Após coronavírus, OCDE reduz projeção para PIB global, que deve ter menor expansão desde 2009

Após coronavírus, OCDE reduz projeção para PIB global, que deve ter menor expansão desde 2009

Relatório reduz projeção da economia mundial, de 2,9% para 2,4%, mas mantém estimativa para PIB brasileiro em 1,7%

RIO — Os efeitos da epidemia de coronavírus em todo o mundo fez com que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduzisse a previsão de crescimento da economia mundial para 2020 em 0,5 ponto percentual, passando a projetar uma expansão de 2,4% para o PIB global. Em novembro, a estimativa era de 2,9%. Para o Brasil, a previsão foi mantida em1,7%, mas o governo já estima impacto em 2020.As novas previsões, divulgadas nesta segunda-feira pela OCDE, consideram como cenário o pico de contágio pela gripe na China no primeiro trimestre deste ano e, em outros países, uma “expansão moderada e contida” do Covid-19.

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Se concretizado, será o crescimento mais fraco em uma década, com impacto maior que o Sars, doença também causada por um coronavírus que retirou cerca de 0,4 ponto percentual do crescimento global em 2002.

Em um cenário mais pessimista e pandêmico, com o surto mais intenso e espalhado amplamente por toda a região Ásia-Pacífico, Europa e América do Norte  a OCDE estima que o PIB global pode cair para 1,5%, metade da taxa projetada antes do surto. Com isso, países da Zona do Euro, como Itália, Alemanha e França, além do Japão poderiam entrar em recessão.

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Segundo a instituição mundial, conhecida como “o clube dos países ricos”, o impacto na confiança do mercado financeiro, os efeitos das interrupção das viagens e do fornecimento de suprimento nas cadeias produtivas contribuem para revisão em baixa em praticamente todas as economias, em particular a China, Japão, Coréia e Austrália.O relatório narra que já há uma demanda final mais fraca por bens e serviços importados, além de declínios no turismo internacional e nas viagens de negócios.Dados divulgados na semana passada mostram que o resultado da atividade indústrial na China já chega a ser pior do que os sentidos para o setor durante a crise financeira global de 2008.Coronavírus:empresas no Brasil suspendem viagens e põem funcionários em quarentena

Efeito prolongado

Segundo o estudo, mesmo que o pico do surto seja de curta duração, com uma recuperação gradual da produção e da demanda nos próximos meses, ainda exercerá um impacto substancial sobre o crescimento global, já em desaceleração.

Dos 19 países acompanhados pelo estudo, apenas Brasil e Arábia Saudita não tiveram a redução de PIB reduzida na edição de março. As perspectivas para a China, por exemplo, foram revisadas para 4,9%, ante 5,7% em novembro. Já a economia da Itália, origem da contaminação dos dois casos confirmados no Brasil, deverá terminar o ano com a economia estagnada.

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Com o impacto global, o crescimento negativo mundial deverá se concretizar no primeiro trimestre deste ano, segundo a OCDE. Uma recuperação só deverá ser sentida a partir de abril, caso o cenário mais otimista se confirme.

A instituição internacional destaca que os governos não devem medir esforços para conter o vírus, citando a necessidade de gastos adicionais em saúde. Também é elencada a necessidade de medidas para amortecer os efeitos adversos do surto em grupos sociais mais vulneráveis, como transferências e benefícios.

Para a OCDE, as políticas macroeconômicas “incitadoras” podem ajudar a restaurar a confiança e a demanda global, como uma flexibilização por meio de estímulos fiscais e cortes nas taxas de  juros.

Trata-se de alternativas que já eram sugeridas antes da crise do coronavírus, por conta de desaceleração global em curso, mas que seguem reiteradas no relatório, agora para amenizar o impacto da queda na oferta e na demanda da economia por conta do problema de saúde.

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No domingo, o ministro da Economia da Itália, Roberto Gualtieri, anunciou a injeção de € 3,6 bilhões (R$ 17,8 bilhões), o equivalente a a 0,2% do PIB do país, para mitigar os efeitos econômicos  do surto no país.

No entanto, no caso do Brasil, em virtude do elevado déficit orçamentário, o relatório cita que a recuperação econômica exigirá um impacto positivo das reformas e apoio à política monetária, caso a inflação diminua. Medidas estruturais que aumentem a confiança dos investidores também são citadas como alternativas a serem adotadas domesticamente.

“Políticas macroeconômicas de apoio podem ajudar a restaurar a confiança e ajudar na recuperação da demanda à medida que os surtos de vírus diminuem, mas não podem compensar as interrupções imediatas que resultam da aplicação forçada paradas e restrições de viagem”, ressalta a instituição.

Caso os efeitos do surto de vírus desapareçam, como esperado, o impacto na confiança e das políticas de estímulo adotadas economias podem ajudar o crescimento global do PIB se recuperar, atingindo 3% em 2021, segundo estimativa da OCDE. Para isso, outros riscos, como a guerra comercial e uma acentuada desaceleração chinesa, teriam que estar contidos.

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