Em meio à pandemia, país tem deflação de 0,31% abril, menor índice em 22 anos

Em meio à pandemia, país tem deflação de 0,31% abril, menor índice em 22 anos

Trata-se da menor variação mensal desde agosto de 1998 e do primeiro recuo do IPCA desde setembro do ano passado. Preço dos combustíveis caiu 9,59% no mês.O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, recuou 0,31% em abril, depois de ter registrado uma taxa de 0,07% em março, em meio a queda dos preços dos combustíveis e tombo da atividade econômica, segundo divulgou nesta sexta-feira (8) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).O resultado é a menor variação mensal desde agosto de 1998, quando chegou a -0,51%. Trata-se também da primeira deflação registrada no país desde setembro do ano passado, quando o IPCA ficou em -0,04%.No ano, o IPCA acumula alta de 0,22% e, nos últimos doze meses, de 2,40%, bem abaixo dos 3,30% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. O centro da meta de inflação para este ano é de 4%.

O que explica a deflação

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram deflação em abril. Ou seja, os preços caíram.Segundo o IBGE, o resultado do IPCA foi influenciado principalmente pela queda de 9,59% no preço dos combustíveis. A gasolina recuou 9,31% em abril e representou o maior impacto individual negativo no índice geral (-0,47 ponto percentual).”O resultado de abril foi muito influenciado pela série de reduções nos preços dos combustíveis, principalmente da gasolina, que caiu bastante e puxou o índice para baixo”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. No período de coleta, houve dois anúncios de diminuição no preço da gasolina nas refinarias: no dia 28 de março, de 5%, e no dia 20 de abril, de 8%.Os preços internacionais do petróleo desabaram em abril em meio a queda da demanda e tombo da atividade econômica no mundo todo.Nesta quinta-feira, a Petrobras elevou em 12% os preços da gasolina nas refinarias.

Preço dos alimentos segue aumentando

Apesar da deflação em abril, os preços do grupo alimentação e bebidas (1,79%) continuaram a subir e a taxa de alta acelerou em relação ao resultado do mês anterior (1,13%). A alimentação no domicílio passou de 1,40% em março para 2,24% em abril, com destaque para as altas da cebola (34,83%), da batata-inglesa (22,81%), do feijão-carioca (17,29%) e do leite longa vida (9,59%). Já as carnes (-2,01%) apresentaram queda pelo quarto mês consecutivo.”Há uma relação da restrição de oferta, natural nos primeiros meses do ano, e do aumento da demanda provocado pela pandemia de Covid-19, com as pessoas indo mais ao mercado, cozinhando mais em casa”, explicou Kislanov.

O que caiu e o que subiu

Veja a inflação de março por grupos e o impacto de cada um no índice geral:

  • Alimentação e bebidas: 1,79% (0,35 ponto percentual)
  • Habitação: -0,10% (-0,02 p.p.)
  • Artigos de residência: -1,37% (-0,05 p.p.)
  • Vestuário: 0,10% (0 p.p.)
  • Transportes: -2,66% (-0,54 p.p.)
  • Saúde e cuidados pessoais: -0,22% (-0,03 p.p.)
  • Despesas pessoais: -0,14% (-0,01 p.p.)
  • Educação: zero (0 p.p.)
  • Comunicação: -0,20% (-0,01 p.p.)

    Perspectivas e meta de inflação

  • A meta central do governo para a inflação em 2020 é de 4%, e o intervalo de tolerância varia de 2,5% a 5,5%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou corta a taxa básica de juros da economia (Selic), que foi reduzida nesta semana para 3% – nova mínima histórica.A expectativa de inflação do mercado para este ano segue bem abaixo do piso da meta. Os analistas das instituições financeiras reduziram a projeção de inflação para 1,97% em 2020, conforme aponta a última pesquisa Focus do Banco Central. Foi a oitava redução seguida do indicador em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado a economia brasileira e mundial, e colocado o mundo no caminho de uma recessão.,O mercado passou a projetar retração de 3,76% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020. Já o FMI prevê queda de 5,3% do PIB do Brasil neste ano.

    Inflação por regiões do país

  • Regionalmente, 14 das 16 áreas pesquisadas tiveram deflação em abril. O menor índice foi o da região metropolitana de Curitiba (-1,16%). Já o maior resultado foi registrado na região metropolitana do Rio de Janeiro (0,18%), em função das altas nos preços das passagens aéreas (15,83%) e da energia elétrica (1,33%).

    INPC varia -0,23% em abril

  • O IBGE divulgou também o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referente às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos e que serve de referência para reajustes salariais.O indicador apresentou variação de -0,23%, enquanto em março havia registrado 0,18%. Foi o menor resultado para um mês de abril desde o início do Plano Real. A variação acumulada no ano foi de 0,31% e, nos últimos doze meses, o índice apresentou alta de 2,46%, abaixo dos 3,31% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.

    Coleta à distância

  • Em virtude do quadro de emergência de saúde pública causado pela Covid-19, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março, a coleta presencial de preços nos locais de compra. Os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas realizadas em sites de internet, por telefone ou por e-mail.Segundo o IBGE, para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 31 de março a 29 de abril de 2020 com os preços vigentes no período de 3 a 30 de março de 2020.

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