado no ano, as exportações e importações recuaram 5,5% e 6,1%, respectivamente, o que reforça os desafios para a economia chinesa. Nesse cenário, entendemos que a economia chinesa continuará contando com mais estímulos – voltados à infraestrutura e ao setor imobiliário, principalmente – para evitar uma desaceleração mais pronunciada.

Resultado do índice PMI aponta para relativa estabilidade da economia global em novembro, após moderação acumulada nos meses anteriores, tanto de serviços como da manufatura. O PMI Composto global avançou ligeiramente entre outubro e o último mês, passando da marca neutra de 50,0 pontos para 50,4. Para tanto, os índices de serviços e o industrial subiram de 50,4 para 50,6, e de 48,8 para 49,3 pontos, nessa ordem. Destacamos o resultado dos Estados Unidos, cujo índice composto ficou estável em 50,7 pontos. Na Área do Euro, por sua vez, o PMI composto mostrou leve alta de 47,1 pontos para 47,6, apesar continuar abaixo dos 50 pontos, refletindo o desempenho fraco da atividade econômica na região recentemente.

 

NA PRÓXIMA SEMANA

Decisões de política monetária concentrarão as atenções dos mercados na semana que vem. No Brasil, além da expectativa do corte de 0,5 pb da Selic, teremos dados de atividade de outubro e o IPCA de novembro. Na agenda externa, foco na reunião do Fed na 4af, seguida pelo BCE e BoE na 5af.

 

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